Incêndio destrói lojas e interdita três vias do CentroFogo começou em uma sobreloja na rua Floriano Peixoto e se alastrou, chegando a atingir prédios e outras lojas. Segundo bombeiros, não há vítimas

Aline Furtado,
Clecius Campos e
Daniele Gruppi
24/10/2011
atualizada às 23h45

Um incêndio destruiu uma loja de artigos para festas, localizada na rua Floriano Peixoto, 329. Devido à fumaça e ao risco de desabamento do prédio, três vias do Centro da cidade foram interditadas: a Floriano Peixoto e as avenidas Barão do Rio Branco e Getúlio Vargas. O incêndio teria começado por volta das 17h, em uma sobreloja. Por volta das 18h, já era possível ver labaredas alcançarem o primeiro andar. Às 19h, o fogo já havia atingido o prédio do lado esquerdo. Não controlado, o fogo chegou ao sétimo andar do edifício.

Além da loja de artigos para festas e do edifício, as chamas atingiram cinco estabelecimentos vizinhos em quatro prédios. O telhado de uma das lojas atingidas, na rua Floriano Peixoto, desabou por volta das 21h. Na avenida Getúlio Vargas, uma loja de artigos de borracha e plástico foi atingida pelas chamas. O fogo destruiu seis andares do prédio que abriga o estabelecimento. Todo o quarteirão entre a Mister Moore e a Floriano Peixoto foi isolado.

Comerciantes da rua Getúlio Vargas e Mister Moore correram para retirar as mercadorias das lojas, com receio de que as chamas alcançassem a área. O gerente de uma bomboniere na rua Getúlio Vargas, Jeferson Carlos da Silva, começou a retirar os produtos da loja, mas foi impedido por um militar. "Só consegui colocar no caminhão cerca de R$ 2 mil em mercadoria. Se o fogo alastrar e chegar até a loja, meu prejuízo pode ser de R$ 300 mil."

O proprietário de uma loja no Mister Shopping, Marcelo Vaz de Melo Athaíde, acompanhava toda a movimentação. "Às 17h, começamos a fechar a loja. A situação é preocupante, pois estamos próximos do Natal e já estamos fazendo os estoques." 

A proprietária de uma agência de propaganda na Getúlio Vargas, Zaine Chaves, saiu da empresa por volta das 16h porque o cheiro da fumaça estava muito forte . Ela esperava os bombeiros liberarem o local para voltar à agência para fechá-la com segurança. Um morador da Mister Moore também retirou seus pertences do apartamento. "Ele não foi orientado, mas quis prevenir. Está com medo do fogo atingir o prédio, por isso, está levando tudo para casa de parentes", conta a namorada Cláudia Adriana Santos.

A cabeleireira Roselange Maria Fernandes, que mora na galeria possivelmente atingida pelo fogo, acredita ter perdido tudo o que tinha. "Estava no trabalho e vi a fumaça. Não imaginei que seria perto de casa. Uma amiga me avisou e fui correndo tirar minhas coisas. Quando cheguei, não deu tempo de mais nada. Peguei os documentos e tirei as crianças." Roselange tem dois filhos de dez meses e de sete anos. No semblante, o olhar de quem não tem para onde ir. "Não sei como vou passar essa noite. Só tenho morada na Zona Rural e agora [por volta das 22h] não dá mais para ir para lá."

Muitos juiz-foranos estavam perdidos com relação ao trânsito. O ponto de ônibus na avenida foi desativado e as pessoas estavam sem saber para onde iam, como a estudante Adriana Aparecida de Souza. "Não sei onde vou pegar o meu ônibus e também não consigo uma informação certa. Moro na Barreira do Triunfo e não posso perder esse transporte."

Visita do prefeito

Em visita ao local, o prefeito Custódio Mattos (PSDB) afirmou acreditar que tal incêndio tenha sido o maior de todos os tempos. "Na minha geração, não me lembro de um incêndio de tão difícil combate." Em sua opinião, o prefeito pensa que o trabalho dos bombeiros está sendo bem executado. "Pela força de trabalho que vi, pelo empenho dos profissionais, pelos equipamentos que estão agindo, creio que o trabalho está bem feito. É difícil combater um fogo que começou numa casa de produtos para festas, foi para uma loja que fornece borracha, passou por produtos totalmente inflamáveis. Os bombeiros fazem seu trabalho, mas não há como fazer milagre. Não se pode culpar aquilo que não é culpável."

Mattos acredita que a hora é de tirar lições para o futuro, principalmente no que tange ao rigor na prevenção a incêndios. "Temos que ser muito rigorosos, mesmo diante de barreiras com o comodismo e o pensamento de que isso nunca vai acontecer." O prefeito descarta a possibilidade de o poder público oferecer apoio material aos comerciantes dos locais atingidos. "Não é papel da Prefeitura dar esse apoio. As lojas, provavelmente, tinham seguros que haverão de cobrir os danos."

Sem luz

Devido ao risco de explosões, a energia elétrica foi interrompida na região central da cidade, chegando a atingir a altura da rua Gil Horta. Na manhã desta terça-feira, 25 de outubro, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) começou a religar a luz no entorno do local. Vão continuar sem energia os prédios atingidos pelo fogo.

Seis viaturas e caminhões-tanque

Bombeiros e militares trabalharam a noite toda na área. Estima-se que pelo menos seis viaturas dos bombeiros são usadas no combate ao incêndio, além de caminhões-tanque da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Hidrantes na Rio Branco, na Mister Moore e na Getúlio Vargas também são utilizados para alimentar as mangueiras. Inúmeras viaturas de apoio e carros do Samu participam da operação. Cerca de 40 militares auxiliam no isolamento da área. Até a publicação desta nota não havia informação oficial sobre a existência de vítimas, uma vez que todos os bombeiros estavam encarregados de combater o fogo e não puderam atender à imprensa.