Quinta-feira, 26 de agosto de 2010, atualizada às 19h

Diagnóstico sobre a situação da população de rua será finalizado até dezembro

Daniele Gruppi
Repórter

A metodologia que será utilizada para realizar o diagnóstico sobre a situação da população de rua em Juiz de Fora foi anunciada pela secretária de assistência social, Silvana Barbosa, nesta quinta-feira, dia 26 de agosto. A previsão é de que o trabalho seja feito de setembro a dezembro. O levantamento, que vai identificar o perfil dos moradores de rua, é uma das ações da Campanha "Não Dê esmola, Mostre um Caminho".

Segundo Silvana, o objetivo é atualizar as informações sobre a população para traçar as políticas relacionadas a este público. O primeiro levantamento foi feito há quatro anos. Mais de 700 estavam em situação de rua, sendo que mais da metade era catador de papel. Além disso, o diagnóstico alinha-se à proposta da Câmara Municipal de Juiz de Fora, que pretende descobrir o perfil dos flanelinhas na cidade.

Para o trabalho, serão mobilizadas cerca de 60 pessoas, entre técnicos e estagiários. "A opção por não terceirizar a pesquisa foi para garantir mais agilidade ao processo. Trata-se também de um procedimento mais econômicos, pois os técnicos já trabalham na Prefeitura."

Serão identificados quatro grupos de população em situação de rua. Os moradores de rua serão os primeiros pesquisados. Este grupo está subdividido em pessoas que não possuem residência fixa e dormem na rua e em pessoas que não possuem residência fixa e dormem em equipamentos como albergues.

O segundo grupo é o da população em situação de mendicância, ou seja, indivíduos que possuem residência fixa, mas não possuem emprego formal ou informal, obtendo sua renda pedindo esmolas. Crianças e adolescentes em situação de renda e de trabalho infantil também integram um grupo da pesquisa. Silvana garante que não há atualmente crianças desabrigadas em Juiz de Fora. Por fim, a população em situação de atividade informal será analisada. Esta está subdivida em flanelinhas, artistas de rua e catadores de material reciclável.

De acordo com a secretária, um questionário composto por questões objetivas e dissertativas será aplicado em áreas que possuem incidência de população em situação de rua. Em julho, o CREAS População de Rua levantou as áreas e entre elas estão a rua Barbosa Lima, Halfeld, Batista de Oliveira, Mister Moore, avenida Brasil, Praça Jarbas de Lery (São Mateus), Praça dos Três Poderes e Praça da Estação (ver mapas). Entretanto, Silvana afirma que o trabalho não vai ficar restrito a estes locais e a previsão é de que cada lugar seja visitado três vezes.

Silvana destaca que a faixa etária da maioria das pessoas em situação de rua está concentrada entre os 30 e 40 anos. A incidência do sexo masculino também é maior do que a do feminino. Segundo a secretária, Juiz de Fora não possui estrangulamento em casas de assistência social. "Temos vagas em albergue. Precisamos fazer um trabalho de convencimento para que as pessoas voltem, por exemplo, ao convívio familiar. Não podemos usar força para tirar ninguém da rua."

Casas de assistência

Em Juiz de Fora, há o Núcleo de Cidadão de Rua, um albergue per noite, com capacidade para 150. Nele há dez vagas disponíveis. "Muitas pessoas resistem a dormirem no albergue devido às regras." No Creas População de Rua, que funciona das 7h às 23h e comporta 200 pessoas, o atendimento é oferecido a apenas 160. Na Casa da Cidadania, abrigo 24 horas, há vaga para 80 pessoas, mas só 70 usufruem do serviço.

Ela afirma ainda que a Prefeitura oferece o auxílio-moradia, no valor de R$ 200. "Pretendemos até o final do ano acabar com o auxílio para que as pessoas entrem no Programa Minha Casa, Minha Vida."

Ações da campanha

Além do diagnóstico, a Campanha "Não Dê esmola, Mostre um Caminho" conta com outras iniciativas a serem realizadas no próximo mês. Nos sinais de trânsito, ações educativas vão inibir motoristas de darem esmolas. Silvana afirma que os juizforanos devem cobrar da Prefeitura mais assistência e não dar esmolas.

Um curso de capacitação profissional em jardinagem e capina, em parceria com o Demlurb e Empav, também integra as ações da campanha. "Serão duas turmas e a duração será de seis meses", diz Silvana. Haverá também o lançamento da cartilha sobre os direitos do morador de rua, o cadastro da população de rua no Bolsa Família e a construção da Central de Triagem dos Catadores, que contará com 35 boxes e terá capacidade para até 40 pessoas.