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Os estudos gramscianos depois de 1989

Giuseppe Vacca - Março 2008
Tradução: Luiz Sérgio Henriques
 

Gostaria de delimitar minha intervenção: só vou me referir ao modo pelo qual a Fundação Instituto Gramsci abordou o tema dos estudos gramscianos nos últimos vinte anos; em seguida, vou me deter nas investigações e interpretações que se desenvolveram na Itália no mesmo período.

Desde 1989 a Fundação se dedicou a completar o próprio patrimônio arquivístico, a favorecer ou promover a publicação de novas fontes e de novas pesquisas sobre Gramsci, a encaminhar uma nova edição crítica integral dos seus escritos. Além disso, esforçamo-nos por dialogar com os estudiosos estrangeiros do seu pensamento, que, nos anos anos oitenta do século passado, já eram em número relevante e constituíam uma realidade a ser seguida com atenção e a ser favorecida, quer com ações editoriais, quer com iniciativas culturais focadas.

Recordo rapidamente os momentos salientes destas atividades. Graças ao novo clima criado em Moscou pela perestroika, retomamos as missões de pesquisa nos arquivos do Komintern, recuperando fontes essenciais para o estudo da vida e do pensamento de Antonio Gramsci [1]. Entre as recuperações de documentos de 1989, recordo aqueles que, preenchendo evidentes lacunas presentes nas aquisições anteriores, permitiram a Chiara Daniele e a mim reconstruir com bases filológicas mais satisfatórias a origem e o significado da correspondência entre Gramsci e Togliatti em outubro de 1926 [2].

Além disso, naquele ano foi possível uma primeira recuperação, muito relevante, dos documentos do Komintern relativos à "herança literária" de Gramsci. Publicados em 1991 [3], aqueles documentos nos permitiram começar as investigações sobre a primeira edição das Cartas e dos Cadernos. Este trabalho, muito útil para a preparação da nova edição crítica dos escritos de Gramsci, prosseguiu nos anos seguintes, ainda que prejudicado pelas restrições novamente impostas ao acesso aos arquivos ex-soviéticos, depois do breve período liberal de 1992-1993. Todavia, consideramos ter alcançado resultados consistentes, recolhidos em duas publicações significativas: "‘L’affare Gramsci-Togliatti’ a Mosca (1938-1941)", de Silvio Pons [4], e Togliatti editore di Gramsci, que se deve a Chiara Daniela e a mim [5].

Como se vê, quisemos desde o início dedicar muitas energias à reconstrução da biografia política de Gramsci nos anos de detenção, aprofundando as pistas de investigação abertas por Paolo Spriano com seu ensaio pioneiro de 1977, Gramsci in carcere e il partito [6]. Ao fazê-lo, seguimos um cânone metodológico sugerido por Togliatti desde 1958. Com efeito, nas "anotações" preparatórias para o relatório no primeiro encontro de estudos gramscianos, Togliatti escreveu: "Gramsci foi um teórico da política, mas sobretudo foi um político prático, isto é, um combatente [...]. Na política [pois] deve-se buscar a unidade da [sua] vida: o ponto de partida e o ponto de chegada". Em janeiro de 1958, fazendo estas afirmações, Togliatti não só reiterava um ponto de vista respeitável sobre a figura de Gramsci, mas também sugeria um critério para o estudo dos seus textos e a reconstrução da sua biografia intelectual. O único válido, a seu ver, uma vez que pouco depois acrescentava que o "fio condutor" da obra de Gramsci "não se pode encontrar e não se encontra a não ser na atividade real, que parte dos tempos da juventude e progressivamente se desenvolve até o advento do fascismo no poder, até a detenção e mesmo depois". Consciente da necessidade de se ater a este método, porque até 1926 o pensamento de Gramsci estava disseminado em intervenções jornalísticas e políticas de contextualização difícil e, quanto às Cartas do cárcere e aos parágrafos dos Cadernos, a reconstrução dos contextos requeria uma investigação ainda mais complexa, Togliatti concluía:

Toda a obra escrita por Gramsci deve ser tratada partindo dessa última consideração, mas é tarefa que só pode ser assumida por quem se aprofunde tanto no conhecimento dos momentos concretos da sua ação a ponto de reconhecer o modo como a estes momentos concretos se conecte toda formulação e afirmação geral de doutrina, e seja tão imparcial a ponto de saber resistir à tentação de fazer prevalecer falsas generalizações doutrinárias [sobre] o nexo evidente que une o pensamento aos fatos e movimentos reais [7].

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Para levar a cabo uma tal iniciativa faltaram por muito tempo as condições, mas, a partir de 1989, a situação começou a mudar sensivelmente. Junto com os novos documentos conseguidos, que mencionei, Aldo Natoli publicou uma investigação sobre Tatiana Schucht, Antigone e il prigioniero [8], que inaugurava um novo período de pesquisas e de novas publicações. Levado pela vontade de esclarecer as muitas "obscuridades" presentes nas Cartas do cárcere, não atribuíveis à necessidade de contornar a censura fascista, na primavera de 1988 Natoli começara um exame sistemático das cartas de Tania (muitas das quais consistiam em transcrições de cartas de Sraffa e de Giulia endereçadas ao prisioneiro) e um estudo acurado da correspondência de ambos. Ele encontrava, assim, confirmação para a convicção que havia amadurecido há tempos, isto é, que "uma leitura das Cartas do cárcere desligada das vicissitudes reais do mundo moral e político do qual Gramsci fora arrancado, só [podia] servir para fornecer belos excertos para antologias", quando a correspondência de Tania tanto com Gramsci quanto com Sraffa se revelava uma fonte essencial para pesquisar a fundo o percurso humano e político do prisioneiro" [9].

No ano seguinte - 1991 -, Valentino Gerratana publicou as cartas que Piero Sraffa endereçara a Tania para que as transcrevesse para Gramsci [10], enquanto Giuliano Gramsci publicava as cartas de Tania à família Schucht e aos familiares de Gramsci residentes em Ghilarza [11]. Estas publicações, no seu todo, "começaram a fazer com que a figura de Tatiana saísse do silêncio historiográfico no qual permanecera por mais de cinqüenta anos" [12] e derrubaram as censuras políticas e "o preconceito intelectualista e culturalmente patriarcal, segundo o qual uma obscura figura feminina conta pouco ou nada em relação ao grande intelectual e dirigente político, salvo no plano, irrelevante historicamente, do cuidado afetivo e material" [13]. A Fundação Instituto Gramsci, em seguida, confiaria a Aldo Natoli e a Chiara Daniele a organização do epistolário entre Gramsci e Tania Schucht, que, depois de uma longa e acurada preparação, veio a luz em 1997. Com esta publicação, o mundo afetivo e familiar do prisioneiro se revelava cada vez mais importante também para sua biografia política, e a Tatiana "se restituía o papel de co-protagonista na trajetória humana e política de Antonio Gramsci" [14].

Ao mesmo tempo, uma minuciosa investigação sobre as relações entre Gramsci e o partido, relativa às campanhas de 1932-1934 para sua libertação, foi levada a cabo por Claudio Natoli [15]. Neste panorama de novos documentos, novas investigações e novas publicações, as principais lacunas ainda são representadas pela interrupção, no final de 1934, das cartas de Tania aos familiares russos e pela não publicação da correspondência entre Gramsci e Giulia, e entre Tatiana e Sraffa. Para a supressão da primeira lacuna - Tania volta a Moscou no final de 1938 e continuara a escrever regularmente aos familiares mesmo depois de 1934 - se está procedendo com entusiasmo graças ao esforço de Antonio Gramsci Jr., que há alguns anos, de Moscou, colabora nas investigações para a Edição Nacional dos escritos de Gramsci. Na correspondência entre Sraffa e Tatiana estamos trabalhando Chiara Daniele e eu, e este epistolário se revela cada vez mais decisivo para a biografia de Gramsci desde a detenção até a morte. Portanto, as publicações surgidas entre 1990 e 2005 mudaram radicalmente o panorama das fontes e lançaram as bases para proceder tanto à redação de uma biografia completa de Gramsci, quanto à contextualização dos parágrafos dos Cadernos do cárcere.

Bem verdade que relacionar os escritos de Gramsci ao contexto histórico político em que foram concebidos, dia após dia, é uma tarefa que supera as forças de um só pesquisador. Em parte, ela foi realizada por aqueles que organizaram as Obras para a editora Einaudi, mas só poderá ser completada pelo numeroso e qualificado grupo de estudiosos que tratam da publicação da Edição Nacional.

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A Edição Nacional dos escritos de Antonio Gramsci começou a ser publicada em 2007. A idéia de uma nova edição crítica integral dos escritos de Gramsci originou-se não só da necessidade de superar os limites das edições precedentes, cada vez mais evidenciados pela continuidade das investigações e das aquisições documentais, mas também da exigência de corresponder a novas responsabilidades político-culturais: por um lado, a extensão das traduções dos escritos de Gramsci e do interesse pelo seu pensamento no mundo nos fazia sentir obrigados a predispor instrumentos filológicos e críticos mais precisos para o estudo de Gramsci que só a cultura italiana pode fornecer; por outro, considerávamos que uma edição crítica integral dos escritos pudesse responder do modo mais apropriado à marginalização que o pensamento de Gramsci sofrera na Itália, na década anterior.

Em 1975, apresentando a edição crítica dos Cadernos, Valentino Gerratana ilustrava as razões pelas quais tinham sido organizados com os critérios que se aplicam aos escritos de um pensador já então tornado clássico. Consideramos que aqueles critérios deveriam ser estendidos a todo o corpus dos escritos gramscianos e que seria uma tarefa prioritária da Fundação tratar disso. Portanto, pensamos que a nova iniciativa poderia ambicionar ao título de Edição Nacional. Com esforço, e não sem acesas disputas, em 1993 o projeto já estava definido nas suas linhas essenciais [16]. Mas, antes de ilustrar brevemente suas linhas, parece oportuno deter-me na internacionalização do pensamento de Gramsci.

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A fortuna internacional de Gramsci teve início nos anos setenta do século passado e, a partir de então, teve um desenvolvimento cada vez mais consistente. Pode-se assumir como momento tópico desta "explosão" o ano de 1977, no quadragésimo aniversário da sua morte. Além das muitas iniciativas científicas e políticas que celebraram o acontecimento, uma série de eventos contribuiu para avivar o interesse pela herança cultural gramsciana no mundo. Entre eles, os primeiros eram de caráter político e estavam ligados à notável atenção que suscitaram, na Itália e no exterior, a estratégia do "compromisso histórico" e o eurocomunismo. Um segundo elemento importante foi o encontro com Gramsci de inúmeros intelectuais latino-americanos: estes "descobriram" no pensamento de Gramsci um antídoto eficaz às tradições marxistas difundidas precedentemente nos seus países, oprimidos naqueles anos por ditaduras militares, e um ponto de referência fundamental para elaborar estratégias políticas novas, democráticas e nacionais. Mas o veículo mais eficaz da difusão do pensamento de Gramsci foram algumas valiosas antologias em língua inglesa [17].

O fenômeno teve impulso adicional com a publicação da edição cronológica dos Cadernos, que deu início a um novo e mais amplo ciclo de traduções. Se bem que uma edição diacrônica seja pensada sobretudo para uma fruição do texto na língua original, a publicação dos Cadernos com critérios fortemente conservadores, quase à moda da diplomática, provocou um forte interesse por uma tradução integral do novo texto em inúmeras línguas de cultura. Cada empreendimento foi longo e extenuante, e levado a cabo num arco de tempo bastante amplo; mas já há alguns anos se ultimaram as traduções em francês, em espanhol, em português e em alemão; a tradução americana está perto do final e a japonesa está num estágio muito avançado. Ao contrário, o conjunto completo das cartas do cárcere, nestes vinte anos, só foi traduzido em inglês, em espanhol e, por fim, em chinês.

A partir do final dos anos oitenta, a Fundação começou a seguir com maior cuidado a difusão internacional do pensamento gramsciano e tentou corresponder a ela com novas iniciativas culturais e o estabelecimento de novos instrumentos de investigação. Em outubro de 1989, a Fundação organizou em Formia o encontro dedicado a Gramsci nel mondo, no qual pela primeira vez se fazia um balanço da difusão internacional do pensamento gramsciano [18]. Naquela ocasião foi fundada a International Gramsci Society (IGS), sob a presidência de Valentino Gerratana, que conseguiu a adesão de muitos estudiosos de inúmeros países [19]. Enquanto isso, John M. Cammett, pioneiro desde os anos sessenta dos estudos gramscianos nos EUA, compilava uma primeira versão impressa de um amplo banco de dados eletrônicos, no qual a bibliografia gramsciana, anteriormente recolhida por Elsa Fubini, era complementada com uma grande quantidade de informações provenientes da literatura internacional. Logo depois do encontro de Formia, a Fundação decidiu produzir uma edição impressa da bibliografia de Cammett, que veio à luz em 1992 [20]. A Bibliografia gramsciana, que hoje inclui mais de 17 mil itens, é continuamente atualizada e agora publicada on line, sob os cuidados do mesmo Cammett, de Luisa Righi e Francesco Giasi.

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No mesmo período em que o interesse pelo pensamento de Gramsci se multiplicava em inúmeras áreas culturais estrangeiras, na Itália se verificava um declínio da sua influência e uma contestação radical da sua lição. A tentativa mais virulenta e, sob muitos aspectos, grotesca de fazer passar a teoria gramsciana da hegemonia como um disfarce da ditadura do proletariado de tipo soviético foi realizada pela revista socialista Mondoperaio entre 1976 e 1977 [21]. Por cerca de uma década, assistiu-se, pois, a uma crescente discrepância entre a fortuna internacional de Gramsci e o debate italiano sobre sua figura. Este último permaneceu preso numa mesquinha disputa ideológica sobre sua incidência política na arena nacional, enquanto no mundo seu pensamento já era estudado como um clássico da filosofia política e dos estudos sobre cultura [22]. Como já disse, até para responder a esta situação absurda, promovemos a Edição Nacional.

O projeto foi posto sob o alto patrocínio do presidente da República, Francesco Cossiga, em 1990. Assim, depois de quinze anos de controvérsias e duras polêmicas, motivadas pela intenção de diminuir a figura de Gramsci e marginalizar seu pensamento, seguia-se o mais alto reconhecimento do valor científico e cultural da sua obra. O transcurso do tempo e as grandes mudanças ocorridas na Itália e no mundo o favoreceram. Com efeito, à medida que a publicação dos seus escritos se completava na Itália e crescia a difusão deles nas principais áreas lingüísticas e culturais do mundo, tornava-se cada vez mais evidente que o pensamento de Gramsci ilumina problemas fundamentais da história do século XX e do nosso tempo.

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Parece-me oportuno, neste ponto, ilustrar brevemente as principais novidades da Edição Nacional. Antes de mais nada, uma edição dos escritos e não das "obras". Gramsci foi um político, um "combatente", cujo pensamento está disseminado em escritos jornalísticos, intervenções políticas e nos "parágrafos" dos Cadernos do cárcere, recolhidos em volume só depois da sua morte. Portanto, ele não nos deixou "obras", mas "escritos", que compõem um corpus extraordinariamente unitário, desde que se possa reconstruir seu "ritmo do pensamento em movimento", secundando os escritos com o aparato filológico indispensável para reconstituir os contextos. Em segundo lugar, sua atividade jornalística (1910-1926) está presente em artigos predominantemente não assinados. Assim, em relação às publicações precedentes, a Edição Nacional procede verificando suas transcrições e atribuições, além de cercá-los com um aparato filológico muito mais acurado. Novidade significativa é a adoção de software repetidamente testado, que permite a atribuição dos artigos não assinados segundo critérios lingüístico-matemáticos, sem que os organizadores abram mão da responsabilidade de acolhê-los ou recusá-los, complemetando os critérios automáticos com os críticos tradicionais.

Outra novidade significativa é a decisão de incluir na Edição Nacional não só a correspondência gramsciana (com Tatiana e Giulia Schucht e outros correspondentes), mas também as "correspondências paralelas", decisivas para o período carcerário (as cartas entre Piero Sraffa e Tatiana Schucht, Tatiana e seus familiares, e outras). Portanto, na Edição Nacional proceder-se-á de modo a suprimir uma grave lacuna, segundo critérios que permitem aos epistolários cumprir sua tarefa precípua, a de possibilitar a reconstruição integral da biografia intelectual do nosso autor.

Depois da publicação da edição cronológica dos Cadernos, o prof. Gianni Francioni refinou progressivamente os critérios de datação e agrupamento dos "parágrafos" que os compõem, e a ele está confiada a direção da sua publicação na Edição Nacional. Nela, eles serão ordenados em Cadernos de traduções, Cadernos miscelâneos e Cadernos especiais. A novidade mais significativa é a publicação dos Cadernos de traduções, excluídos da edição Gerratana e quase inteiramente inéditos. Recolhidos em dois volumes de aproximadamente 900 páginas, foram publicados em 2007 e apresentados em Oristano, em 30 de abril, na presença do chefe de Estado, Giorgio Napolitano. Publicada pelo Instituto da Enciclopédia Italiana, a Edição Nacional constitui um empreendimento cultural inovador e de grande responsabilidade, que nos propomos concluir num número razoável de anos [23].

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Às orientações sumariamente recordadas também correspondem os critérios que seguimos para fazer face às datas comemorativas gramscianas e promover novas iniciativas editoriais. Também nestes campos tentamos orientar o trabalho da Fundação no sentido de criar ou captar novas ocasiões de pesquisa, evitando envolver Gramsci em disputas ideológicas ou interpretativas. Já o encontro internacional de 1989 sobre Gramsci nel mondo, que reunira principalmente os tradutores e os editores de Gramsci, teve um caráter mais filológico-cultural do que interpretativo. Em vez disso, o encontro de 1997, dedicado a Gramsci e il Novecento, propôs-se documentar o modo pelo qual os estudiosos italianos e estrangeiros de diversas disciplinas, influenciados pela variedade das áreas lingüísticas e culturais de origem, empregavam as categorias gramscianas na interpretação do século XX [24].

Em 1987, o encontro sobre Morale e politica in Gramsci, promovido pela Fundação em Roma, e aquele sobre Gramsci e l’Occidente, organizado juntamente com o Instituto Gramsci Emilia-Romagna e a direção nacional do PCI em Bolonha [25], registraram uma relevante participação de estudiosos estrangeiros provenientes da Europa, dos Estados Unidos, da América Latina e da Ásia. No encontro de 1997 sobre Gramsci e il Novecento, também participaram estudiosos canadenses. Graças à presença dos pesquisadores estrangeiros nos quatro encontros citados, os estudiosos de Gramsci no nosso país e a cultura italiana no seu conjunto puderam aprofundar o conhecimento da difusão internacional do pensamento de Gramsci: em particular, souberam da sua influência sobre a "escola da regulação", que floresceu na França nos anos oitenta, que havia elaborado novas categorias para o estudo da economia mundial, e sobre a "escola de Toronto", que nos mesmos anos havia dado impulso ao emprego da teoria gramsciana da hegemonia na análise das relações internacionais. Em vez disso, as comunicações dedicadas à difusão do pensamento de Gramsci nas culturas anglófonas davam conta da sua influência no desenvolvimento dos cultural studies desde os anos setenta, enquanto aquelas relativas à América Latina mostravam que, em alguns países decisivos do continente, o pensamento de Gramsci influíra consideravelmente na mudança de orientações de elites intelectuais significativas por causa dos seus laços com a história nacional e as lutas populares.

Para entrar em rede com estes processos, de grande interesse cultural também para a Itália, em 2007 iniciamos uma publicação anual que se baseia na bibliografia gramsciana on line: os Studi gramsciani nel mondo. Com esta publicação, pretendemos oferecer uma escolha dos mais significativos escritos dedicados a Gramsci ou inspirados pelo seu pensamento em todas as áreas lingüísticas e culturais do mundo. Pretendemos assim informar mais amplamente o público culto italiano sobre a fortuna internacional de Gramsci, que gira em torno de diferentes elaborações da teoria da hegemonia. Estas se projetam no estudo das relações internacionais, na análise dos processos de globalização e da interdependência econômica e política, na teoria da cultura, nos estudos sobre a sociedade civil e naqueles dedicados à subjetividade das classes subalternas, às teorias da linguagem, da educação e das comunicações sociais [26].

No campo internacional, a colaboração mais intensa se desenvolveu com os estudiosos de Gramsci na América Latina. Nestes vinte anos, inúmeros foram os encontros internacionais organizados com nossa colaboração, sobretudo no México [27]. Estas experiências nos deram a possibilidade de seguir de perto a grande mudança verificada na vida política e intelectual daqueles países, bem como de perceber a importância que a difusão de Gramsci teve e tem no florescimento da democracia no continente ibero-americano. Por fim, para aumentar o conhecimento da fortuna internacional de Gramsci na Itália, no ano passado, junto com a seção italiana da International Gramsci Society, organizamos o encontro Gramsci le culture e il mondo, dedicado às ramificações principais dos cultural studies: a "escola de Calcutá", a "escola de Birmingham" e os chamados post-colonial studies [28].

Nos últimos anos, o panorama dos estudos gramscianos na Itália mudou consideravelmente. Não é mais verdade que Gramsci seja mais conhecido no exterior do que no nosso país. Graças também ao trabalho feito pela Fundação e às investigações desenvolvidas para a Edição Nacional, uma nova fornada de estudiosos de muito valor se formou e está se consolidando. Isto nos permitiu dedicar no ano passado um encontro de estudos sobre Gramsci nel suo tempo [29], que envolveu apenas estudiosos italianos. O desenvolvimento da documentação e das pesquisas que descrevi sumariamente torna hoje possível um enquadramento histórico satisfatório da vida e do pensamento de Gramsci. A Edição Nacional dos escritos será sua verdadeira biografia intelectual e política. Mas, com base no trabalho desenvolvido até agora, podemos nos propor a promoção de novas pesquisas e novos estudos tanto sobre a vida quanto sobre o pensamento de Gramsci, favorecendo, em primeiro lugar, sua presença na cultura e na política italianas. O objetivo não pode prescindir da sedimentação das interpretações e dos debates que se desenrolaram, em quase sessenta anos, nos mais diversos âmbitos das disciplinas humanistas. Quem quiser estudar Gramsci na Itália deve haver-se atentamente com esta realidade. Para tal fim, aceitamos a proposta de Angelo D’Orsi de preparar uma Bibliografia gramsciana comentada dos estudos italianos ou traduzidos na nossa língua. Em breve virá à luz o primeiro volume, que chega até 1967.

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A partir da segunda metade dos anos setenta do século passado, os estudiosos que participam da renovação da interpretação do pensamento de Gramsci compartilham a convicção de que o núcleo dinâmico dos Cadernos esteja nos parágrafos dedicados ao Americanismo, de que a principal categoria analítica introduzida por Gramsci na pesquisa histórica seja o conceito de "revolução passiva", e de que desta tenha tido origem o desenvolvimento de um pensamento original, baseado na teoria da hegemonia. O pensamento de Gramsci no cárcere chega ao amadurecimento entre 1932 e 1934 e contém uma visão do século XX que antecipa um nexo de problemas hoje tornados ainda mais evidentes. São os problemas da globalização da economia mundial e do seu impacto sobre os sistemas nacionais. A reflexão de Gramsci culmina numa nova idéia da política. As pesquisas sobre a história do marxismo contida no Caderno 11, sobre a filosofia de Benedetto Croce contida no Caderno 10 e sobre os intelectuais e a política (Cadernos 12 e 13) constituem os capítulos principais da filosofia da práxis. A teoria da hegemonia - definida por Gramsci como "desenvolvimento teórico-prático da filosofia da práxis" - compõe-se de uma gnosiologia e de uma analítica, cujos conceitos recebem a elaboração mais completa nos Cadernos 14, 15 e 16. A partir da gnosiologia e da analítica da hegemonia germina uma concepção original da constituição dos sujeitos políticos, cujo principal laboratório é a história da Itália contemporânea (o Caderno 19, mas não só).

O programa de pesquisa dos Cadernos originou-se da reflexão sobre as conseqüências da derrota da revolução socialista na Europa no início dos anos vinte e sobre a mudança da natureza e da função internacional da URSS como desdobramento da "revolução pelo alto" e pelo desencadeamento da "guerra camponesa". Segundo Gramsci, o fim da aliança entre operários e camponeses, provocado por Stalin, tinha conseqüências de alcance mundial. Com tal ruptura desaparecia a possibilidade de dar continuidade e orientação socialista ao revolucionamento das massas, prosseguindo o processo iniciado pela Revolução de Outubro. O socialismo se territorializava e mudavam as bases sociais do Estado soviético. A URSS staliniana mostra-se, para Gramsci, como uma "forma extrema de governo dos funcionários", uma forma primitiva, econômico-corporativa, de Estado operário, pobre de capacidade hegemônica e de elementos de plano, globalmente sem capacidade de expansão. Segundo Gramsci, a origem disso estava na interrupção da construção de uma "economia média", baseada numa troca equilibrada entre cidade e campo. Seu desaparecimento bloqueava a propagação internacional de processos análogos, baseados nacionalmente na aliança entre operários e camponeses. Ruía assim a idéia da revolução mundial, que Gramsci, fiel à lição original dos bolcheviques, entendera como difusão do industrialismo com base na cooperação entre cidade e campo de modo a romper o antagonismo que caracteriza suas relações na modernidade capitalista.

A investigação das causas da derrota faz Gramsci aprofundar a busca das dinâmicas do desenvolvimento capitalista e concentrar a atenção sobre a forma mais avançada de industrialismo, a de tipo americano, caracterizada pelo taylorismo e pelo fordismo. Em oposição à teoria oficial do movimento comunista, chega a uma diferente periodização e interpretação da era do imperialismo. Segundo Gramsci, a partir do final do século XIX, o desenvolvimento industrial, que unificara ainda mais o mercado mundial, havia deslocado o centro da "economia mundo" da Europa para os Estados Unidos. Aqui se afirmaram as formas mais avançadas de introdução da racionalidade científica nos processos de trabalho e na organização das empresas e dos mercados. Este tipo de industrialismo constituía a forma mais racional de desenvolvimento das forças produtivas, continha a tendência à formação de uma "economia programática" e, como tal, merecia ser difundido. Segundo Gramsci, com sua propagação se poderiam criar as condições para separar industrialismo e capitalismo, fazendo com que as classes trabalhadoras assumissem a direção dos processos de modernização.

Na visão de Gramsci, pois, a contradição principal da era contemporânea está no contraste entre o cosmopolitismo da vida econômica e o nacionalismo da vida política, baseada ainda nas prerrogativas do Estado-nação. A Primeira Guerra Mundial se originara da incapacidade por parte das classes dirigentes de resolver aquele contraste, adequando os espaços da política aos novos espaços da economia. As tentativas de solução nascidas da guerra - a revolução mundial projetada pelos bolcheviques e a criação da Sociedade das Nações projetada por Wilson - faliram rapidamente. A paz de Versalhes restabelecera as prerrogativas dos Estados nacionais e inaugurara uma época de nacionalismos exacerbados e de conflitos endêmicos. Segundo Gramsci, o contraste entre o cosmopolitismo da economia e o nacionalismo da política, que se reproduz depois da guerra, estava na origem da grande crise de 1929-1931. Sua superação só poderia se verificar favorecendo a difusão do industrialismo de tipo americano, que, graças à criação da economia dos consumos, indicava o caminho para conjugar desenvolvimento e democracia.

Não há quem não veja quanta distância então separa Gramsci das concepções do movimento comunista dos anos trinta. Sua visão do desenvolvimento econômico recusava as teorias do imperialismo, da "crise geral do capitalismo" e da inevitabilidade da guerra, que constituíam o fundamento analítico do bolchevismo e a justificação histórica da Internacional Comunista. Gramsci considerava que a expansividade do movimento comunista se esgotara rapidamente e, portanto, a direção do processo histórico-mundial voltara às mãos das velhas classes dominantes. Mas a Grande Guerra havia inaugurado uma época nova: as imensas massas camponesas fizeram sua entrada na história; a guerra as inserira nos circuitos da modernidade, dando início a um processo de desenvolvimento irreversível da subjetividade dos povos. Com o esgotamento da onda revolucionária originada da Grande Guerra e da Revolução Russa, a difusão do industrialismo e da modernidade voltaram a ficar sob a direção das velhas classes proprietárias. Deste modo, originara-se uma forma de "revolução passiva", que dominava a cena mundial. Nela se inseria também a URSS, de modo subalterno. Mas, em todo caso, para cumprir uma tarefa histórica improrrogável, as classes dominantes deveriam haver-se com as classes subalternas. Qual era o ponto de interseção de um outro programa, que se propusesse o objetivo de fazer com que as classes populares assumissem a direção do processo?

Segundo Gramsci, o principal evento político originado da mundialização da economia era a crise do Estado-nação. O cosmopolitismo da economia modifica as características das nações. No século XX - diz Gramsci -, a história é história mundial e só convencionalmente se pode escrever a história de um só país, a não ser que se captem suas relações com a história internacional. A despeito da restauração da velha Europa dos Estados nacionais, na seqüência da paz de Versalhes, a nação não mais pode ser restrita ao horizonte da vida estatal. Uma sociedade civil internacional está em formação. As nacionalidades são continuamente remodeladas pela variação das condições internas e internacionais do desenvolvimento. A difusão mundial do industrialismo tem seus epicentros nos mercados nacionais; a regulação do crescimento econômico torna-se a função fundamental dos Estados; a identidade nacional é redefinida pelos desdobramentos da socialização, isto é, pelas combinações de nação e desenvolvimento. A idéia de nação, pois, dinamiza-se e torna-se plural. Ela varia com base nos projetos de cidadania dos diversos grupos sociais e das classes contrapostas. Em outras palavras, muda com base nas alternativas que se oferecem à internacionalização da vida estatal, nas diversas combinações dos elementos nacionais e internacionais do desenvolvimento que podem se afirmar. Isto impõe uma nova concepção da política.

Cosmopolitismo da economia significa unificação econômica do mundo, ainda que antagônica. Tal unificação gera laços cada vez mais numerosos de interdependência econômica e política. Pela primeira vez na história, pode-se conceber uma idéia da política que preveja a subordinação permanente da força ao consenso. É o conceito da política como hegemonia, que se contrapõe à concepção tradicional da política como potência. A crise do princípio de soberania provoca uma distinção progressiva da política em relação ao Estado, um distanciamento em relação a ele. Para Gramsci, este processo deve ser levado até as últimas conseqüências, entrelaçando o desenvolvimento da democracia dentro dos Estados com a criação da democracia internacional. Para ele, o objetivo se mostra realista, uma vez que a construção da supranacionalidade está na ordem do dia. Assim, ele vê o agrupamento das economias e dos Estados europeus como uma possível etapa da construção de uma nova ordem mundial, baseada na cooperação entre os povos na interdependência e na reciprocidade.

Gramsci percebe lucidamente que os centros da difusão mundial do industrialismo de tipo americano são os Estados nacionais. Eles constituem o teatro da luta política e de classe. A concepção da política como hegemonia compreende o desenvolvimento nacional de modo aberto a diferentes alternativas. Com base no industrialismo de tipo americano é possível que se forme "uma nova vontade coletiva a partir de baixo". Esta decorre das condições em que não só a classe operária, mas toda a sociedade se encontram em face da economia. A idéia de nação que as classes populares devem promover para afirmar sua hegemonia é a que se propõe contribuir, como nação de produtores, para a "formação de uma economia segundo um plano mundial". Portanto, traçando um programa para as classes trabalhadoras italianas, Gramsci lhes indica o objetivo de acolher a herança da tradição cosmopolita do nosso povo. É o tema do Caderno 19 (Risorgimento), que abre o caminho para a conciliação entre classe e nação e anuncia uma remodulação democrática da nação. Segundo Gramsci, esta é a única idéia que pode guiar os processos de internacionalização postos na ordem do dia pelos desenvolvimentos da economia mundial, de modo a sanar as taras de uma história nacional caracterizada por bases demasiadamente restritas do desenvolvimento econômico e da hegemonia das classes proprietárias.

A concepção da política como hegemonia relaciona-se assim com o pensamento de Maquiavel, que, para Gramsci, é o primeiro pensador da democracia porque percebe o caráter estruturalmente plural das sociedades modernas: o caráter organizado da cidade e do campo, que o surgimento do modo de produção capitalista põe em relação dinâmica entre si, ainda que antagônica, tornando ambos a base do desenvolvimento econômico e do Estado. O Estado moderno, ao se fundar na unificação do povo-nação, é a única forma política que permite uma troca equilibrada entre cidade e campo, e, mais em geral, entre todos os interesses organizados que formam o tecido das sociedades modernas. Parece evidente que, ligando-se à concepção da política como hegemonia, a teoria da democracia se ilumina com uma nova luz e assume um caráter realista e concretamente universal.

Reelaborar o marxismo como filosofia da práxis torna-se assim o tema principal do programa de investigação dos Cadernos, com o objetivo de indicar às classes subalternas o caminho para refundar a nação e instituir novas relações entre dirigentes e dirigidos, intelectuais e povo. Este é o sentido que Gramsci confere à filosofia da práxis quando, no ponto culminante da sua investigação, define-a como uma "heresia nascida no terreno da religião da liberdade" [30].

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Giuseppe Vacca é presidente da Fundação Instituto Gramsci, de Roma. Este texto foi apresentado no último 7 de março ao conselho curador da Fundação. 

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Notas

[1] G. Vacca. "La verità su Gramsci". l’Unità, 20 fev. 1996.

[2] Ch. Daniele (Org.). Gramsci a Roma Togliatti a Mosca. Com um ensaio de G. Vacca. Turim: Einaudi, 1999.

[3] G. Vacca. "Appunti su Togliatti editore delle Lettere e dei Quaderni". Studi Storici, 1991, n. 3.

[4] S. Pons, "‘L’affare Gramsci-Togliatti’ a Mosca (1938-1941)". Studi Storici, 1994, n. 1.

[5] Ch. Daniele (Org.). Togliatti editore di Gramsci. Introdução de G. Vacca. Roma: Carocci, 2005.

[6] P. Spriano. Gramsci in carcere e il partito. Roma: Riuniti, 1977.

[7] P. Togliatti. "Il leninismo nel pensiero e nell’azione di A. Gramsci (Appunti)". In: Id. Scritti su Gramsci. Org. por G. Liguori. Roma: Riuniti, 2001, p. 213-4.

[8] A. Natoli. Antigone e il prigioniero. Tania Schucht lotta per la vita di Gramsci. Roma: Riuniti, 1990.

[9] Op. cit., p. VIII-IX.

[10] P. Sraffa. Lettere a Tania per Gramsci. Introdução e organização de V. Gerratana. Roma: Riuniti, 1991.

[11] T. Schucht. Lettere ai familiari. Org. por M. Paulesu Quercioli. Prefácio de G. Gramsci. Roma: Riuniti, 1991.

[12] Ch. Daniele. "Storia delle fonti". In: Antonio Gramsci e Tatiana Schucht. Lettere 1926-1935. Org. por A. Natoli e Ch. Daniele. Turim: Einaudi, 1997, p. LXXIII.

[13] F. Izzo. "I ‘due mondi’. Tania Schucht, Antonio Gramsci e Piero Sraffa sulla questione ebraica". Studi Storici, 1993, n. 2/3, p. 658.

[14] Ch. Daniele, op. cit., loc. cit.

[15] C. Natoli. "Gramsci in carcere: le campagne per la liberazione, il partito, l’Internazionale (1932-1933)". Studi Storici, 1995 n. 2; Id. "Le campagne per la liberazione di Gramsci, il Pcd’I e l’Internazionale (1934)". Studi Storici, 1999, n. 1.

[16] O trabalho preparatório da Edição Nacional e as divergências que se verificaram no seu curso estão documentados em IG Informazioni, trimestral da Fundação Instituto Gramsci, Roma, 1992, n. 2, e 1993, n. 4.

[17] Selections from the Prison Notebooks of Antonio Gramsci. Edição e tradução de Q. Hoore e G. Nowell Smith. Londres: Lawrence and Wishart, 1971; Selections from cultural writings. Edição de D. Forgacs e G. Nowell Smith. Londres: Lawrence and Wishart, 1985.

[18] Maria Luisa Righi (Org.). Gramsci nel mondo. Atti del convegno internazionale di studi gramsciani. Formia 25-28 ottobre 1989. Roma: Fondazione Istituto Gramsci, 1995.

[19] Sobre o surgimento da International Gramsci Society, cf. n. 4, 1989, e n. 1, 1990, de IG Informazioni.

[20] J. M. Cammett (Org.). Bibliografia gramsciana 1922-1988. Roma: Riuniti, 1991. Com essa publicação teve início a série dos Anais da Fundação Instituto Gramsci. Uma atualização até 1993 da bibliografia foi publicada pela Fundação em 1995, organizada por J. M. Cammet e M. L. Righi.

[21] Cf. Egemonia e democrazia. Gramsci e la questione comunista nel dibattito di Mondoperaio. Roma: Avanti, 1977.

[22] Sobre as razões do declínio de interesse pelo pensamento de Gramsci nos anos oitenta, na Itália, cf. G. Vacca, Appuntamenti con Gramsci. Roma: Carocci, 1999, p. 13-5; L. Paggi. "La strategia liberale della seconda repubblica. Dalla crisi del Pci alla formazione di una destra di governo". In: F. Malgeri e L. Paggi (Orgs.). Partiti e organizzazioni di massa, v. III da obra coletiva L’Italia repubblicana negli studi degli anni settanta. Soveria Mannelli: Ed. Rubettino, 2003, p. 72-82.

[23] A. Gramsci. Quaderni del carcere. Edição crítica dirigida por G. Francioni. 1. Quaderni di traduzioni (1929-1932). Org. por G. Cospito e G. Francioni. Roma: Istituto dell’Enciclopedia Italiana, 2007:

[24] G. Vacca (Org.). Gramsci e il Novecento. Anais da Fundação Instituto Gramsci, XI. Roma: Carocci, 1999.

[25] W. Tega (Org.). Gramsci e l’Occidente. Trasformazioni della società e riforma della politica. Bolonha: Ed. Cappelli, 1990. Os anais do encontro Morale e politica in Gramsci não foram publicados. As intervenções podem ser consultadas na Fundação Instituto Gramsci.

[26] G. Vacca e G. Schirru. Studi gramsciani nel mondo (2000-2005). Bolonha: Il Mulino, 2007.

[27] Recordo os encontros que registraram participação internacional mais ampla: Pensar el mundo moderno: actualidad del pensamiento de Gramsci, em colaboração com a Universidade Autônoma da Cidade do México (Coyoacán, México, 27-29 nov. 1993); III Conferencia Internacional de Estudos Gramscianos, em colaboração com a Benemérita Universidade Autônoma de Puebla (Puebla, México, 7-10 out. 2003); Gramsci a setenta anos de la muerte, em colaboração com a UACM (Universidade Autônoma da Cidade do México), 29 nov.-1 dez. 2007.

[28] O encontro foi organizado em colaboração com a International Gramsci Society–Itália e realizou-se em Roma, entre 27 e 28 de abril de 2007. Os anais estão em curso de publicação.

[29] O encontro foi organizado em colaboração com a Fundação Gramsci de Puglia e realizou-se em Bari e em Turi, entre 13 e 15 de dezembro de 2007. Participaram mais de 50 estudiosos. Os anais estão sendo preparados.

[30] As investigações e os estudos mais significativos a que me refiro estão indicados na resenha de F. Izzo, "Studi gramsciani". Nuova informazione bibliografica, n. 2, abril-maio. Bolonha: Il Mulino, 2007, p. 288-90.



Fonte: Especial para Gramsci e o Brasil.

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