Daniele Milione Daniele Milione 6/08/2016

Mitos e verdades sobre a castração

O crescente número de animais domésticos tornou-se um problema no país. Com isso, a forma mais eficaz para o controle populacional tem sido a castração. Na maioria dos casos, esses animais são mantidos nas residências dos brasileiros e a expectativa é de que esse número aumente, cada vez mais. Essa rápida proliferação vem trazendo grande preocupação porque a gestação é relativamente curta e, normalmente, nascem um número considerável de filhotes, além dos abandonos de animais.

A maturidade sexual do animal pode ser atingida a partir dos seis meses de idade, levando, então, a necessidade de desenvolvimentos de técnicas para controle populacional. Em 1798, Thomas Malthus, conhecido como o pai da demografia, já alertava sobre procedimentos de esterilização precoce dos animais de estimação, evitando sua proliferação acentuada.

Portanto, vamos aos prós e contras deste polêmico assunto, que tem grande importância nos dias atuais.

Incontinência urinária

É uma complicação observada, principalmente, em cadelas submetidas à OSH (termo usado para se designar ovario salpingo histerectomia) ou ovariectomia. Mesmo não havendo comprovação de que este problema esteja ligado à castração, observou-se que a incontinência estrógeno dependente é aumentada em cadelas castradas.

Obesidade

Cadelas castradas são duas vezes mais propensas a ganharem peso do que as não castradas. Isso ocorre devido à diminuição de atividade física, então se oferecermos alimentos balanceados, como os light ou rações específicas para animais castrados, fica mais fácil de controlar.

Cistite

Alguns estudos demonstram que este problema é mais comum em cadelas castradas precocemente e em gatos castrados já em idade adulta.

Obstrução urinária

Estudos realizados com gatos castrados precocemente, no período convencional e sem castrar, verificaram que não há diferença no diâmetro da uretra dos gatos castrados (independente da idade de castração).

Tumores adrenais

Existe uma predisposição nas raças de cães como Poodles, Dachshunds, Boston Terriers e Boxers, ao desenvolvimento de tumores destas glândulas após a castração, entretanto, pode ocorrer em qualquer raça.

Neoplasias e tumores

A redução de neoplasias de ovários, útero (assim como Piometra, onde ocorrem infecções no útero) e testículos, com certeza seria de grande valia, visto que se retiram estes órgãos e isso não interfere na idade que é feita a castração.

É importante destacar que a castração não somente previne o aumento do número de cães e gatos, como também previne em 95% as chances das cadelas terem tumores de mama quando a castração é feita antes do primeiro cio. Em gatas, este índice pode ser maior, chegando a 98%.

Nos felinos, ainda temos uma questão importante em relação às doenças como FIV (vírus da imunodeficiência felina) e FeLVE (vírus da leucemia felina), doenças que não têm cura nem tratamentos eficazes. A agressividade dos animais também diminui, ou até mesmo cessam, com a castração.

Em resumo, é de inteira responsabilidade do tutor assegurar o direito do animal estar seguro, alimentado, devidamente protegido de doenças infectocontagiosas e ou parasitárias. Sendo assim, a castração é uma das medidas a serem adotadas, visado a diminuição de contágio e possíveis manifestações de doenças, muitas delas sem cura ou tratamento específico.

Alguma dúvida ou sugestão? Entre em contato comigo. Até a próxima.


Daniele Ferreira Milione é médica Veterinária. Graduada na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2005). Pós Graduada pelo Quallitas : (2009 em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais) e Univiçosa (2013 em Cirurgia de Pequenos Animais).

Os autores dos artigos assumem inteira responsabilidade pelo conteúdo dos textos de sua autoria. A opinião dos autores não necessariamente expressa a linha editorial e a visão do Portal ACESSA.com

ACESSA.com - Mitos e verdades sobre a castra??o