Paulo César Paulo César 31/3/2012

Fúria de Titãs 2 deslumbra pelos efeitos visuais, mas não apresenta mais atrativos

Ao assistir o trailer é até possível que o público chegue a acreditar que iria ver um filme que fizesse justiça ao grande universo místico e fantástico da mitologia grega. Porém, Fúria de Titãs 2 se mostra tão pobre em roteiro quanto o primeiro, de 2007, além de apresentar uma visão exageradamente deteriorada do contexto literário, procurando valorizar a ação frenética e os clichês hollywoodianos.

Depois de cortar a cabeça da Medusa e derrotar o monstruoso Kraken no primeiro longa, agora o herói Perseu (Sam Worthington) tem de ir até o mundo inferior e salvar seu pai, Zeus (Liam Neeson), aprisionado por Ares (Edgar Ramirez) e Hades (Ralph Fiennes), para que pudessem libertar o grande titã Cronos. Mas, que para que sua missão tenha sucesso, irá contar com a ajuda de um outro semi-deus, Agenor (Toby Kebbell) filho de Poseidon, e da rainha Andrômeda (Rosamund Pike), pela qual sente uma atração.

Todo o filme é construído sobre a mesma plataforma que foi feito na primeira aventura. Do início, em que o protagonista recusa seu papel para com a humanidade, o envolvimento emocional com um familiar, que, no caso, é o filho, e o pulo de cabeça na ação quase ininterrupta, assim como em Fúria 1. Os roteiristas abusam do direito à liberdade de adaptação e criam uma visão que causará grande desconforto para os fãs da obra milenar.

Os clichês básicos do cinemão americano exalam a cada sequência em que as piadas prontas do totem cômico representado pelo semideus Agenor, aliado ao clima meloso, meio forçação de barra, da relação pai e filho, aqui dividido em duas gerações. Para completar a paçoca, a trama não resiste a uma tensão romântica e joga Perseu para cima da rainha da Grécia.

O diretor Jonathan Liebesman mostra que adora trabalhar com efeitos visuais megalomaníacos e, assim como fez em A Batalha de Los Angeles, consegue criar sequências com um excessivo uso de explosões, monstruosidades e pancadarias. Não consegue apresentar algo mais atrativo ao público, que, dificilmente, não sairá do cinema com a sensação de ter visto a mesma coisa em alguns outros filmes.

É provável que padeça no esquecimento, tendo em vista que tem a concorrência de John Carter e Jogos Vorazes, que são melhores, e Os Vingadores, que está para estrear. Com um clímax sem graça, que evidencia a falta de criatividade do roteiro, o longa tem tudo para desacelerar as adaptações da mitologia, que tem sido constante nos últimos anos, e cá entre nós, ninguém irá reclamar.



Paulo César da Silva é estudante de Jornalismo e autodidata em Cinema.
Escreveu e dirigiu um curta-metragem em 2010, Nicotina 2mg.

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