Mortalidade materna em queda
Mesmo assim, JF ainda possui um ?ndice alto se comparado a outros munic?pios. "O motivo pode estar na qualidade de atendimento dos postos de sa?de"

Chico Brinati
Rep?rter
13/10/2005

Clique no ?cone ao lado para ver os dados do trabalho realizado, em 2004, pelo Comit? Municipal de Preven??o ? Mortalidade Materna de Juiz de Fora

Leia!
O Comit? de Preven??o ? Mortalidade Materna* est? comemorando. Falta pouco mais de dois meses para o fim de 2005 e o n?mero de ?bitos de gestantes est? igual aos melhores n?meros registrados nos ?ltimos nove anos (1997 e 2001) - veja tabela abaixo.

Em Juiz de Fora, acontecem cerca de sete mil partos durante o ano e, at? outubro, foram confirmadas quatro mortes maternas, na cidade. Segundo dados do Comit?, as mortes ocorreram nos meses de janeiro, fevereiro, mar?o e no in?cio de outubro.

ANO N? DE ?BITOS
1996 10
1997 4
1998 14
1999 8
2000 9
2001 4
2002 6
2003 5
2004 8
2005 4
Fonte: Comit? de Preven??o
? Mortalidade Materna
de Juiz de Fora
Para a chefe do Departamento de Sa?de da Mulher, da Secretaria de Sa?de de Juiz de Fora, Meiry Terra, os n?meros de 2005 s?o animadores. "Est?vamos cinco meses sem registro de morte de gestante na cidade. Antes, t?nhamos um ?bito a cada 50 dias", relata.

Mesmo com essa queda no n?mero de mortes (o ano passado foram oito casos confirmados), Juiz de Fora ainda possui um ?ndice considerado alto, se comparado com outros munic?pios. Enquanto o Minist?rio da Sa?de considera um coeficiente de 20 mortes por cem mil nascidos vivos alto, a m?dia juizforana entre os anos de 1996 e 2004, foi de 97 mortes para cada 100 mil nascidos vivos. Sendo que, no ?ltimo ano, esse ?ndice chegou a 119, o que j? ? classificado como "muito alto" (acima de 100/100.000 nascidos vivos) pela Organiza??o Mundial da Sa?de.

Acompanhamento cont?nuo
O Comit? de Preven??o ? Mortalidade Materna foi criado, em 1996, para oferecer dados que esclare?am melhor onde est? a raiz dos problemas, apresentando diagn?sticos mais precisos. Ele analisa os ?bitos e os seus motivos.

Para a chefe do Servi?o de Pr?-Natal de Alto Risco do departamento, S?nia Maria Fernandes Filgueiras (foto ao lado), embora a cobertura do servi?o pr?-natal seja muito boa (segundo ela, mais de 97% das gestantes frequentam as consultas), "a qualidade no atendimento dos postos de sa?de ainda ? um dos pontos respons?veis pelo alto ?ndice de mortes".

De acordo com S?nia, um grande passo para a melhoria nos n?meros foi o trabalho de sanar d?vidas de funcion?rios e m?dicos das Unidades B?sicas de Sa?de - UBS - durante o atendimento ?s gestantes e o acompanhamento de todas as etapas da gesta??o, at? mesmo ap?s o nascimento. "Antes, faltava uma comunica??o maior entre o setor terci?rio da sa?de (o departamento) e o secund?rio (os hospitais) e a maioria dos atendimentos n?o dava uma assist?ncia necess?ria ao paciente que ficava perambulando, sem refer?ncia", diz S?nia.

Ainda segundo ela, o trabalho do Comit? n?o se resume em investigar os causas de mortes pelo atestado de ?bito. "N?s fazemos um hist?rico do paciente, al?m de acompanhar as novas mam?es em visitas domiciliares. S?o medidas simples que amenizam a problem?tica da mortalidade materna", conta.

Conforme dados do departamento, para cada m?e que morre, 16 ficam com sequelas por problemas durante o parto, por isso a import?ncia de se acompanhar a gestante mesmo depois da nascimento do beb?.

O empenho do Comit? tem gerado frutos. "Se continuarmos com esse ?ndice, acho que vamos fechar o ano com estat?sticas de pa?ses desenvolvidos", afirma.

Causas da mortalidade
Segundo Meiry (foto ao lado), Juiz de Fora apresenta um ?ndice elevado, pois recebe grande n?mero de pacientes de cidades vizinhas que, geralmente, n?o fazem um bom acompanhamento durante a gravidez. As principais causas apontadas pelas mortes maternas s?o: aborto (praticado em cl?nicas ilegais de forma clandestina), hemorragias, hipertens?o arterial e infec?es. A maioria s?o causas evit?veis, segundo a chefe do departamento.

Segundo uma pesquisa do Comit?, outros fatores como a baixa qualidade e o dif?cil acesso aos servi?os de assist?ncia ao pr?-natal, parto e p?s parto; dificuldade em conseguir leitos hospitalares e transporte, retardando o atendimento ? mulher no momento do parto; desinforma??o e dificuldade de acesso a programas de contracep??o eficientes e eficazes, levando ? gravidez n?o planejada e a populariza??o da pr?tica cesariana, sem indica??o obst?trica tamb?m ajudam a manter o ?ndice alto.

O que vem sendo feito
Tanto S?nia, quanto Meiry atribuem a melhora no ano de 2005, a uma fiscaliza??o mais rigorosa e a uma maior proximidade com o secret?rio de sa?de da cidade.

Outro fator importante ? o trabalho de orienta??o sobre laqueaduras (met?do de anticoncep??o irrevers?vel) realizado em mulheres que t?m uma certa tend?ncia a apresentar complica?es durante a gesta??o ou apresentam um hist?rico de diversas cesarianas.

"Essas pacientes est?o sendo orientadas, junto com a familia, a fazer laqueadura para evitar nova gravidez. S?o pequenas a?es, como essa que refletem em grandes atos", diz S?nia. "Ainda falta uma s?rie de medidas a serem tomadas, principalmente educativas, mas faltam condi?es, recursos para uma assist?ncia melhor", completa Meiry.

*A Organiza??o Mundial da Sa?de (OMS) considera mortalidade materna toda morte de uma mulher durante a gesta??o ou at? 42 dias ap?s o seu t?rmino, causada ou agravada por qualquer fator relacionado ? gravidez, ou por medidas tomadas em rela??o a ela.


Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!