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Espera por táxi em JF pode demorar mais do que por ônibusSegundo o Sindicato dos Taxistas, o tempo médio de espera não ultrapassa dez minutos. Contudo, aguardar na Rio Branco pode demandar mais de meia hora

Aline Furtado
Repórter
24/11/2011

O que poderia ser sinônimo de conforto e rapidez para os usuários tem gerado dor de cabeça aos juiz-foranos. Esperar por um táxi em Juiz de Fora pode demandar mais tempo do que aguardar por um ônibus. Ao passar por ruas da região central da cidade, principalmente no final da tarde e no início da noite, durante a semana, é comum ver filas de pessoas esperando por um carro.

De acordo com o presidente do Sindicado dos Taxistas, Aparecido Fagundes Gomes, o tempo de espera varia conforme o local onde o passageiro aguarda pelo veículo. "No geral, o passageiro não aguarda mais do que dez ou quinze minutos, mesmo em pontos da área central, como é o caso da rua Marechal Deodoro, no Parque Halfeld, ou em frente à Catedral Metropolitana." Contudo, Gomes destaca que, em alguns pontos, como é o caso da avenida Rio Branco, o tempo de espera pode ultrapassar os trinta minutos.

A aposentada Nilza de Freitas, usuária do serviço de táxis, afirma que, depois de muito esperar por carros no ponto do Parque Halfeld, na Rio Branco, passou a aguardar no ponto lateral do Parque Halfeld. "Já cheguei a ficar mais de quarenta minutos aguardando. Caso tivesse optado por ir para casa de ônibus, teria, com certeza, esperado menos tempo. Certo dia, experimentei ir para a rua Marechal Deodoro. Lá, a fila fica grande, mas vêm carros a todo momento. Com isso, o tempo de espera costuma não ultrapassar quinze minutos."

O presidente do sindicato explica que, antes mesmo de as obras de reestruturação urbano-viária da avenida Rio Branco serem iniciadas, os taxistas já evitavam a via em horários de pico. "O trânsito é muito intenso e, por isso, a via acaba sendo evitada. Além disso, se o taxista está em locais como a rodoviária ou o bairro Cascatinha, acaba optando por se deslocar apenas quando há passageiro solicitando a corrida."

Segundo Gomes, a medida é tomada não só pela dificuldade em se deslocar até a área central, mas também pela opção de por não arriscar a não encontrar passageiros e, mais, porque os taxistas pagam cerca de R$ 1,30 por quilômetro rodado. "Com isso, se rodam sem passageiros, o gasto acaba ocorrendo da mesma forma." Diante disso, o passageiro acaba sentindo, também, a demora quando faz a solicitação de carro pela central telefônica.

"Já aconteceu de ligar para a central e eles prometerem o táxi. Depois de um tempo, o veículo não apareceu e foi preciso ligar de volta e ouvir que não haviam conseguido. Infelizmente quase toda vez que preciso do serviço, tenho tido dor de cabeça", afirma a contadora, Carla Maria Mendonça. Outra que relata problemas de espera excessiva por táxis é a dona de casa, Raquel da Silva Couto. "Já esperei demais ao pedir carro via central e ao optar por pontos do Centro. A saída acaba sendo ir de ônibus ou buscar táxis em vias nas imediações da Rio Branco."

Demanda aumenta entre 16h e 19h

Os horários considerados de pico por taxistas e passageiros estão entre as 16h e as 19h de segunda a sexta-feira e durante as noites, aos finais de semana. "Às sextas-feiras, o movimento tende a crescer, além disso, quando chove, a tendência também é de crescimento da demanda." Além dos constantes aumentos constatados durante dias normais, Gomes lembra que o mês de dezembro costuma registrar alta de 40% do movimento devido às compras de final de ano e à realização do vestibular da UFJF.

Gomes destaca que tempos atrás, o serviço de táxi era utilizado somente em casos de extrema necessidade ou por luxo. "O aumento da demanda pode ser explicado por dois fatores. Um deles seria o aumento da população. O outro, talvez o mais forte, o preço acessível do serviço. Como exemplo, cito uma família de quatro pessoas que pega um táxi na região central e vai para o bairro São Mateus. A corrida fica em torno de R$ 7*, enquanto de ônibus o valor chegaria a quase R$ 8*."

Frota

A cidade conta, hoje em dia, com 492 táxis, mediante as permissões concedidas pela Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra). Desse total, cinco são adaptados. "Mas circulando pelas ruas, há cinco carros a menos, já que as placas foram recolhidas por apresentarem irregularidades", afirma Gomes. De acordo com o presidente, na administração municipal anterior, foi cogitada a possibilidade de serem concedidas cem permissões. "Contudo, como não havia um levantamento, fomos à Justiça, a fim de exigir que fosse realizada uma pesquisa, afinal, temíamos não haver necessidade de cem novos veículos."

Com isso, há aproximadamente um ano foi apresentado o resultado de um levantamento desenvolvido pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que apontou a necessidade de 45 novos táxis circulando na cidade. "Foram entregues 53 permissões para veículos comuns e outras cinco para adaptados." O trabalho previa a elaboração de uma nova pesquisa depois de um ano do primeiro resultado, a fim de verificar se a quantidade está atendendo de forma positiva à população.

"Essa pesquisa já foi concluída, mas está dependendo de trâmites legais para ser divulgada. Caso sejam necessários mais carros, serão priorizados os proprietários que foram aprovados, mas ainda estão sem permissão, já que a validade da seleção de novos veículos é de dois anos." A previsão é que o mais recente resultado seja divulgado nos próximos dias. Foram ouvidos taxistas, atendentes da central telefônica, além da população.

*Valores citados em novembro de 2011

Os textos são revisados por Thaísa Hosken