PC desmantela quadrilha que aplicava golpe de vendas de carros em JF

Cinco pessoas, acusadas de estelionato, receptação e formação de quadrilha, já foram identificadas e três carros apreendidos

Nathália Carvalho
Repórter
9/1/2013
Golpe do Finan

A 1ª Delegacia da Polícia Civil de Juiz de Fora desmantelou uma quadrilha que aplicava o "golpe do finan", referente a financiamento de carros na cidade. Durante coletiva concedida na manhã desta quarta-feira, 9 de janeiro, foi informado que as investigações tiveram início há cerca de dois meses, sendo que cinco membros do grupo já foram identificados e três carros e diversos cheques falsos foram apreendidos. Os suspeitos, que atuavam em uma firma de veículos usados no bairro Teixeiras, estão sendo acusados de estelionato, receptação, falsificação de documento público e formação de quadrilha.

De acordo com um dos delegados responsáveis pelo caso, José Márcio Carneiro (foto acima), a suspeita foi levantada quando um advogado juiz-forano alegou ter sido lesado pela quadrilha e procurou a polícia. O seu veículo, um Mercedes-Benz Classe C, avaliado em R$ 45 mil, foi vendido em Petrópolis, Rio de Janeiro, por meio de documentos falsos, mas acabou sendo apreendido pela Prefeitura da cidade. "O carro ficou retido pela quadrilha e foi vendido ilegalmente por meio de 'lavagem' do certificado de transferência. Após identificada a falsificação, instauramos um inquérito policial e solicitamos a apreensão do veículo, que foi recuperado e trazido para Juiz de Fora", explica.

Além disso, outros dois carros foram identificados em Juiz de Fora em nome de um homem do Rio Grande do Norte. "Acreditamos que ele também possa ter sido vítima e estamos tentando contato com ele", explica Carneiro. Um Ford Ka foi apreendido no bairro São Mateus e um Citröen C3 no Nova Califórnia. Até agora, a polícia também suspeita de outros cinco carros que podem estar envolvidos no crime e três inquéritos estão em andamento. "Por enquanto, temos cinco suspeitos, mas desconfiamos de que o esquema é bem maior. Acreditamos que existam mais de dez pessoas envolvidas." Uma firma de Petrópolis também foi lesada no esquema em cerca de R$ 40 mil.

Como funciona o golpe

Golpe do FinanApós o primeiro caso descoberto, os delegados afirmam que deram continuidade às investigações e foi descoberto que a empresa de veículos usados, que realizava os golpes, havia deixado pessoas lesadas sem restituição e foi fechada no ano passado. Segundo o delegado Eurico da Cunha Neto, a ação consistia em financiar veículos 0km junto aos bancos da cidade, utilizando "laranjas" para firmar a documentação falsa. "Os dados pessoais eram adulterados e as pessoas adquiriam os veículos pagando apenas o mínimo necessário para o financiamento. Depois disso, eles revendiam esses automóveis bem abaixo do seu valor de mercado, cerca de 50%, e deixavam de pagar as prestações da transação e os impostos", disse.

Segundo Carneiro, na maioria das vezes, os carros eram vendidos para o Estado do Rio de Janeiro. "Percebemos que as pessoas que compram esses veículos estão fazendo isso de má-fé, porque elas sabem que o valor pago está bem abaixo do ideal. O que acontecia é que elas rodavam com os carros com o licenciamento válido que era obtido e, quando ele perdia a validade, o carro era revendido novamente", diz. Além disso, ele comenta que, em sua maioria, os automóveis eram seminovos e populares, para não chamar a atenção dos financiadores.

"Os bancos demoram a entender que foram vítimas de um crime, porque a falta de pagamento força uma ação cível contra o comprador. O problema é que esse comprador 'não existe', na realidade." O delegado explica, ainda, que para conseguir o financiamento, é necessária validação do banco, procedimento que requer comprovação com diversos documentos. "O fato de o golpe passar pelo setor de segurança dos bancos com facilidade pode nos sugerir que tenha alguém envolvido dentro da empresa".

Precauções

De acordo com Neto, o advogado lesado está respondendo a inquérito por envolvimento no caso, mas alega ter realizado a compra de boa fé. "Ele diz que pagou o valor de mercado, mas por enquanto não recebemos nenhum comprovante dessa transação, e nem dos outros proprietários envolvidos." Diante disso, os delegados alertam que as pessoas que tiverem dúvidas sobre a procedência do seu veículo, ou que tenham realizado compra junto à empresa, devem procurar a polícia. "Faremos a verificação para saber se o carro faz parte do golpe", diz.

Além disso, ele alerta para precauções na hora de adquirir um novo veículo. "É importante informar-se sobre a idoneidade dos sócios da loja e sobre a procedência do veículo, desconfiando sempre de valores muito abaixo da tabela de mercado", pontua. Outra orientação é que, se possível, cheque-se também os dados do vendedor do carro (CPF, RG, endereço) e consulte-se a financeira a respeito da situação do pagamento das prestações e dos valores.

Os textos são revisados por Juliana França

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