Greve dos motoristas causa confus?o no centro Paralisa??o durou todo o dia e s? foi interrompida ? noite. Trabalhadores prometem retomar a greve caso negocia?es n?o avancem


Guilherme Ar?as*
Rep?rter
9/3/2009

O in?cio da greve dos trabalhadores do transporte coletivo causou tumulto nesta segunda-feira, 9 de mar?o. Ao contr?rio do que previa o acordo de greve firmado no Minist?rio P?blico do Trabalho entre o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Coletivo de Juiz de Fora (Sinttro) e a Associa??o Profissional das Empresas de Transporte de Passageiros de Juiz de Fora (Astransp), os ?nibus pararam em toda a extens?o da avenida Rio Branco, a principal da cidade. No in?cio da noite, a diretoria do sindicato e representantes de motoristas e cobradores de cada empresa de ?nibus foram recebidos pelo prefeito Cust?dio Mattos e decidiram suspender a greve at? o dia 20 de mar?o.

No documento assinado pelo prefeito, ele garantiu o rein?cio das negocia?es com o sindicato patronal. Garantiu ainda, ap?s a decis?o judicial sobre o valor da passagem do transporte p?blico, fazer constar da planilha de custos/2009 todas as conquistas oriundas do acordo coletivo anterior, retroagidas a primeiro de fevereiro de 2009. O pagamento do t?quete alimenta??o ser? mantido at? o dia 20 de mar?o. O prefeito se comprometeu a prestar ao sindicato as devidas informa?es acerca da evolu??o dos contatos com o poder Judici?rio, n?o descartando nova reuni?o para avaliar o quadro.

Reuni?o com o Cust?dio

Caso as negocia?es n?o sejam retomadas, os motoristas e cobradores voltam a parar os ?nibus.

O tumulto provocado pela greve come?ou por volta das 11h30, quando os trabalhadores pararam os ?nibus e se concentraram nas esquinas da Rio Branco com a avenida Get?lio Vargas.

Pela lei, servi?os essenciais, como o transporte p?blico, devem manter o funcionamento de pelo menos 30% do efetivo. No entanto, poucos ?nibus foram vistos circulando. Os que arriscavam, tinham que seguir pelas pistas laterais da Rio Branco.

Um grupo de trabalhadores acusou o sindicato de impedir a livre circula??o dos ?nibus cujos motoristas n?o aderiram ? greve. Depois de muito bate-boca e confus?o, a Pol?cia Militar foi chamada para controlar a situa??o.

confus?o na Rio Branco confus?o na Rio Branco confus?o na Rio Branco

Durante a tarde, a Astransp entrou com uma a??o de ilegalidade de greve contra o Sinttro, motivada pelo descumprimento da lei de greve, que prev? o funcionamento dos 30% dos coletivos. O presidente da Astransp, Fernando Goretti, considerou abusiva a atitude dos trabalhadores e disse que as empresas n?o t?m como garantir as exig?ncias dos empregados.

O vice-presidente do Sinttro, Paulo Avezani, disse que os trabalhadores continuariam a manifesta??o at? que as empresas de ?nibus aceitassem conversar para a busca de um acordo.

Com a paralisa??o, o Minist?rio P?blico do Trabalho deve ajuizar o pedido de diss?dio coletivo da categoria, j? que a greve ? considerada o ?ltimo recurso de negocia??o antes de recorrer ? Justi?a para solucionar o impasse.

Popula??o prejudicada

Para a campanha salarial 2009, o Sinttro planejou fazer as paralisa?es nas garagens das empresas para n?o causar uma imagem negativa ? opini?o p?blica. Mas n?o foi o que aconteceu. A popula??o acompanhou de perto a greve da categoria. Muitos usu?rios ainda acreditavam conseguir embarcar nos ?nibus, mas ao longo do dia a esperan?a deu lugar ? frustra??o.

No centro da cidade, a professora Shirley Colen Martins aguardou o ?nibus para a Cidade Jardim por mais de uma hora no in?cio da tarde. "A aula que eu tinha que dar j? era para ter come?ado, mas at? agora eu n?o consegui sair daqui. N?o tenho dinheiro para pegar um t?xi e ? imposs?vel ir a p?. N?o sei o que vou fazer", lamentou.

Para Shirley e boa parte dos usu?rios, a desinforma??o sobre os acontecimentos agravava ainda mais a situa??o. "N?o estamos entendendo nada do que est? acontecendo. Cada um fala uma coisa. Fica dif?cil saber qual lado est? certo".

popula??o na rua fila de ?nibus parada popula??o na rua

No ponto da avenida Rio Branco, na altura do cruzamento com a Get?lio Vargas, a aposentada Nilza Fernandes se indignou com a greve, situa??o que a fez perder um exame no Hospital Universit?rio. "Eu j? perdi a esperan?a de fazer o exame hoje. Eu queria ir l? para, pelo menos, remarcar a consulta".

Ap?s quase seis horas de paralisa??o e muita impaci?ncia da popula??o, um grupo de usu?rios fechou o cruzamento da avenida Get?lio Vargas com a rua Floriano Peixoto, em protesto contra a greve dos motoristas e cobradores. Minutos depois, mais um tumulto na esquina das avenidas Rio Branco e Get?lio. Novamente, um grupo de usu?rios tentou fechar o tr?nsito no local, mas foi impedido pela pol?cia.

Confus?o e fila nos pontos de t?xi

Com a paralisa??o, centenas de usu?rios do transporte coletivo tiveram que descer dos ?nibus e continuar o trajeto a p?. Os mais sortudos conquistaram uma vaga nos t?xis, cujos motoristas comemoraram o movimento. No centro da cidade, filas se formavam nos pontos de t?xi. Um grupo de professoras esperou por cerca de uma hora no Parque Halfeld.

Alguns usu?rios disputaram os t?xis, literalmente, no grito. No ponto da Catedral Metropolitana, um grupo de idosas discutiu com uma mulher que carregava uma crian?a no colo. As senhoras alegaram que tinham prefer?ncia no t?xi, mesmo a mulher estando na frente na longa fila que se formou.

"Vim no centro para ir ao m?dico de manh?, estou sem almo?o e minha diabetes est? estourando. N?o tem ?nibus para ir embora e n?o vou conseguir ir a p?. Terei que ir de t?xi, s? que est? demorando muito para o carro aparecer", reclamou a aposentada Nara Xavier Ribeiro, de 66 anos, moradora do bairro Teixeiras.

No mesmo ponto, a estudante Jordana Amin Mascarenhas, esperava um t?xi para seguir at? o Bom Pastor. "Essa greve prejudica a gente, porque vou ter que gastar um dinheiro para ir de t?xi, al?m da perda de tempo, j? que a fila para pegar um carro est? grande".

fila no ponto de t?xi fila no ponto de t?xi Fila no ponto de t?xi
Greve versus aumento da passagem

A greve dos motoristas e cobradores de ?nibus reaqueceu a discuss?o sobre o aumento da passagem praticada em Juiz de Fora. Em entrevista coletiva, o presidente da Astransp afirmou que as empresas de ?nibus n?o t?m condi?es de repassar os reajustes, nem garantir os direitos conquistados anteriormente pelos funcion?rios.

"N?o se pode desatrelar todos os insumos tarif?rios da quest?o de pagamento do pessoal", afirmou Fernando Goretti. O presidente alegou que a associa??o j? havia solicitado ? Prefeitura a revis?o da tabela de cobran?a das tarifas.

O prefeito Cust?dio Mattos disse que nesta ter?a-feira, 10 de mar?o, deve estar conclu?do o estudo realizado pelo Minist?rio P?blico e pela Secretaria de Transporte e Tr?nsito para reavaliar o valor das tarifas. Apesar de n?o adiantar qual o valor que o estudo vai propor, Cust?dio afirmou que o valor atual n?o dever? ser mantido. "R$ 1,55 ? pouco para custear o servi?o", disse.

Reuni?o do comit?

Enquanto trabalhadores e autoridades discutiam a greve e sua rela??o com o aumento da tarifa, uma reuni?o na sede da Central ?nica dos Trabalhadores (CUT) reativava o "Comit? Contra o Aumento da Passagem". Entidades sindicais de v?rias categorias e representantes de associa?es de bairro e estudantes tra?aram as primeiras metas do movimento, que teve origem em 2007.

O presidente da CUT Regional Zona da Mata, P?ricles Lima, disse que o comit? defende a estatiza??o do transporte coletivo urbano em Juiz de Fora e acredita que a manuten??o do pre?o da passagem em R$ 1,55 ? suficiente para conceder o reajuste aos trabalhadores.

"Em 1986, a tarifa de ?nibus representava 0,2% do sal?rio m?nimo. Hoje, ela representa 0,4%, sendo que o poder de compra do sal?rio aumentou. Se mantiv?ssemos o percentual anterior, poder?amos ter uma passagem custando R$ 0,98".

*Colaboraram Clecius Campos e Daniele Gruppi

Os textos s?o revisados por Madalena Fernandes

Voc? foi prejudicado com a paralisa??o dos ?nibus?

Sim, claro. Somente quem n?o teve que sair de casa pra nada naquele dia ? que n?o foi prejudicado. Gastei quase o triplo do tempo que gasto normalmente pra chegar em casa por causa do tr?nsito ca?tico e do aglomerado de carros nas ruas por falta de ?nibus. Mas creio que isto n?o passou de um golpe do empresariado para justificar o pleito e a aprova??o do prefeito do aumento das passagens, poque tenho certeza que ir? aumentar e ser? mais cara que o valor anterior o qual foi reduzido. Brasil! temos que viver assim?! As empresas deixaram de lucrar no dia da "greve", mas iram rir em alguns dias porque conseguir?o o fim a que se deu o manifesto. O aumento das tarifas.

Adriano Silva

Fui prejudicado como a maioria da popula??o e visitantes que aqui estiveram naquele malfadado dia, incluisive com a falta de t?xi. Lado outro destacamos que esta greve foi de pol?tica-empresarial que usou os trabalhadres do setor, motoristas e trocasdores como massa de manobra. O Executivo tinha que ter uma justificativa para o aumento do bilhete da passagem e bem assim saldar alguns d?bitos da campanha do ?ltimo pleito eleitoral; al?m do mais os tucanos est?o em campanha a presid?ncia da rep?blica, sendo o governador um dos pretendentes no ninho tucano

Carlos Roberto da Silva Gomes

Sim. Trabalho em Hospital (Grama)e n?o tinha como render os colegas. Todas categorias tem direito ? greve, portanto, um m?nimo de respeito e organiza??o deve ser priorizado nesses momentos. O Direito de greve termina quando come?a o do cidad?o. Aquele cidad?o que ap?s um dia de luta cumprindo seu dever foi jogado na rua, para que fizesse uma longa caminhada at? seu bairro. Aquele cidad?o que foi obrigado a passar sede e fome pois n?o esperava ser v?tima dessa situa??o humilhante. Pobres pessoas que foram torturadas em prol de interesses de t?o poucos. E o dia amanheceu como se nada tivesse acontecido, nenhuma puni??o aos torturadores, irrespons?veis e inconsequentes. Este dia ficar? somente no suor do trabalhado, no cansa?o e stress que foi submetido ap?s uma jornada de trabalho. Parab?ns a todos aqueles que vi caminhando rumo ao seu lar, em todas as dire?es, por mais longe que seja seu bairro.

Geraldo Lagrota

Sou a favor de qualquer ato de protesto para defender direitos trabalhistas, mesmo porque, isso ? defendido institucionalmente. Por?m, ? uma falta de respeito com o passageiros a n?o devolu??o da passagem paga momentos antes do protesto. Os motoristas e cobradores sabiam do protesto e mesmo assim pegam passageiros. Abri um B.O. e pretendo processar os respons?veis. O meu dinheiro n?o caiu do c?u, muito menos cai da ?rvore. Se toda vez que acontecer uma greve tomarem meu dinheiro, vou ser sempre lesado. Abra?o!

Marcelo Cardoso

Sim. Eu e minha filha. Sa? do servi?o e ela da escola. Fomos a p?. Ainda bem que moro no bairro de Lourdes e as pessoas de outros bairros mais longe ? que sofreram. Acho que n?o est? na hora de aumentar a passagem, pois meu sal?rio n?o aumentou, pois n?o ganho referente ao aumento do sal?rio minimo.

L?cia Helena Rodrigues

Fiquei sem poder ir a minha aula no centro , pois moro na zona norte!!!

Ana Paula de Assis

Vou resumir o que vi em poucas palavras: FALTA DE RESPEITO COM O CIDAD?O.

Vou explicar: N?o tenho nada contra o direito constitucional de greve, mas da? aceitar que as pessoas embarcassem nos ?nibus nos diversos bairros para, COMO EU VI, despejarem-nas nas ruas, como - por exemplo, na AVENIDA BRASIL, e elas - a p? de longa dist?ncia sob um sol escaldante, caminharem sem saber o que fazer - pois algumas n?o tinham dinheiro para outra condu??o, como t?xis.... ? muita falta de respeito com o cidad?o.

Ademais, por acaso algum ?nibus foi MULTADO por permanecer parado no centro da pista da Av rio BRanco, enquanto o povo se espremia nas duas pistas laterais restantes?

O direito constitucional ? greve deve ser exercido contra seus empregadores - n?o contra o objeto do servi?o p?blico que ? a popula??o.

N?o entendi porque uma rela??o privada, de emprego, conseguiu parar uma cidade ...

N?o vi a manuten??o M?NIMA do servi?o para o transporte da popula??o, tampouco a a??o da pol?cia contra os grevistas e os ve?culos irrgularmente parados, como agiriam contra o cidad?o comum...n?o entendi esse "exerc?cio" de direito, totalmente tangente.

Se desejaram chamar a aten??o para o arrocho salarial pelo qual passam, conseguiram coisa diversa - chamar aten??o pelo desrespeito ao cidad?o comum - aquele mesmo que n?o tem como se deslocar e, aceito num coletivo, foi abandonado num canto da cidade, sem nehum tipo de informa??o.

O MP n?o foi feliz na sua tentativa de evitar a greve. Espero que o seja, na atitude de punir os seus excessos.

Fraterno abra?o.

Haroldo Moreira Cravo J?nior