Luiz Henrique Duarte Luiz Henrique Duarte 17/06/2016

Mostra retrata Maria Antonieta: a última rainha da França

A arte pode ser expressa de diversas formas e maneiras, remetendo a um contexto cultural e histórico, independente do espaço ou do tempo que a consolidou. Há fatos marcantes, retratados no prelúdio da poesia, em decorrência de sua contribuição, para o entendimento social e político de uma época, de um estado, país ou nação, narrando a trajetória de personagens, que hoje, tornaram-se ícones e referências, através de seus hábitos e costumes, comportamento e atitudes. As "paredes da memória", são devastadas categoricamente, com a sutileza de um soneto, ou a melodia de um acorde musical, para uma viagem simbólica ao tempo, onde as esculturas em ferro, de um dos nomes mais expressivos da arte contemporânea brasileira, o artista plástico Yure Mendes, retratam Maria Antonieta: A Última Rainha da França.

A saudosa filha do Sacro Imperador Romano-Germânico, Francisco I e da Imperatriz Maria Tereza da Áustria, casou-se novíssima, como era costume naquele tempo, aos quatorze anos de idade, em Abril de 1770, onde o seu marido, subiria ao trono em Maio de 1774, com o nobre título de Luís XVI.

Um nome, que sempre causou, e ainda causa, curiosidades e remete a comentários, por profissionais da arquitetura, do design e da moda, filósofos e historiadores, Maria Antonia Josefa Johanna Von Habsburg Lothringen ou simplesmente Marie Antoinette, é reconhecida em todo o mundo, e lembrada de diversas formas. Antoinette, recebia olhares impiedosos, de toda a corte francesa, onde era literalmente acusada pelo povo, chamando-a de perdulária e promíscua. Os seus interesses, austríacos, eram sempre atendidos, pelo então marido. Ela representava o símbolo máximo da arrogância e insensatez, da Monarquia Francesa. Para outros, era admirada como uma Mártir. Atualmente, historiadores tentam centralizar uma imagem mais equilibrada desta nobríssima rainha.

Através de um olhar artístico, que irradia detalhes riquíssimos, o artista plástico Yure Mendes, foi de uma precisão sincronizada, em retratar em nove esculturas, expostas na Galeria Cultural, do Instituto Granbery da Igreja Metodista, em Juiz de Fora, detalhes expressivos e minuciosos, da vida de Maria Antonieta, com suas mãos altamente habilidosas. A paleta de cores utilizada, em seu trabalho escultural, é surpreendente e muito contagiante, com tons agradáveis aos olhos, retratando toda a riqueza de uma época, em uma harmonia suprema de combinações, envolvendo o mobiliário e a arquitetura estética, integrando em igualdade todo o conjunto de sua obra, narrada em em forma de arte.

Para o entendimento dos apreciadores da boa arte, e do público em geral, o artista retratou alguns momentos da vida de Maria Antonieta, através dos acontecimentos mais importantes, promovendo uma viagem ao tempo, sem horas para voltar ao presente.

Na escultura " Solidão em Versallhes ", Maria Antonieta está retratada sobre um grande tapete, em um dos ambientes do palácio, como uma criança jogada aos lobos, nesta luxuosa corte, com todas as suas impetuosas calúnias e protocolos. Rejeitada pelo marido, e criticada pela corte, além de ser cobrada pela mãe, fomentando o sentimento de estranhamento e solidão da jovem. O destaque é o vestido branco, pontuando um casamento não consumado.

Além de uma corte tão rígida, o marido a presenteia com o " Pétit Trianon ", seu único refúgio, para os momentos felizes, ou talvez a vida que ela gostaria de ter. Talvez, um capricho de uma mulher mimada, mas ali, ela quebrava todos os protocolos, " ela vestia de camponesa, fazia teatro, levava algumas pessoas e praticava jardinagem ", explica Yure.

As festas, as jogatinas, e as diversões escandalosamente comentadas e questionadas, além dos bailes de máscaras em Paris, os vestidos e os pretensiosos diamantes, são retratados em "Quem é essa Dama", ma qual suas atitudes avassaladoras eram alvo de total repúdio. O luxo e o glamour, são evidentes nos penteados, através de sua perucaria, confeccionadas por Leonard, com os colossais apliques. Seus trajes, eram encomendados da modista Rose Bertin. O vestido branco afirma o casamento ainda não consumado.

Seu casamento foi tardiamente consumado, no mais amplo sentido da palavra, no qual " O começo do fim ", retrata a maternidade de Maria Antonieta, e um forte motivo para inflamar o ódio entre os dois irmãos do Rei, que sonhavam em ter o direto ao trono. Essa escultura remete a uma releitura de uma tela encomendada pelo seu marido, em um momento de baixa popularidade da família real. Quando a pintura estava quase finalizada o bebê morreu, e o autor da obra, retocou o quadro, deixando o carrinho vazio. O vestido, já está com outro detalhe nas cores.

Em um momento em que a Rainha Maria Antonieta representava o exagero de uma corte, e achando que o mundo girava em torno de si, o povo passava fome, devido aos excessivos gastos praticado por ela, aumento o ódio de todos, onde é retratada esplêndida, na escultura " Que comam o bolo", uma frase que obteve grande efeito na sua popularidade.

Entretanto, o realismo desta mulher, que marcou o mundo, pode ainda ser apreciado e visto na escultura " Bode Expiatório ", que foi atribuída a ela a compra de um colar de diamantes, em que a própria sequer tinha o conhecimento, tornando-se um escândalo que contribuiu para a Revolução Francesa. As  esculturas " Coroação " e " Espera do Fim ", retratam cenas marcantes de sua doce, sublime e trágica decadência.

Sem sombra de dúvidas, Antoinette, era uma mulher que deixou um legado rico e categoricamente questionável, de uma personalidade extrema e forte. " Eu tenho uma admiração por mulheres fortes, Maria Antonieta, notavelmente, é uma das mulheres mais importantes do século XVIII, não sei se é pela força ou transgressão que ela precisava ter. Acho muito bacana uma mulher do século XVIII, conseguir marcar o mundo para a eternidade ", contempla Yure.

É importante e notório, afirmar que Maria Antonieta, era o exemplo máximo de uma época, o maior símbolo do Estilo Rococó. À moda, foi a sua grande arma pra firmar-se na corte e manter-se no topo, tornando-se a " Rainha da Moda ", retratada nesta escultura que revela uma rainha coquete, elegante e frívola, que causou " frisson " em todos os salões, orquestrados de pompa e circunstância. O seu glamour, está eternizado na memória da realeza, no coração de quem a queria bem, e na notável lembrança dos súbditos, que foram simples mortais e passaram desapercebidos, na réplica do inconsciente coletivo.

A característica principal, de todo o riquíssimo conteúdo, desta exposição artística e cultural, é a evolução dos acontecimentos e fatos históricos, que consagraram um período da França para o mundo. Através de uma representação conceitual, o artista plástico Yure Mendes, transformou o ferro, em legados marcantes para a eternidade. Certamente, se o tempo voltasse, Maria Antonieta ou Antoinette estaria orgulhosa, em ter sua vida, retratada por um artista que faz da arte, muito mais que profissão, muito mais que talento.

As fotos exclusivas de Jorge Júnior registram.

Exposição

Instituto Granbery da Igreja Metodista (até 25/06 ), entrada pela rua Sampaio

Shopping Jardim Norte ( 30/06 a 29/07 )

Fundart  ( Muriaé - Mg - 04/9 a 23/09 )

CCBM  ( 20/10 a 23/11 )


Luiz Henrique Duarte é Bacharel em direito, designer de interiores graduado, jornalista apaixonado por arte clássica e contemporânea, boa música, arquitetura e tudo relacionado à estética do bem viver.

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