Juiz de Fora 164 anos: garçom juiz-forano aposta na simpatia e é marca na cidade

Toninho trabalha há 45 anos e passou por restaurantes tradicionais

Laura Lewer
*Colaboração
29/05/2014

Antônio Lopes de Faria, o Toninho (foto ao lado), é um homem feliz. Há 45 anos trabalhando como garçom e servindo todos os tipos de pessoas, coleciona amigos e histórias para contar, além de uma disposição invejável aos 65 anos.

Mineiro, de Rio Pomba, encontrou em uma viagem à Brasília aquela que seria sua profissão. Depois de só ter experiências como trabalhador rural, passou dois anos em uma churrascaria e tomou gosto pelo ofício. Hoje, conta que gosta tanto de trabalhar que chega 40 minutos antes de seu horário.

Os tempos não foram os melhores quando Toninho chegou a Juiz de Fora, desempregado e sem saber ler. Logo entrou em um curso para se formar no primeiro grau e viu em suas professoras o pontapé inicial para sua carreira na cidade. "Elas falaram que iam me arranjar um emprego e tiveram a boa vontade de terminar a aula e me levar até a churrascaria Êstancia Gaúcha, no bairro Benfica." Na churrascaria, Toninho começou como copeiro e logo passou a garçom. Depois de lá, passou pela Siderúrgica Mendes Junior, onde ficou nove anos, e pelo restaurante Cantina do Amigão, onde permaneceu por mais tempo. Foram 12 anos de experiência que só acabaram porque Toninho entrou no time de garçons do Faisão Dourado, restaurante de tradição que reunia grandes nomes da sociedade juiz-forana e celebridades que visitavam a cidade. Foi nos quatro anos de trabalho no local que passou a colecionar fotos com famosos. "Atendi o jornalista Heraldo Pereira e fiz amizade com ele. O Cid Moreira também foi muito simpático. Recebi a Patricia Pillar, que pediu para tirar foto comigo. O Ney Matogrosso me deu um ingresso para um show dele e foi muito bonito", conta.

Bom humor

Quando o Faisão Dourado fechou, o empresário Omar Peres o convidou para trabalhar na então TV Panorama. Dois anos depois, fez um teste para entrar no Bacco Bar e Restaurante. "Sempre tratei os donos do Bacco muito bem quando trabalhava no Faisão, mas não sabia que um dia eles me chamariam para um teste. Quando me ligaram, fiquei com medo, disse que achava muito chique, mas passei", explica. No Bacco, os clientes famosos continuaram, como jogadores de futebol e os cantores Roberto Carlos, Moraes Moreira, Thiaguinho e Fernanda Abreu. "Quando a Fernanda veio, o time dela (Vasco) estava mal e eu brinquei com isso. Ser simpático é muito importante".

E é pela simpatia que Toninho é conhecido na cidade. Para ele, a abordagem bem humorada combinada com a educação são essenciais para conquistar um cliente. "Eu sempre chamo o pessoal de amigo, converso e faço amizade. As pessoas precisam voltar, então a gente deve atender rápido, com um sorriso e ver o que pode oferecer de melhor pra elas." Mas, segundo Toninho, existe uma grande diferença entre ser prestativo e fazer as coisas esperando algo em troca. "Não pode atender a pessoa com interesse. Se os 10% são opcionais, não cobra. É muito chato ficar exigindo". Toninho diz que em Juiz de Fora a cultura da "gorjeta" é bem pequena, mas, às vezes é a melhor forma de ser recompensado.

Experiência

Toda essa experiência fez com que Toninho recebesse alguns convites para trabalhar no Rio de Janeiro, mas nada que o fizesse deixar a cidade. Na única vez que aceitou, foi para Cabo Frio (RJ), a convite de um amigo. Seis meses depois, voltou com o dinheiro que o ajudou a comprar sua casa.

As conquistas do garçom não surgem à toa, mas vêm de uma longa jornada de dedicação. "De vez em quando aparece na TV que tratar uma pessoa bem não custa nada. Não custa dar um 'bom dia' para a pessoa mesmo que não a conheça. Eu sou assim e acho que tudo isso te faz feliz. É a alegria de você viver e se sentir bem no trabalho."

*Laura Lewer é estudante do 7º período de Jornalismo do CES/JF

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