Mulheres já representam 25% do mercado de bolsa de valores

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Mulheres já representam 25% do mercado de bolsa de valoresCrescimento no número de investidoras é explicado pelo perfil da mulher independente e a busca pela estabilidade financeira

Victor Machado
*Colaboração
11/3/2011

Investir na bolsa de valores era considerado um mercado masculino. No entanto, as mulheres vêm se inserindo neste grupo. De acordo com dados da BM&FBovespa, em 2011, elas já representam 24,78% dos investidores. Em Juiz de Fora, uma corretora registra 20% de público feminino, em busca de investimentos.

Em 2002, pouco mais de 15 mil mulheres arriscavam-se no mercado de bolsa de valores, o que representava 17,63% do total. Em 2010, mais de 151 mil mulheres já investiam nesta área, chegando a 24,76%. Esses números apontam um crescimento de 136 mil mulheres investindo na bolsa.

Em janeiro de 2011, as mulheres investiram mais de R$ 22 bilhões. Somente em Minas Gerais, foram aproximadamente R$ 1,23 bi. Mulheres acima de 66 anos representam 8,61% das investidoras, enquanto as de 46 a 55 anos chegam a 4,34% e de 56 a 65 anos a 4,96%.

Em Juiz de Fora, a procura por cursos para investir na bolsa também cresceu. Dados de um escritório de consultoria apontam que, há dois anos, uma ou duas mulheres procuravam o curso. Em fevereiro deste ano, 13 mulheres buscaram conhecimento para investir, o que representa 30% do total. Na cidade, cerca de 20% dos investidores são mulheres.

Devido ao crescimento, os agentes de investimento Luciano Castanon e Henrique Castanon, explicam que, hoje em dia, já existem eventos totalmente voltados para a mulher. "Palestras e cursos já são feitos, especificamente, para esse público. É um perfil bem diferente dos homens e a procura vem crescendo, isso motivou a criação dos treinamentos", explica Henrique. Ele comenta que, em Juiz de Fora, o número de homens sempre foi maior, mas a realidade vem mudando. "Dois anos atrás, nós não contávamos com mulheres e focávamos apenas no público masculino. Hoje posso garantir que tivemos que mudar".

De acordo com Luciano, as mulheres têm se tornado mais independentes e, por isso, procurado o mercado de investimento. "O perfil da mulher mudou. Hoje, elas buscam também a estabilidade financeira pessoal, assim como os homens", opina Luciano.

Luciano explica ainda que a queda dos juros fez com que a procura por investimento de renda fixa, poupança por exemplo, diminuíssem. "A busca hoje é por rendas variáveis, como fundo imobiliário, títulos e ações, tudo por meio da bolsa", comenta. Esse também é um dos motivos que influenciaram o crescimento no número de mulheres na bolsa de valores. "Elas começaram a investir e perceberam que esse é um bom mercado, com um bom retorno". 

Perfil da investidora

Henrique afirma que as mulheres que possuem mais conhecimento, que leem mais e participam de cursos, são as que mais buscam esse mercado. "Temos clientes que trabalham com economia, administração e até ramos completamente distintos. Aquelas que têm um conhecimento mais aprofundado e que já sabem do potencial financeiro da bolsa são maioria. Todas buscam a estabilidade financeira".

A principal diferença, apontada pelos agentes, entre o perfil dos investidores masculinos e femininos é que as mulheres são mais conservadoras. Segundo Luciano, o homem aceita correr riscos maiores, já as mulheres têm mais calma e buscam empresas estáveis e rendimentos a longo e médio prazo. "Claro que existem exceções, mas o homem é mais agressivo".

Começar a investir

O conhecimento é considerado essencial para aqueles que desejam iniciar investimentos na bolsa. Henrique acredita que procurar palestras e cursos é importante para saber onde será investido o dinheiro. "Tendo conhecimento, o risco de perder dinheiro cai." Disciplina, paciência e estratégia também são importantes. "São características que podemos perceber nas mulheres."

O agente alerta que existem muitas áreas da bolsa de valores que ainda são desconhecidas das pessoas. Um exemplo dado é o do investimento no mercado imobiliário. "Poucos sabem que esse investimento gera a isenção do Imposto de Renda. Quando a pessoa compra um imóvel e aluga, ela recebe o aluguel, mas paga o imposto. No mercado imobiliário é como se recebesse apenas o aluguel." Portanto, segundo ele, a principal dica é buscar formas de conhecer o mercado da bolsa de valores, antes de investir. 

*Victor Machado é estudante do 7º período de Comunicação Social da Faculdade Estácio de Sá

Os textos são revisados por Thaisa Hosken