Sob o mesmo teto, mas sem casamento
Casais contam como ? a experi?ncia de morar junto.
Contrato ? importante para formalizar a uni?o

S?lvia Zoche
Rep?rter
18/04/05


Padre Jos? L?lis, vig?rio da Catedral Metropolitana de Juiz de fora, fala sobre a import?ncia de uma crian?a ter pais casados na Igreja

Ou?a!

Uma vida a dois ? o sonho da maioria dos casais de namorados. E a concretiza??o ? morar sob o mesmo teto. Se, antigamente, era essencial casar-se no civil e no religioso, hoje, isso n?o ? mais um pr?-requisito.

O casal Wanderson Luiz Maimere e Marilene (Mary) Franco dos Reis (foto ao lado) namora h? seis meses e h? dois resolveram morar juntos. A decis?o aconteceu depois que Maimere n?o estava mais satisfeito em ver a namorada somente nos fins de semana. Mary conta que ?a na sexta para casa dos pais dele e s? voltava na segunda. "Isso porque a gente se v?, tamb?m, todo dia na academia de gin?stica", completa.

Come?aram, ent?o, a procurar uma casa para alugar, al?m de terem que comprar m?veis e eletrodom?sticos. Para ele foi uma novidade e um desafio. "Ningu?m acreditava que eu fosse morar sozinho. Sempre morei com meus pais. A Mary j? est? acostumada". Na primeira semana, a sensa??o ? de que estavam curtindo umas f?rias. Depois de um m?s, juntos todos os dias, a "ficha come?ou a cair".

Para os dois ? uma experi?ncia importante, mas que n?o exclui a vontade de se casar no civil e no religioso. "J? nos sentimos casados. Eu falo que ela ? minha esposa e ela me chama de marido. Mas sou muito fam?lia e acho importante o casamento. ? uma forma de dar satisfa??o para a sociedade", diz Maimere. "E nada vai substituir a emo??o de estar casado, entrar na igreja... Acho que ? o sonho de toda mulher", diz Mary.

J? o casal Luciana Arcuri e Jos? Camilo de Lelis Camargo Bove (foto ao lado) moram juntos h? 16 anos e n?o sentem necessidade alguma de se casarem, apesar da m?e de Camilo achar importante. Morar junto n?o foi uma decis?o racional. Foi algo que aconteceu naturalmente. "Eu j? havia me separado h? mais de um ano e estava com um filho de um ano e meio, quando conheci Camilo. Ele chegou como quem n?o queria nada e estamos juntos at? hoje", Luciana conta rindo.

Apesar de nunca ter sido casado, Camilo concorda com Luciana, quando ela diz que quem mora junto e depois resolve casar, acaba se separando. "? que a gente conhece tanto caso assim, que acho que atrai. Em time que est? ganhando n?o tem porque mexer", conclui. "Depois de casar, parece que um acha que ? dono do outro, um sente que pode dominar a vida do outro. Nenhum dos dois tem individualidade", diz Luciana.

O ponto que, inicialmente, os dois discordavam era ter um filho. "Como eu tenho um filho e o Camilo n?o, eu n?o queria e ele sim. S? que desde o in?cio eu deixei bem clara a minha decis?o", afirma Luciana. At? que um dia, sem querer, ela engravidou e nasceu Ana Carolina. "Quando voc? est? mais velho, ? mais complicado cuidar da crian?a. ? uma quest?o f?sica mesmo. A crian?a t?m uma energia enorme. Aconselho ter filho mais cedo", diz Camilo.

Na hora do batismo
Um dilema que o casal n?o pensou que fosse enfrentar foi no momento de batizar a filha. "Preenchi a ficha em maio e s? me chamaram no fim de agosto. O padre reuniu todos os casais n?o casados e disse que seria importante para a crian?a ter pais casados. Mas mesmo a gente n?o casando, a Carol foi batizada. Acreditamos que ? importante para ela ter uma religi?o, mesmo que ela decida por outra, quando crescer".

Padre Jos? L?lis (foto ao lado), vig?rio da Catedral Metropolitana de Juiz de Fora, explica que se um casal acredita no sacramento do batismo, ela deve acreditar em todos, inclusive no do matrim?nio. "Essa ? a orienta??o da Igreja Cat?lica".

Quando o casal ? impedido de casar por algum motivo, como j? ter sido casado anteriormente, a indica??o ? de que os pais escolham padrinhos que sejam casados no civil e religioso. "Que sejam um modelo de casal centrado para a crian?a", diz padre L?lis.

Contrato, mesmo n?o casando
Para que uma uni?o seja considerada est?vel, ? preciso comprovar a conviv?nvia duradoura, cont?nua e p?blica de um homem e uma mulher, visando constituir uma fam?lia.

Se morar junto ? assumir um compromisso, ? preciso que o casal e poss?veis filhos, estejam amparados em caso de separa??o ou falecimento de um dos c?njuges. Por isso ? importante que um contrato seja feito por um bom advogado.

O advogado Jos? Geraldo de Castro Ferreira (foto ao lado) diz que ? uma forma de evitar transtornos para quem vive em uma uni?o est?vel. "Podem ser regulamentadas quest?es como pens?o aliment?cia e heran?a", diz.

O advogado explica que, atualmente, os bens adquiridos durante a uni?o est?vel, e a t?tulo oneroso, s?o considerados fruto do trabalho e da colabora??o comum, pertencendo o patrim?nio a ambos e em partes iguais. "? semelhante ao casamento com separa??o parcial de bens".

O contrato vai ser elaborado de acordo com a vontade das partes. "? necess?rio que os dois estejam presentes", diz Ferreira. E conclui dizendo que o contrato pode parecer algo frio, mas traz seguran?a e demonstra que os parceiros confiam um no outro.