O Dia Seguinte

(Roteiro para um curta-metragem, baseado no conto de Luis Fernando Verissimo)

CENA 1 - INT/QUARTO

Ambiente com dimens?es e acabamento de uma su?te de apart-hotel. Uma cortina cerrada impede que a claridade do dia l? fora quebre o clima de penumbra aconchegante e silencioso que reina no quarto. Ouve-se apenas o ru?do do ar condicionado.

Um casal, em torno dos 25/30 anos, est? deitado na cama, sono profundo, um de frente para o outro, quase encostando as testas. A partir da?, os corpos se afastam em diagonais opostas, sob uma coberta que os encobre at? o pesco?o.

Sobre o carpete, em torno da cama, espalham-se v?rias pe?as de roupas masculinas e femininas, desordenadamente, tendo em comum o branco: um vestido chique, uma cal?a, uma camisa, um par de meias, um par de t?nis, uma bolsa de mulher ao lado de um p? de sapato preto, de salto alto. O outro encontra-se sobre um aparelho de TV em um suporte de parede. Destacam pelas cores, uma calcinha vermelha, perto da cabeceira do homem, e uma cueca amarela, no lado oposto, mais pr?ximo da mulher. Duas garrafas de champanhe vazias jogadas pelos cantos completam o quadro de desarruma??o.

Os letreiros iniciais surgem durante a panor?mica do quarto, o detalhamento das pe?as de roupas e das garrafas, at? a c?mera ir se aproximando lentamente at? fechar em close dos dois rostos. D? um tempo.
De repente, o homem ressona ruidosamente, despertando-a. Os olhos dela v?o se abrindo lentamente at? se arregalarem. A express?o se torna incr?dula e abobalhada na medida em que a imagem diante de si revela, a um palmo de seu nariz, meio fora de foco pela proximidade, o rosto de um estranho.

Ela examina o cen?rio ao redor. O espanto cresce. Come?a a se erguer, protegendo o corpo nu com uma ponta da coberta. O homem sai da imobilidade e se ajeita na cama. Ela se det?m, aterrorizada. Ele abre um bocejo e come?a a dar os primeiros sinais de despertar. Ao se espregui?ar espalhafatosamente, puxa todo o len?ol para si, descobrindo-a. Ela n?o cont?m uma exclama??o. Ele desperta meio assustado e d? de cara com uma mulher desconhecida, tentando esconder a nudez com a ponta que lhe restou da coberta.

Por um longo instante ambos se estudam. Em confronto com a express?o mais boquiaberta dela, e passado o impacto inicial, ele come?a a achar certa gra?a da situa??o.

Renato - Bom dia.
Roberta - (Um fiapo de voz) Bom dia.
Renato - Voc? ? a ...? (pausa) A...?

Roberta deixa a pergunta no ar e corre o olhar pelo ch?o procurando suas coisas. Ele percebe e descobre ao seu lado uma calcinha e a estende para ela com um sorriso maroto.

Continua