Enredos criativos

Rep?rter: S?lvia Zoche
Edi??o: Ludmila Gusman
Designer: L?via Mattos

Clique para ver a galeria de fotos com alguns desenhos de fantasias da Real Grandeza. Clique tamb?m para assistir ao v?deo com o depoimento de J?lio Meurer e no outro v?deo, de Paulo Berberick e Diom?rio de Deus Veja! Assista! Assista!

S?o plumas, paet?s, centenas de pessoas desfilando, carros aleg?ricos e muito, muito brilho na avenida. O p?blico s? delira e, ?s vezes, critica! O que muita gente n?o sabe ? o trabalho que d? pra colocar a escola na rua. O suor come?a quase um ano antes da festa come?ar. O primeiro passo ? a escolha do enredo, a espinha dorsal para constru??o do samba, das fantasias e alegorias. Os carnavalescos escolhem o tema, pesquisam, montam uma sinopse e levam para aprova??o da diretoria. Normalmente, a id?ia surge da troca de id?ias entre carnavalescos, figurinistas e respons?veis pela alegoria. Por isso, a sintonia entre as pessoas ? essencial.

Para o carnavalesco da Escola de Samba Real Grandeza, J?lio Meurer (foto ao lado), ele e L?o Barroso, figurinista, foram muito felizes na escolha do enredo Vale a pena sonhar, h? 100 anos voa o mais pesado que o ar. "Foi em mar?o do ano passado. ? um tema atual e foi algo que bateu de imediato", diz.

Em seguida, partiram para pesquisa e visitaram o museu de Cabangu, em Santos Dumont. "Olhamos arquivos, documentos originais, inclusive fizemos uma c?pia da foto original do dirig?vel de Santos Dumont dando a volta na Torre [Eiffel]", lembra.

Com a hist?ria em m?os, ? preciso montar uma sinopse. "Assim que foi aprovada, enviamos para nove compositores. Foi dif?cil escolher o samba-enredo. Chamamos para o j?ri, inclusive, o prefeito de Santos Dumont e a M?nica, do Museu de Cabangu", diz Meurer.

Os desenhos das roupas e das alegorias tamb?m come?am a ser produzidos, j? a confec??o... Isso fica pra mais tarde, mas n?o porque ningu?m queira. Segundo Meurer, o problema ? que as escolas de samba ficam esperando a prefeitura repassar os recursos e n?o tentam arrecadar fundos durante o ano. "A falta de recursos ? o que mais complica a execu??o dos rtabalhos. ? claro que as escolas deviam fazer mais festas para conseguir capital, mas a prefeitura poderia liberar os recursos mais cedo. Mesmo sendo uma boa quantidade, eles liberaram somente em 1? de fevereiro deste ano", argumenta.

Os pilotos de cada fantasia das 12 alas, s? conseguiram produzir em novembro do ano passado. Ainda tem o da baetria, das baianas, da comiss?o de frente, passistas, harmonia, diretoria, sem contar a produ??o dos seis carros aleg?ricos. No total, a escola possui, em m?dia, 900 componentes.

Assim relata, tamb?m, o carnavalesco da escola de samba Turunas do Riachuelo, Diom?rio de Deus. "Os desenhos dos figurisno foram feitos em junho, dos destaques, em setembro. Em novembro, terminei os prot?tipos, para depois passar para a produ??o geral. Tem, mais ou menos, mil componentes", diz o carnavalesco. Em dezembro, a alas come?aram a ser confeccionadas - at? o dia do desfile, devem totalizar 16 - e o carros aleg?ricos est?o em fase de acabamento.

Mudan?a de planos
O carnavalesco Diom?rio conta que o enredo da Turunas do Riachuelo era outro: 5? elemento. "Mas fica caro demais. N?o d? pra fazer este tema t?o cedo. Quando se cria um enredo, ? preciso pensar de acordo com o custo da escola", afirma. A id?ia do tema ?pera negra surgiu de diversos materiais que leu e assistiu, mas nada disso foi premeditado, segundo ele.

Primeiro, foi ao assistir a um desfile que Jo?zinho 30 disse que o carnaval se compara a uma grande ?pera. Depois, ele leu um livro com um t?tulo tamb?m inspirador: Tr?ia Negra. E pra completar,estava acompanhando a novela Chica da Silva.

Diom?rio junto com sua equipe, inclusive o respons?vel pelas alegorias, Paulo Berberick, come?aram a montar a sinopse em tr?s atos, como em um teatro. No primeiro ato, ser? apresentada a Chica da Silva; no segundo, Chico Rei; e o terceiro, o Zumbi. "A inten??o ? mostrar como os negros eram guerreiros, fortes, apesar de tudo que eles passaram",fala Diom?rio. E Paulo completa. "Chega de achar que o negro era coitadinho. Ele tinha poder e soube usar. A Chica usou sua sensualidade para se tornar 'rainha'. Chico Rei usou da esperteza e o Zumbi, a arte da guerra".

S?o vis?es hist?ricas, concretas, que precisaram de muito estudo e pesquisa para que a sinopse pudesse ficar bem explicada para passar para diretoria e depois para os compositores. "? neces?rio saber o tempo e o espa?o que os personagens viveram e como era a ?poca. Com isso, conseguimos passar o que quer?amos. N?a foi ? toa que o samba-enredo escolhido foi muito feliz e se encaixa perfeitamente com a id?ia dos tr?s atos", comenta Paulo.

Outro detalhe importante apontado por eles, ? fazer uma conex?o das cores da escola com as cores desejadas na avenida. "As cores com a luz da avenida modificam. O azul marinho, por exemplo, fica roxo. Quem usa muito vermelho na avenida vai cansar o p?blico. O Salgueiro usa muito mais o branco do que o vermelho, porque sabe disso. Os anos de experi?ncia ? que mostram isso pra gente", diz Paulo.

Mesmo com tanto trabalho, o que conta para aqueles que trabalham pra colocar a escola na avenida, ? o trabalho em equipe. "N?s costuramos as id?ias e temos uma sintonia legal. Lutamos pelos ideais da escola", conclui Paulo.

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