Terça-feira, 7 de dezembro de 2010, atualizada às 18h

Falta de articulação para que JF seja base camp da Copa 2014 é alvo de crítica durante audiência pública

Aline Furtado
Repórter

A falta de articulação entre os diversos setores da sociedade, como poder público, Legislativo, instituições privadas e a população, para que Juiz de Fora seja base camp da Copa do Mundo de 2014, foi alvo de críticas durante audiência pública realizada nesta terça-feira, 7 de dezembro, na Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF). "Falta transparência. A sociedade civil precisa estar presente no processo. Não consigo entender por que a Prefeitura de Juiz de Fora está agindo pautada pelo silêncio", critica o vereador Flávio Cheker (PT).

O planejamento para que a cidade se inscreva como base camp, ou seja, local onde as delegações se hospedarão temporariamente, enquanto não estão nas sedes oficiais dos jogos, teve início no ano passado. "Mas, de uma hora para outra, fomos retirados do processo, que passou a ser desenvolvido apenas pela Secretaria de Esporte e Lazer [SEL]. Até que, mais recentemente, tivemos a informação de que um empresário, proprietário de um estabelecimento na vizinha Matias Barbosa, demonstrou interesse em receber alguma delegação", explica o presidente do Juiz de Fora Convention & Visitors Bureau, Marco Antônio Coimbra.

Contudo, o secretário de Esporte e Lazer, Renato Miranda, afirmou que o Executivo está dando continuidade à iniciativa de fazer da cidade a base camp, sem que haja, por enquanto, qualquer tipo de definição. "Estamos trabalhando de forma articulada e, conforme orientações da Fifa, em silêncio. Não se trata de estratégia política." Miranda confirmou, ainda, a possibilidade de a base ser instalada em Matias Barbosa, próximo à divisa do município com Juiz de Fora.

"Mas é preciso destacar que nada está fechado, até porque apenas em agosto do próximo ano as seleções assinarão os pré-contratos de participação no campeonato. Além disso, temos que pensar de forma geral, focando na cidade e na região. Segundo representantes da Fifa, Juiz de Fora tem potencial para virar base camp e se tornar, inclusive, modelo para o país."

Miranda explica, ainda, que, segundo determinações da Fifa, o local que servirá como acomodação para alguma seleção que disputará a Copa do Mundo deve oferecer segurança, privacidade e conforto, não tendo nenhuma construção no entorno. Para o vereador José Sóter de Figueirôa Neto (PMDB), é preciso traçar um planejamento estratégico, com um protocolo de intenções entre universidades, prefeituras e empresas de municípios da região. "Além disso, é fundamental destacar que falta vontade política do prefeito desta cidade", criticou o legislador.

O consultor empresarial Otávio Bruno Alonso de Sá também destaca a falta de iniciativa. "Será um absurdo a cidade ficar fora da escolha, por falta de colocar em prática ações concretas. Temos uma série de fatores a nosso favor, como a proximidade com grandes centros que serão sedes dos jogos, como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, além da boa infraestrutura de restaurantes, hotéis e ginásios. Mas falta unidade entre os diferentes segmentos da sociedade."

Representação

Na última segunda-feira, dia 6, a Câmara aprovou uma representação que será enviada ao ministro dos Esportes, Orlando Silva. O documento solicita a análise da possibilidade de Juiz de Fora se tornar base camp, além de verificar a viabilização de reforma no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. A representação é de autoria do vereador Carlos Bonifácio (Pastor Carlos - PRB), proponente da audiência.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken