Polícia Federal aumenta atuação em Juiz de Fora Projeto de R$ 20 milhões cria em JF uma das sedes mais modernas da PF de todo o Brasil. Relembre as principais operações em Juiz de Fora este ano

Guilherme Arêas
Repórter
23/12/2008

O ano de 2008 já entrou para a história como um dos mais turbulentos em Juiz de Fora. Com a prisão do ex-prefeito Carlos Alberto Bejani, em abril deste ano, uma série de alterações estruturais ocorreram no município. Juiz de Fora ganhou destaque na mídia nacional e por todos os cantos da cidade não se falava em outra coisa. Por trás de toda a investigação e operação que levou para a cadeia o ex-prefeito, uma das protagonistas da história também se destacou.

Nos últimos anos, a atuação da Polícia Federal - cuja função é reprimir crimes contra bens, serviços e interesses da União - virou rotina nos noticiários brasileiros. As várias operações e escândalos não deixaram Juiz de Fora de lado. Neste balanço realizado pelo Portal ACESSA.com, com a ajuda do delegado da PF, Cláudio Nogueira (foto abaixo e vídeo ao lado), o internauta relembra as principais ações na cidade.

Para o delegado, 2008 foi um ano atípico pela proximidade dos acontecimentos políticos e policiais. De acordo com ele, o combate à corrupção tem sido uma das principais metas da PF. "Eu trabalhei nesta área em Brasília e quero implantar isso aqui em Juiz de Fora, mesmo com as carências que a Polícia Federal ainda tem na região", revela o delegado, que já foi coordenador de contra-inteligência da PF, quando trabalhou na capital federal.

Foto de Cláudio Nogueira Nogueira relata que o perfil dos trabalhos do órgão em Juiz de Fora mudou nos últimos anos. "Nós optamos por um trabalho mais voltado para a inteligência e para a investigação. Houve uma evolução nos equipamentos de inteligência que conseguimos trazer. Os resultados foram bons, mas esperamos que os investimentos dêem ainda mais frutos", planeja.

Atualmente a PF conta com um efetivo de 75 pessoas em Juiz de Fora, entre delegados, escrivães, agentes, papiloscopistas e peritos. O dobro desse efetivo seria o necessário para atender adequadamente aos cem municípios sob responsabilidade da unidade juizforana da Polícia Federal.

Nova sede e fortalecimento a partir de 2009

Se depender do delegado Cláudio Nogueira, as ações da PF em Juiz de Fora e região tendem a aumentar. A nova sede da instituição na cidade já foi aprovada. A previsão é que o projeto, que deverá custar entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões, ganhe ainda mais fôlego em 2009.

Foto da sede da Polícia Federal Em um espaço de 25 mil metros quadrados no terreno da antiga rede ferroviária federal, no bairro Mariano Procópio, os policiais vão contar com um heliporto, estande de tiro e auditórios para receber uma grande quantidade de pessoas. "Se não for a melhor, será uma das melhores sedes da Polícia Federal em todo o Brasil. Temos a pretensão de transformar Juiz de Fora em um centro de apoio operacional para toda a região Sudeste, devido à nossa localização", revela o delegado.

A construção da nova sede e a transformação de Juiz de Fora em um centro de referência para a Polícia Federal se fortalecem com a proximidade de eventos internacionais de grande porte que serão realizados no país, como a Copa do Mundo de 2014 e a possível escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016.

Os números da PF em 2008

O olhar para o futuro é uma necessidade visível se forem analisados os números de 2008. Só este ano foram realizadas sete apreensões de drogas, que totalizaram 668 kg do material. Em 2008, cerca de 1.600 kg de entorpecentes foram incinerados pela PF em Juiz de Fora.

Também este ano foram registrados três flagrantes de cédulas falsas na cidade, entre janeiro e março. De acordo com o delegado, diversos inquéritos foram instaurados para investigar a circulação de moedas falsas em Juiz de Fora, situação considerada crescente no período.

Os flagrantes de descaminho de cigarros também foram presentes nas atividades da Polícia Federal em 2008. Ao contrário do contrabando, que é o fluxo de produtos ilegais, o descaminho pode ser entendido como a entrada ou saída de produtos permitidos, mas sem passar pelos trâmites tributários adequados.

Foto da prisão de Bejani Foto de caça níqueis Foto de carrros apreendidos

Quanto às operações especiais e de maior impacto, a PF acumula oito registros este ano. As mais famosas, como a Operação Pasárgada e a sua continuação, a De volta para Pasárgada, foram as responsáveis pela prisão do ex-prefeito e noticiadas em todo o Brasil.

Os nomes curiosos formam um capítulo à parte nos registros das operações da PF. O delegado explica que a escolha dos nomes que batizam as ações é feita pelo próprio delegado e pela equipe responsável pela investigação. "É escolhido um nome que represente algum fato mais característico da operação", revela.

O batismo é um procedimento padrão da instituição, para facilitar o andamento das investigações, já que diversos inquéritos são apurados ao mesmo tempo.

Principais operações da Polícia Federal em Juiz de Fora em 2008
Queixudo
abril

A Polícia Federal de Juiz de Fora estoura um laboratório de refino de cocaína e apreende 90 kg da pasta base da droga, que seria vendida pelo traficante Carlos Eduardo Fernandes Teixeira, conhecido como Dudu Queixudo. Na casa do investigado são encontradas armas, dinheiro e carros. Dudu é preso em flagrante.

Pasárgada
abril

Comandada pela Polícia Federal de Belo Horizonte, é deflagrada com o objetivo de pôr fim a um esquema de liberação irregular de verbas do Fundo de Participação dos Municípios, com prejuízo para os cofres públicos que ultrapassa R$ 200 milhões. São cumpridos 100 mandados de busca e apreensão e outros 50 mandados de prisão em Minas Gerais, na Bahia e no Distrito Federal. Em Juiz de Fora, o prefeito Carlos Alberto Bejani é preso. Na casa dele são encontradas armas ilegais, além de mais de R$ 1 milhão em dinheiro. Também são apreendidos dois caminhões, três quadriciclos, uma moto, um jipe, uma caminhonete F250, uma Ranger, um Golf e um Ômega na casa e no sítio do prefeito. A operação mobiliza cerca de 50 agentes só em Juiz de Fora.

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De volta para Pasárgada
junho

Em uma continuação da Operação Pasárgada, a Polícia Federal cumpre 15 mandados de prisão, sendo sete preventivos e oito temporários, bem como 47 mandados de busca e apreensão, além do arresto de vários veículos de luxo e imóveis localizados em Belo Horizonte, Juiz de Fora, Angra dos Reis e Cabo Frio. O prefeito Carlos Alberto Bejani volta a ser preso. Desta vez também são presos o cunhado de Bejani, Enilson Loçasso Cardoso e o empresário Francisco José Carapinha, o Bolão, com quem o prefeito aparece em um vídeo, recebendo dinheiro em troca do reajuste da tarifa de ônibus e ameaçando empresas que resistiam a abastecer o esquema. Dois filhos de Bolão, Wanderson de Carvalho Carapinha e Francisco Carapinha, também são presos, acusados de participarem do esquema. Mais de 15 carros de luxo dos Carapinha são apreendidos pela PF.

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João-de-barro
junho

Em operação que envolve Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Goiás, Tocantins e Distrito Federal, a Polícia Federal cumpre 231 mandados de busca e apreensão e 38 de prisão. Em Juiz de Fora, apenas mandados de busca e apreensão são cumpridos no 4º andar da Prefeitura (PJF). A operação investiga um esquema de desvio de verba destinada à construção de casas populares e estações de tratamento de esgoto.

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Déjà Vu
outubro

Operação comandada pela PF de Sorocaba, investiga irregularidades na venda e transferência de agências franqueadas dos Correios. São colhidas provas da atuação de uma quadrilha que fraudava a empresa na ordem de R$ 30 milhões por ano. Em Juiz de Fora é presa a empresária Maria Aparecida Vieira Loyola, a Dadá Loyola, dona de uma franquia dos Correios. Ao todo, são cumpridos 43 mandados de busca e apreensão e 19 de prisão temporária em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Os mandados são expedidos pela Justiça Federal e os suspeitos investigados pelos crimes de extorsão, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, advocacia administrativa, formação de quadrilha, falsidade ideológica e descaminho.

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Esplendor
outubro

São apreendidas 150 máquinas caça-níqueis em dois estabelecimentos em um prédio na rua Halfeld. Por falta de espaço para armazenamento das máquinas, elas são lacradas e deixadas nos locais onde estavam.

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Ousadia
novembro

Reflexo da Operação Esplendor, esta foi fruto da ousadia dos donos dos estabelecimentos, que romperam os lacres das máquinas apreendidas no mês anterior. Os policiais cumprem o mandado de prisão de dois empresários e dois seguranças, um deles policial militar, envolvidos na exploração de máquinas caça-níqueis. Também são cumpridos sete mandados de busca e apreensão.

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Metralha
novembro

Após um ano de investigações, a Polícia Federal de Juiz de Fora, em parceria com a Polícia Militar, cumpre 27 mandados de busca e apreensão e 15 de prisão, sendo que quatro autuações de prisão em flagrante são em Juiz de Fora. Os presos são acusados de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em Muriaé, Bicas e Juiz de Fora. Três homens, da mesma família, acusados de serem os mandantes da quadrilha foram presos em suas residências na cidade. Conhecidos como Irmãos Metralha, Naninho, Gê e Zóio, agiam, principalmente, no São Benedito. No bairro, é descoberto um laboratório de transformação de drogas, onde havia uma metralhadora pronta para o disparo. Durante a operação, que contou com 240 policiais (120 federais e 120 militares), são apreendidos seis carros, cinco motos, uma metralhadora com silenciador, aproximadamente R$ 80 mil em dinheiro, além de um quilo e meio de cocaína e crack.

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