Juiz-forana encontra na arte a forma de expressar sua personalidade inquietaA obra de Nequitz Miguel é caracterizada pela estética apurada e criações ricas em detalhes, extremamente realistas

Victor Machado
*Colaboração
18/5/2011
Nequitz Miguel

Dona de uma personalidade inquieta, a juiz-forana Nequitz Miguel encontrou na arte uma maneira de apresentar ao público um pouco de sua visão do mundo cotidiano. A artista é caracterizada pela estética apurada e criações ricas em detalhes, e extremamente realistas.

Nequitz afirma que sempre gostou de arte e ainda na infância costumava fazer artesanato ou desmanchar peças para remontá-las. "Era um desafio para mim. Queria ver se tinha condições de refazer exatamente igual. Costumo dizer que nasci com paixão e gosto pela arte."

A artista chegou a fazer cerâmica e pintura em tecido antes de seguir o incentivo dos amigos e começar a pintar telas. Segundo ela, a prática serviu como terapia para uma personalidade agitada. "Hás uns 20 anos, encontrei nas telas uma maneira de descarregar minha agitação."

Destacando-se diante de outros artistas, uma de suas primeiras telas fez parte de uma exposição do então professor Oziel Belizio. A pintora ainda teve a oportunidade de estudar História da Arte e Pintura com outros artistas de renome internacional, como Luiz Badia e Bernardi. Nequitz comenta que, apesar do aprendizado com nomes de destaque, ela continua estudando e se atualizando. "Tive a oportunidade de aprender com grandes nomes, o artista tem que se atualizar sempre por causa das mudanças do mundo."

A personalidade inquieta e as influências dos professores refletiram na obra da artista. Ela explica que não gosta de fazer pinturas acadêmicas e organizadas. "Não gosto de coisa muito certinha. Minhas pinturas são contemporâneas, combinam mais com o meu espírito. Mas também não gosto de coisa muito bagunçada. Costumo pintar telas meio abstratas, mas com algum elemento figurativo."

Técnica

A artista utiliza em suas pinturas bastante água e tinta acrílica. "Aprendi que jogar a tinta na tela com a mão e depois jogar água dá um efeito mais bonito. Essa é uma técnica difícil e já perdi algumas telas tentando fazê-la. Só utilizo para fazer o fundo da pintura." Os quadros de Nequitz destacam-se pela grande quantidade de tinta utilizada. Além desses materiais, ela costuma utilizar colagem de papel e tinta óleo. "A tinta acrílica seca mais rápido e a óleo tem algumas características melhores. Dá para trabalhar bem."

Imagens: Reprodução

Prêmios

A pintora juiz-forana já recebeu 19 medalhas de ouro em eventos, durante sua carreira. Recebeu também um quinto lugar na Bienal de Roma e um bronze no Museu do Louvre, além de ter tomado posse na Academia de Artes, Ciências e Letras de Paris, entre outras premiações. "Quando recebi o convite para enviar uma obra para a Bienal de Roma e para o Museu do Louvre, achei a ideia maluca. Nunca me imaginei sequer passando com uma tela na porta de locais que são ícone da arte. Esses são os principais prêmios, pela magnitude, pelo local e pela surpresa de ser premiada, diante de artistas do mundo inteiro."

Exposição

Uma das paixões de Nequitz é a dança. Ela resolveu colocar a música em suas telas e criou a série Música - a Magia da Dança, com 40 trabalhos. A inspiração saiu de um espetáculo de balé. "Fui ver o balé e fiquei apaixonada. Daí começou a surgir essa série. Morando na cidade do Rio de Janeiro desde 1968, Nequitz expõe em sua cidade natal 11 telas da série. A mostra, que é parte do acervo de 40 quadros, pode ser vista até do dia 29 de maio, de segunda a sexta-feira, das 14h às 20h30, na galeria de artes do Fórum da Cultura.

Sobre a inspiração para o trabalho, Nequitz explica que "as imagens vão surgindo ao longo da produção, com cenas de tango, balé e outras danças." Ela comenta que gosta de fazer exposições em Juiz de Fora e já está preparando uma nova série. "Faço pelo menos uma exposição por ano. Essa cidade é a minha raiz e sou muito bem recebida pelo público."

A próxima série da pintora é sobre cenas do cotidiano. "Vejo algumas coisas nas ruas e me inspiro para fazer um quadro. Estou fotografando algumas cenas nas ruas para servir de inspiração." Nequitz lembra que tenta colocar a própria visão dela sobre o fato.

*Victor Machado é estudante do 7º período de Comunicação Social da Faculdade Estácio de Sá

Os textos são revisados por Thaísa Hosken