Projeto para Santa Tereza será apresentado a moradores
Projeto para Santa Tereza será apresentado a moradores Documento foi desenvolvido para oferecer solução segura que irá restituir a trafegabilidade da rua Edgar Carlos Pereira. Custo da obra será de R$ 1,5 mi
Repórter
27/1/2010
O projeto de estabilização da encosta entre as ruas Edgar Carlos Pereira e José Ladeira, no bairro Santa Tereza, será apresentado aos moradores do local na noite desta quarta-feira, 27 de janeiro. De acordo com o diretor da Associação de Moradores do Bairro Santa Tereza (Amast), Cidenilson Alves Ferreira, o projeto foi encaminhado à entidade por meio da Câmara Municipal. A Casa pressionou a Secretaria de Obras (SO) para a apresentação do documento, diante da demora na solução do problema.
No documento, está prevista a criação de uma cortina atirantada, que tem o objetivo de ancorar a encosta por meio de tirantes — vigas compridas que vão de uma parede à parede oposta, dando sustentação. De acordo com o relatório geométrico do estudo, a solução foi pensada por ser segura e porque irá restituir a trafegabilidade da rua Edgar Carlos Pereira.
A cortina terá 110 metros de extensão, com altura que varia entre 3 e 12 metros e obedece ao alinhamento da calçada pré-existente no local. Os painéis formadores da cortina terão 10 metros de comprimento e estarão apoiados em estacas de 40 centímetros de diâmetro e 16 metros de altura, injetadas no solo. Os tirantes a serem usados terão 32 mm de diâmetro e 202 quilonewtons (kN) de carga de trabalho e serão instalados conforme as figuras abaixo.
O projeto prevê ainda o uso de concreto estrutural, de armaduras de concreto, de drenos de saco de brita e de um colchão de areia de 30 centímetros de espessura. O relatório aponta a necessidade de cautela no momento da execução da cortina, de forma que não sejam feitos cortes contínuos na encosta. A escavação deve ser feita em nichos alternados, para que nunca toda a encosta fique vulnerável numa situação de chuva inesperada. Um sistema de drenagem será incorporado à cortina, a fim de que as águas coletadas na superfície sejam desaguadas nos pontos mais baixos, por meio de uma canaleta contínua e uma escada de drenagem.
O projeto, que custou R$ 32 mil para ser elaborado, prevê gastos com a obra na ordem de R$ 1,5 milhão. De acordo com a assessoria de comunicação da SO, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) busca recursos junto ao Governo Federal para a execução da estabilização, sem data prevista de início. Ferreira acredita que os esforços da comunidade podem fazer com que as máquinas comecem a operar no local em 60 dias. "Há dois anos os moradores daquela área sofrem com esse problema. Já passou da hora de solucionar."
Estudo aponta causa do acidente por infiltração pluvial
Sobre a presença de lençóis freáticos, foi verificado que o nível de água no local foi considerado "muito profundo" nas sondagens de 1 a 6. Para os demais níveis da pesquisa, que durou até dia 24 de julho de 2009, foi descoberta presença de água entre 8 e 13 metros abaixo da superfície. Segundo o relatório, assinado pela empresa Beton Stahl Engenharia, "estas leituras confirmam que o acidente foi provocado por saturação do solo devido à infiltração da água de chuva e elevação do lençol."
Novas sondagens realizadas para a elaboração do projeto classificaram o solo superficial do terreno como "fraco", com nível SPT (standard penetration test - teste de penetração padrão) de 5 a 6 golpes para cada 30 centímetros de penetração. A partir de 7 a 8 metros o solo apresenta-se melhor, com nível SPT superior a 9 golpes, sendo considerado "pouco melhor". Conforme o estudo, o solo "ganha resistência" a partir dos 13 metros e torna-se impenetrável em profundidades entre 16 e 23 metros.
Moradores querem isenção de IPTU
Além de vislumbrar a estabilização da encosta, os moradores do Santa Tereza esperam também a isenção do Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) em todo o bairro. A justificativa é a desvalorização dos imóveis não só próximos às encostas. "Os moradores já não conseguem fazer seguros para os imóveis de lá, pois as seguradoras se negam, alegando alto risco. Um de meus vizinhos tenta vender uma casa no valor de R$ 200 mil, por R$ 100 mil e não consegue. Outro está ofertando a casa de R$ 80 mil por R$ 40 mil e não encontra comprador", exemplifica Ferreira.
Além disso, o estado do asfalto no local e do barro — que teria aumentado depois da criação de um dreno, aberto pela SO, após suspeita de movimentação de terra no local, devido às últimas chuvas — deixam o local "em estado de calamidade", segundo Ferreira. "Hoje moramos numa área considerada de nível C, mas que não tem os aspectos físicos para tal. Se não for possível a isenção do imposto para todos, pelo menos que os lotes e as casas atingidas com o problema sejam isentas."
Os textos são revisados por Madalena Fernandes