Paulo César Paulo César 29/4/2013

Homem de Ferro 3 traz um herói abalado, sem esquecer a ação e o humor de Robert Downey Jr.

A Marvel encontrou um pote de ouro no fim do arco-íris, quando resolveu colocar suas criações em ação nos cinemas. Começou com os protótipos de X-Men e Homem-Aranha, que, apesar de serem bem-sucedidos no que diz respeito ao retorno financeiro, não conseguiram ser uma unanimidade entre os fãs e sofreram com algumas críticas mordazes (em especial o terceiro filme de ambas as trilogias). Porém, em 2008 colocou um ambicioso projeto em pauta e Homem de Ferro ganhou os cinemas com efeitos arrebatadores e com um Robert Downey Jr. inspiradíssimo em sua ressurreição como o protagonista Tony Stark. Depois de outras glórias das demais "crias" de Stan Lee e Cia., o terceiro capítulo de sua incursão solo, Stark enfrenta seus próprios temores, paranóias e um megavilão estereotipado, tudo sem perder o humor que o faz peculiar.

Depois dos adventos que arrasaram Nova Iorque em Os Vingadores (2012), Tony Stark (Downey Jr., ótimo) está obcecado com a criação de armaduras cada vez mais perfeitas e eficazes. Esta situação causa preocupação em sua namorada e administradora Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) e em seu amigo James Rhodes (Don Cheadle). Mas suas criações se tornam essenciais quando um terrorista conhecido como Mandarim (Bem Kingsley) começa a espalhar o caos pelo mundo com explosões e muitas mortes. Porém, o Homem de Ferro é surpreendido por um ataque surpresa e contando apenas com a ajuda de um pequeno amigo, terá de encontrar um modo de vencer seus medos e dar a volta por cima.

Apesar de o primeiro filme ter apresentado uma forma mais cuidadosa de tratar a mística do personagem, em especial depois do mega sucesso de crítica da série Batman, de Chris Nolan, faltava aquilo que os fãs ansiavam: ação em altas doses. Não que isso tenha sido ruim, foi ótimo para as pretensões do estúdio. Porém, o segundo filme não fez nenhuma coisa nem outra, empacou em um meio termo que apontava para um esfriamento das aventuras do "enlatado", mesmo sob a batuta de um talentoso Jon Fraveu. Contudo, o triunfo da reunião de heróis sob o comando de Joss Whedon mostrou como teria de ser um bom filme do gênero.

Neste Homem de Ferro 3, Shane Black, responsável por sucessos da década de 80/90, como Máquina Mortífera, enxerga o que a trama tem de melhor: seu protagonista. Investe as fichas em Tony, colocando o ser humano que se esconde atrás da poderosa armadura, enfrentando uma espécie de estresse pós-traumático e em crise com Pepper por conta de sua obsessão. Muito mais que a ameaça truculenta de Mandarim, a personificação do mal no filme responde por Alrich Killian (Guy Pearce), que assim como Stark, é um gênio, mas o rancor e a vingança coordenam seus movimentos, justificando a autoflagelação do herói que se sente responsável pelos terríveis acontecimentos.

Talvez o roteiro, também assinado por Black, tenha se perdido na parte final, onde as motivações reais dos vilões não ficam muito claras, mas entende-se, pois se endurecesse demais para o lado do protagonista, seria uma ameaça que necessitaria da ajuda de Capitão América, Thor, Hulk e Cia. Por outro lado, o diretor injetou ação desde os primeiros minutos de filme, revezando as situações dramáticas e os esquetes de humor inconfundíveis. Uma sincronia que merece uma salva de palmas para o trabalho de edição.

Mas não tem como negar que o maior acerto de todo o universo cinematográfico dos estúdios Marvel responde pelo nome Robert Downey Jr. Parece que o herói de lata e o excêntrico bilionário se tornaram alteregos do ator, é como se Stan Lee os tivessem criado inspirados nele. Cada piada, ação inusitada e citações da contemporaneidade são um verdadeiro show que já valia o ingresso.

Se não é um filme para ganhar prêmios, ao menos Homem de Ferro 3 cumpre seu papel como entretenimento de primeira qualidade, hipnótico e imperdível. Mais um arrasa-quarteirão que só aumenta a euforia dos fãs para mais aventuras do Thor, Capitão América e, principalmente, de Os Vingadores.


Paulo César da Silva é estudante de Jornalismo e autodidata em Cinema.
Escreveu e dirigiu um curta-metragem em 2010, Nicotina 2mg.

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