Div?rcio X Casamento Div?rcio tem sido comum entre os casais. Em JF, o n?mero aumentou cerca de 70% em seis meses. Mas sonho de casar e de viver feliz para sempre continua

Daniele Gruppi
Rep?rter
06/05/2008

Juiz de Fora apresenta um n?mero alto de div?rcios. Segundo o tabeli?o substituto, Olindo Jorge Coelho, no cart?rio onde trabalha s?o realizados em m?dia dez div?rcios por m?s.

"Devido ? lei 11.441, de janeiro de 2007, que possibilita a realiza??o de invent?rio, partilha, separa??o consensual e div?rcio consensual por via administrativa, a procura pelo div?rcio aumentou. A separa??o oficial sai at? no mesmo dia do pedido". Ele afirma que nos ?ltimos seis meses o aumento de pedidos aumento cerca de 70%.

Em uma pesquisa feita em outro cart?rio da cidade, a m?dia ? de 6,6 por m?s. Neste, foram feitos, no ano de 2007, 42 div?rcios e 38 separa?es judiciais e, nos tr?s primeiros meses de 2008, 09 div?rcios e dez separa?es. Dados estat?sticos do IBGE, referentes a 2006, apontam que em Juiz de Fora, foram realizados 687 div?rcios e 464 separa?es judiciais.

A psic?loga Luciana Cetrim (foto abaixo) conta que h? um conjunto de fatores que leva um casal a se separar. Um deles ? o fato das mulheres terem conquistado a independ?ncia financeira e o outro por n?o serem mais submissas aos homens. "A perspectiva de uma boa qualidade de vida da mulher melhorou. Antes, com 40 anos elas eram consideradas velhas, hoje, est?o tendo filhos com 35, 37 anos".

Foto de Luciana Cetrim Luciana Cetrim diz que a sociedade discriminava a mulher divorciada. "Elas toleravam problemas como depend?ncia qu?mica, alcoolismo, jogo, mulherada, machismo, falta de aten??o e, agora, n?o est?o mais dispostas a aceitar. Se a rela??o n?o acrescenta, elas os mandam embora". Outra raz?o apontada ? para o fato das mulheres terem assumido muitas fun?es. Elas cuidam da casa, dos filhos e trabalham fora. "Essa sobrecarga faz com que a paci?ncia seja menor".

Segundo ela, o romantismo dos dois lados diminuiu e h? muita competi??o entre o casal. "A mulher n?o deixa mais que o homem a corteje, ela quer assumir tudo. Sem falar na guerra dos sexos, em que um quer ter e poder mais do que o outro. Elas desejam ter remunera??o salarial melhor ou no n?vel deles, querem comprar suas coisas sem depender deles, gostam de mostrar o que podem e o que n?o podem. O consumismo, ou seja, a vontade de ter um carro, celular, dentre outras coisas, substitui um passeio ou um jantar".

E os filhos?

O div?rcio ? um processo sofrido tanto para o homem como para a mulher. "Ap?s a separa??o a mulher demora mais a ter vida social, elas procuram terapia e gostam de compartilhar o sofrimento, contando at? para quem tem pouca intimidade o que est? acontecendo em sua vida. J? o homem sofre na mesma intensidade, s? que disfar?a. Eles s?o mais resistentes, demonstram menos a fragilidade. V?o com outras pessoas a lugares p?blicos mais rapidamente, mesmo que ainda n?o tenham v?nculo afetivo. Precisam se auto-afirmar".

A dor, no entanto, pode aumentar ainda mais quando o casal possui filhos. A separa??o dos pais, muitas vezes, refletem no comportamento dos filhos. A psic?loga declara que os filhos fazem os casais permanecerem no casamento e que, por causa deles, cerca de 20% tentam a reconcilia??o. "As crian?as percebem tudo o que acontece dentro de casa. ?s vezes, ? prefer?vel uma separa??o harmoniosa, do que ficar numa rela??o com brigas e ofensas, pois os filhos absorvem o conflito".

Foto de duas m?oes se separando Para Luciana Cetrim, os filhos n?o podem ser objetos de disputa. Quando acontece a decis?o do div?rcio, a psic?loga diz que, primeiro, deve-se resolver todas as pend?ncias entre o casal e, depois, conversar com as crian?as e mostrar que os dois sempre v?o estar presentes na vida delas. "Qualquer discuss?o deve ser estabelecida fora do alcance delas para que elas n?o se sintam inseguras".

Ela relata ainda que os filhos vivem momentos de luto ap?s a separa??o. Uns se recuperam mais rapidamente outros demoram anos e, ?s vezes, perdura na vida adulta. "? importante que as crian?as n?o misturem a vida dela com a dos pais. ? comum filhos de pais separados serem mais inseguros no relacionamento, demoram mais a fazer a escolha de uma pessoa para ter ao seu lado. Entretanto, h? casos que o jovem tenta fazer de tudo para n?o repetir os erros dos pais e se doam totalmente para o relacionamento e para a fam?lia".

A psic?loga afirma ainda que ? mais dif?cil educar os filhos quando os pais n?o est?o morando na mesma casa. "Os pais come?am a se relacionar com outras pessoas e a crian?a passa ser influenciada por muita gente. Tem a fam?lia do pai e a da m?e. Quando h? amizade entre os pais, torna-se menos complicado. O casal deve sempre passar seguran?a, autenticidade e afeto para as crian?as".

Tentativa de reconcilia??o
Luciana explica que a reconcilia??o entre o casal ? poss?vel, mas os dois t?m que estar dispostos ?s mudan?as. ? necess?rio que cada um enxergue os seus defeitos e que descubram juntos o que est? levando ? insatisfa??o no casamento. "N?o adianta uma mudan?a superficial. ? um processo tamb?m doloroso, principalmente para o homem, que n?o gosta de mexer em sentimentos profundos, mais ?ntimos, por um uma quest?o de forma??o. Apesar da modernidade, ele ainda ? um ser forte, que n?o chora. Ele ? provedor da prote??o".
Sonho de casar

Foto de Carolina e Theo Apesar do n?mero de div?rcios ter aumentando e da dificuldade em se relacionar nos dias de hoje, o sonho de casar e de ter uma fam?lia permanece. Carolina Campos e Theo Luciano Silveira (foto) se preparam para o matrim?nio, que vai ser realizado em setembro. Ela conta que sempre teve vontade de se casar. "? muito triste um ser humano viver sozinho".

Para Carolina, a partir do momento em que se conhece a pessoa, namora e vem a decis?o de se casar, a rela??o j? deu certo. Apesar de acreditar que nada ? eterno, ela deseja que o seu casamento seja para sempre. "Quero que seja conforme os votos de juramento que vou fazer na Igreja".

Segundo ela, o segredo de uma rela??o harmoniosa, ? ter cumplicidade e respeito. "O casal tamb?m tem que saber ceder", afirma.