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A nova corrupção brasileira

César Benjamin - Dezembro 2015
 

A corrupção realmente mudou de patamar nos últimos anos. Em delação premiada, executivos da Carioca Engenharia confessaram um pagamento de R$ 52 milhões para Eduardo Cunha, em troca da liberação do uso de recursos do FGTS nas obras do chamado Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.

Além dos valores em si - R$ 52 milhões em uma só tacada! -, duas coisas chamam a atenção.

Primeira: Eduardo Cunha podia aprovar ou não o uso do FGTS nessas obras porque tinha indicado o vice-presidente da Caixa Econômica Federal que era responsável por esse setor. Um cargo que deveria ser de natureza técnica estava na "cota do PMDB". É assim que funciona o nosso "presidencialismo de coalizão", que destruiu o Estado brasileiro.

Segunda: a propina foi depositada no banco suíço BSI, comprado por André Esteves, ex-dono do BTG Pactual e atualmente preso em Bangu 8 [sua prisão preventiva passou a domiciliar por decisão do ministro Teori Zavascki em 17 dez.]. O principal executivo desse banco é Guilherme Paes, irmão do prefeito Eduardo Paes, do PMDB do Rio de Janeiro. Os "recursos não contabilizados" da Copa do Mundo, das Olimpíadas, do Comperj, do Porto Maravilha e de outras obras foram para o BSI.

Em vez de depositar dinheiro em um banco suíço, esse pessoal comprou um banco suíço para funcionar como uma espécie de "banco central" de negócios heterodoxos. Como escrevi no início deste post, é outro patamar.

Isso significa que André Esteves, Guilherme Paes e, por extensão, Eduardo Paes têm muitos políticos na mão, pois são guardiães de suas fortunas.

Eduardo Paes é candidato a presidente do Brasil em 2018 pelo PMDB.

Tudo isso ajuda a dar a dimensão da crise brasileira. Deu metástase.

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César Benjamin é economista e editor da Contraponto.

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Fonte: Especial para Gramsci e o Brasil.

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