Lei proíbe uso de telefone celular em sala de aula As opiniões de estudantes e professores quanto ao uso do aparelho, durante as aulas, se dividem

Priscila Magalhães
Repórter
13/09/2007

As novas tecnologias são criadas para facilitar a vida das pessoas, ajudando nas tarefas diárias, na velocidade da comunicação e no entretenimento. Por isso não conseguimos mais viver sem o celular, a câmera digital e os aparelhos de música, como ipods e mp3.

Porém, quando usados em local indevido, podem atrapalhar um grande número de pessoas. Uma discussão antiga é a respeito do uso do telefone celular em sala de aula. Os adolescentes são os maiores usuários do aparelho durante as aulas.

Em Minas Gerais, uma lei proíbe a conversação em telefone celular e o uso do dispositivo sonoro do aparelho nas salas de aula. O coordenador de um pré-vestibular de Juiz de Fora, Sérgio Castro (foto abaixo, à esquerda), diz que esta é uma lei que não funciona. "Existem várias leis que não funcionam e esta é uma delas. Não podemos revistar os alunos antes de eles entrarem para a sala", comenta.

O estudante Fernando Fernandes (foto abaixo, ao centro) tem 18 anos, e não vai para a aula sem o celular. "Ele fica sempre no silencioso e quando toca, só atendo se for alguma coisa importante. Fico preocupado, com medo de acontecer alguma coisa com a minha avó, pois moro com ela. Não acho legal atender o telefone na aula, mas às vezes é necessário", opina.

Foto do Sérgio Foto do Sérgio

Um estudante de 17 anos, que não quis se identificar, costuma usar o aparelho em sala não só para atender ligações. "Às vezes jogo também. Meu aparelho fica sempre no silencioso e, quando toca, saio da sala para atender. Se o professor não deixar, atendo lá mesmo", explica.

Incômodo

O professor de História, Matheus Rezende Pacheco (foto abaixo), diz que o celular está muito banalizado. "Todo mundo tem celular e isso tá virando contra o aluno. Eu me sinto incomodado quando um aluno atende o celular na minha aula. Sem contar que ele atrapalha todos os outros alunos", explica.

O professor diz que além de usar para conversar, os alunos têm usado o telefone também para colar nas provas. "Acho que a culpa disso tudo é dos pais. Eles acham que devem ter uma maneira mais fácil para conversar com os filhos. No horário de aula, eles estão na escola, então deviam ligar para a secretaria e pedir para chamar o aluno, ou deixar o recado. Seria muito melhor", desabafa.

Além da ligação dos pais, o que também incomoda muito os professores são as brincadeiras com os colegas através do telefone. "Eles ficam dando toquinho uns nos outros durante a aula e mandando mensagens para expor o colega", explica o coordenador.

Medidas

Quando a aula for atrapalhada pelo celular, a ordem é recolher o aparelho. "Pegamos o telefone e só entregamos quando o responsável vier buscar. É uma maneira de eles ficarem cientes do comportamento dos filhos em sala de aula", diz Sérgio.

Já Matheus, tira o aluno da sala. "Peço a ele que saia e recolho o aparelho". A respeito da lei, o professor acha muito radical. "Acho pesada demais a proibição, mas enquanto os alunos não tiverem maturidade, é assim que deve ser", explica.

O coordenador completa dizendo que tudo é um processo educativo. "Não há problema que o aluno conviva com a tecnologia. Só não acho certo que ele atrapalhe seu próprio desempenho e o dos colegas, em sala de aula".