Bairro Industrial ? o mais afetado pelas chuvas Moradores aguardam a queda do n?vel da ?gua
para voltarem ?s casas


*Da Reda??o
10/01/2007
Clique no ?cone ao lado para ver 50 fotos dos moradores do bairro Industrial, localizados pr?ximos ?s margens do Rio Paraibuna.

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O bairro Industrial ? uma das regi?es mais afetadas pela chuva, em Juiz de Fora, de acordo com um levantamento da Defesa Civil. S? na Zona Norte, 62 chamadas foram atendidas na madrugada desta quarta-feira, dia 09, no entanto, o n?mero real de ocorr?ncias n?o foi registrado, j? que muitas pessoas foram socorridas no pr?prio local.

A maioria das ruas e casas da regi?o, inclusive a Avenida JK, ficaram encobertas pela ?gua e muita lama. Os ?nibus urbanos e demais ve?culos est?o deslocando seus trajetos para fugir da enchente. Dados oficiais revelam que o n?vel do Rio Paraibuna chegou a subir em quase cinco metros, s? com a chuva desta madrugada e, nessa a?rea, transbordou por volta de 1h manh?.

Desde a ?ltima quinta-feira, dia 04 (leia a mat?ria), os moradores do bairro Industrial est?o em alerta, devido a uma grande tempestade que fez transbordar o c?rrego Humait?, na Avenida L?cio Bittencourt. "N?o consigo dormir com tranquilidade desde aquele dia", diz Maria da Concei??o (foto abaixo, ? esquerda). Embora a ?gua tenha invadido apenas a garagem de sua resid?ncia, a dona de casa preferiu colocar em local seguro todos os seus m?veis e eletrodom?sticos.

J? a vizinha, Maria do Carmo da Cruz (foto abaixo, ? direita), n?o teve a mesma sorte e est? com a casa alagada. "Voc? n?o faz id?ia do sufoco de ver a ?gua invadindo tudo", diz. Segundo Maria do Carmo, o c?rrego come?ou a transbordar por volta das 22h de ontem, dia 09, e o volume s? foi aumentando durante a madrugada.

Solidariedade

Acostumado com as constantes enchentes em sua casa, Marcelo Pacheco (foto acima) resolveu adquirir um barco para fugir da chuva. "Quem mora aqui tem que optar pelo barco", brinca, mesmo com a casa tomada pela lama. Durante todo o dia, Pacheco deixou seus afazeres para ajudar os vizinhos que estavam ilhados. "Como n?o podem sair de casa, passo nas ruas dando carona", define sua fun??o.

Quem mora em pr?dios ou coberturas do bairro passou a abrigar amigos e familiares desalojados. O gar?om Rodrigo Souza mora com a esposa e tr?s filhos na Rua Avelino Milagres e recebeu nove "h?spedes" em sua cobertura, entre eles, cinco crian?as. "Os bens materiais podemos comprar, mas a sa?de e a vida n?o. Temos que nos ajudar", enfatiza.

O gar?om ainda n?o saiu de casa com os familiares para calcular os preju?zos. Os desalojados preferem aguardar mais uma noite para poderem voltar ?s suas resid?ncias. "Meus parentes n?o imaginavam que o n?vel da ?gua ia subir novamente. Por isso, n?o deu tempo de colocar muita coisa para o alto", lamenta.

O padeiro Luiz Paulo de Carvalho (foto ao lado) se considera o "salva-vidas" da Rua M?rio Nogueira, j? que retirou v?rias fam?lias de suas casas no momento da enxorrada. Com uma roupa imperme?vel e botas de borracha, Luiz Paulo caminha pelas casas, levando comida, roupas e medicamentos para os vizinhos.

Problemas

Os moradores do bairro Industrial apontam o dep?sito indevido de lixo no c?rrego Humait? como o principal motivo da enchente. "Na hora em que a ?gua transbordou, entrou muito lixo na minha garagem", conta Maria da Concei??o.

H? sete anos morando no bairro, o aposentado J?lio de Carvalho aponta outra causa. "O asfaltamento de muitos barrancos na a?rea n?o permite que a ?gua penetre no solo", diz. Mesmo enxergando mais uma causa para o problema, o aposentado resolveu mudar-se da regi?o pr?xima ao c?rrego, pois vivenciou diversas enchentes em sua antiga casa. "Morar na ?gua n?o d?, voc? compra tudo com sacrif?cio e perde em uma noite", diz.

Para quem vive ?s margens do c?rrego Humait?, como o soldado do ex?rcito Marcelo Pacheco, o mau-cheiro e a presen?a de insetos ? constante. "Preferi n?o sair de casa, com medo de pegar alguma doen?a", diz.

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*R?porteres: Renata Cristina, Fernanda Leonel, S?lvia Zoche. Colabora??o: Guilherme Oliveira e Renato Costa. Edi??o: Ludmila Gusman Designer: Fellipe Elias