Entenda como evitar o câncer de mama em cães e gatos

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Daniele Milione 8/04/2016

Entenda como evitar o câncer de mama em cães e gatos

Bom pessoal, neste mês falarei de uma patologia muito conhecida de vocês, o tumor mamário em cadelas e gatas. Como sabemos, nossos cães e gatos estão vivendo mais, envelhecendo e com isso a incidência desta patologia vem aumentando. Primeiramente, falarei do curso desta neoplasia, de como podemos prevenir, e depois, de como tratar.

Sabemos que os cães e gatos tem glândulas mamárias e que as fêmeas são mais acometidas que os machos.
Tumores são neoplasias, podendo ser malignas ou benignas. Vamos a algumas definições: Tumor (neoplasia) é um termo usado para designar uma proliferação celular anormal, excessiva e descoordenada, que não cessa quando o estímulo inicial termina.

A palavra "tumor" vem do latim - tumor, que significa inchaço. A origem do tumor é multifatorial, com influência de fatores genéticos e/ou ambientais. Independentemente das causas, o tumor caracteriza-se pela perda da capacidade das células de controlar de forma adequada sua proliferação e diferenciação. Podem ser classificados em benignos e malignos.

Os tumores benignos normalmente estão localizados em uma única massa tumoral, circunscrita por cápsula ou tecidos adjacentes comprimidos, manifestando-se por meio de ocupação de espaço e compressão. Não apresentam risco de metástase (disseminação e crescimento das células tumorais em locais distantes da sua origem) e, quando removidos cirurgicamente, não voltam a surgir.

Os tumores malignos podem se disseminar para outros órgãos (metástase) e destroem tecidos adjacentes, levando à morte do indivíduo.

O tumor maligno também é chamado de "câncer", que significa "caranguejo" em latim. A razão para este nome pode estar relacionada ao fato do caranguejo prender-se de forma obstinada ao hospedeiro ou à semelhança visual do tumor com o mesmo.

Em estudos mais recentes temos visto que os tumores são de maior prevalência em cadelas idosas, após 7,5 anos, sendo que quanto mais cedo diagnosticados menores são as chances deste se tornarem malignos. Sabe-se também que a porcentagem de malignidade se torna muito mais alta do que a de benignidade quanto mais tardiamente diagnosticado e for feita a retirada destes.

Vale ressaltar e destacar aqui a importância de não se fazer uso de contraceptivos em cadelas e gatas, pois estes aumentam em 100% as chances destes animais terem tumores. Portando o melhor método de se precaver dos cios das fêmeas será a castração e nunca, jamais, usar contraceptivos!

Deve-se ao menos uma vez por mês tocar as tetas de suas cadelinhas, para que, uma vez adquirido o hábito de sempre tocar, tonar-se mais fácil a percepção do proprietário a qualquer aparecimento de nódulos. O dono também pode criar rotina de levar seu pet a consultas rotineiras com um médico veterinário ao menos duas vezes ao ano. Uma vez diagnosticado o tumor, deve-se retirá-lo cirurgicamente o quanto antes, para que o mesmo não cresça o suficiente para romper a resistência da pele e ulcerar (abrir feridas na pele). Com a formação da úlcera, o quadro clínico deste animal pode piorar gerando muita dor, além do risco de moscas fazerem posturas e levar a miiase (larvas de moscas) no tecido em questão, agravando o estado do animal.

É importante fazer a retirada do tumor o mais rápido que possível, evitando transtornos de dores, desconfortos, perda de apetite, prostrações, emagrecimentos, ulcerações e miiases, além de evitar que o tumor se espalhe por outros órgãos, piorando o estado clínico do paciente.

Por último, a castração é um dos métodos de prevenção mais eficazes, visto que castrando as fêmeas antes do primeiro cio, como mostra este estudo, se diminui as chances de tumores de mama.

"O índice de risco de desenvolvimento de neoplasmas mamários varia entre cadelas castradas e não-castradas e depende ainda da fase em que a castração é efetuada (Fonseca & Daleck 2000). A ovário-histerectomia (OH) realizada antes do primeiro estro reduz o risco de desenvolvimento de neoplasmas mamários para 0,5%; este risco aumenta significativamente nas fêmeas esterilizadas após o primeiro (8,0%) e o segundo (26%) ciclos estrais (Rutteman et al. 2001). O efeito protetor conferido pela castração desaparece se a mesma for realizada após os dois anos e meio de idade, ou após o terceiro ciclo estral, quando nenhum efeito é obtido pela OH (Fonseca & Daleck 2000)"

Fonte: José C. Oliveira FilhoI; Glaucia D. KommersII; Eduardo K. MasudaI; Brenda M.F.P.P. MarquesIII; Rafael A. FigheraII; Luiz F. IrigoyenII; Claudio S.L. BarrosII
IPrograma de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, área de concentração em Patologia Veterinária, Centro de Ciências Rurais (CCR), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS 97105-900, Brasil
IIDepartamento de Patologia, UFSM, Av. Roraima 1000, Camobi, Santa Maria, RS 97105-900, Autor para correspondência: glaukommers@yahoo.com
IIIBolsista PIBIC/CNPq/UFSM (2005).


Daniele Ferreira Milione é médica Veterinária. Graduada na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2005). Pós Graduada pelo Quallitas : (2009 em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais) e Univiçosa (2013 em Cirurgia de Pequenos Animais).

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