Toda a maldade de "Lucy"

Por

Toda a maldade de "Lucy"
Victor Bitarello 10/09/2014

Toda a maldade de "Lucy"

O ir ao cinema para se divertir não é um problema. Pelo contrário. Foi pra isso que o cinema começou a existir e se difundiu. Foi como diversão de massa que ele se consolidou. Aos poucos, os apaixonados por cinema, os dispostos a fazer cinema, iniciaram um processo de cinema arte. De cinema mostrando uma enorme gama de possibilidades que aquele formato era capaz de apresentar. É possível encontrar muitos públicos que não se dispõem a apreciar este tipo de cinema. No entanto, diversão ou arte, o cinema, quando bem feito, é apreciado, ou apreciável. Eu, particularmente, amo ambos, desde que possua esse requisito: qualidade.

E aí me proponho a ir assistir a um filme que, num primeiro momento, parece ter uma proposta de diversão, com algum cunho filosófico em seu contexto: "Lucy", sabendo que encontraria Scarlett Johannson e Morgan Freeman em seu elenco, o que já dava uma graça pra coisa. Sento-me, com um lanche a tiracolo e adolescentes risonhos atrás de mim. E por quase duas horas fiquei refletindo: como alguém passou seu tempo ocupado fazendo um filme daqueles?

O longa conta a história de Lucy, uma mulher usada por traficantes de droga chineses, para transportar em seu corpo (literalmente), uma nova droga para algumas cidades da Europa e difundi-la entre os jovens daqueles locais. No entanto, ao ser espancada por um dos homens que lhe vigiavam, a droga se espalha por seu corpo, causando um desenvolvimento de seu cérebro a ponto dele alcançar uma capacidade de funcionamento muito superior à atual capacidade do cérebro humano. Com isso, Lucy passa a controlar pessoas e coisas, tendo o poder de se conectar a diversas formas de comunicação. Para repassar seu conhecimento adquirido, Lucy escolhe um cientista, o professor Norman (Morgan Freeman), sendo, ao mesmo tempo, perseguida pelos traficantes.

Eu poderia parar por aqui. Poderia parar porque o filme não inspira a escrever. Por vários motivos. O roteiro do filme é muito desinteressante. É algo que já se viu tanto em tantos filmes. Aliás, em diversos momentos, nem sequer parece um filme de ficção científica, mas um chatíssimo filme de ação, sem o "up" de um Stallone ou Schwarzenegger.

A atriz principal nos faz mais uma vez perceber que nos EUA funciona exatamente como no Brasil e, provavelmente, como no resto do mundo, ou seja, um galã ou uma estrela que "vende", sem necessariamente ser talentoso, costuma ser muito usado nos trabalhos cinematográficos/televisivos. Scarlett Johannson definitivamente não convence, mas vende! Tomara que um dia ela me faça mudar de opinião. O fato é que é uma mulher linda, carismática, mas que não é verdadeira no que faz. No entanto, ela tem aquilo que podemos chamar de "carão". É um rosto que nasceu para estar numa tela. Assim como alguns nomes brasileiros (que não é o caso de citar), Scarlett é cinematográfica, assim como várias atrizes antigas, que possuíam rosto cinematográfico, sem serem atrizes mesmo, de real talento. Morgan, que nos poucos momentos que aparece, é o arraso de sempre, deve se divertir bastante fazendo qualquer tipo de filme. Não é o caso de criticar sua aceitação em participar. Ele gosta. Acho que é isso.

Os detalhes das cenas extras de animais antigos, tempos antigos, momentos de outras pessoas em outros lugares, são do tipo "vergonha alheia". Como? Por quê?

O filme passa o tempo todo fazendo piada de si mesmo. É o pior dentre os que me propus a escrever desde que comecei essa coluna. Só não é o pior filme que assisti esse ano, porque, por algum motivo que ainda desconheço, fui ao cinema assistir "Transformers 4".

A única parte interessante é o diálogo entre Morgan e Scarlett. O primeiro deles. É realmente legal quando ela aparece na TV falando com ele.

Tirando isso...