Amanda Beloti Amanda Beloti 31/07/2015

Hérnia inguinal: o que é, como tratar e prevenir

Olá, internautas! O tema de hoje foi um pedido especial de um seguidor da coluna: hérnia inguinal. E vocês também podem enviar pedidos, para o endereço de e-mail que está ao final desta coluna.

Portanto, vamos lá! As hérnias inguinais são hérnias que ocorrem na região da virilha e correspondem a 75% de todas as hérnias abdominais.

A hérnia inguinal ocorre quando há protrusão (movimento para a frente) de conteúdo da cavidade abdominal, normalmente parte do intestino, que sai pelo canal inguinal.

De forma bem simples, nosso abdome está resumido assim: esta é a nossa cavidade abdominal, mostrando os órgãos do sistema digestivo apenas:

Por cima dela, vem o peritônio, uma extensa membrana dividida em várias partes (na figura vemos uma delas, o OMENTO) que reveste a camada abdominal, contendo vasos sanguíneos e gordura, protegendo nossos órgãos internos.

Por cima do peritônio, vêm três camadas musculares abdominais. O transverso abdominal (mais profundo), depois o reto abdominal e o oblíquo interno como segunda camada e por cima o músculo oblíquo externo, com reforço das fáscias (lâmina ou faixa larga de tecido conjuntivo fibroso, que, abaixo da pele, circunda os músculos e outros órgãos do corpo). E, por cima, vem nossa pele (também composta de várias camadas).

O canal inguinal é uma região potencialmente fraca da parede abdominal, com pouca estabilidade da musculatura para segurar o as alças intestinais (podemos ver nesta imagem acima, que a virilha fica mais “desprotegida”). Este tipo de hérnia é 25 vezes mais comum em homens do que em mulheres. São divididas em diretas e indiretas (mais comuns). O tratamento das hérnias inguinais é cirúrgico.

Hérnia Inguinal

Existem dois tipos de hérnia inguinal, a direta e a indireta. A diferenciação do tipo de hérnia inguinal, direta ou indireta, não tem importância no momento da consulta porque o tratamento é semelhante para os dois tipos.

As hérnias inguinais diretas são as decorrentes da fraqueza da parede do canal inguinal, e são mais comuns em pessoas adultas que se submetem a um grande esforço abdominal (prática de esporte, tosse crônica, prisão de ventre, obesidade). Acontece principalmente em homens na vida adulta: uma parte do intestino sai através da parede abdominal por fraqueza nos músculos locais, perto da virilha. Aproximadamente 2% dos homens experimentam este tipo de hérnia durante a sua vida.

As hérnias inguinais indiretas ocorrem devido a uma falha congênita (desde o nascimento) da região inguinal, e por isso são mais comuns em crianças e jovens. Acredita-se que a hérnia inguinal indireta seja causada por um problema no qual a entrada do canal inguinal (que normalmente fecha durante a época do nascimento) permanece aberta. Esta condição afeta 1-2% dos recém-nascidos (normalmente do sexo masculino).

Os sintomas da hérnia inguinal são um abaulamento nesta região, com dor discreta associada, que piora com o esforço abdominal (tosse, evacuação, exercício, levantar objetos pesados). Quando o paciente se deita ou fica quieto, a hérnia se recolhe e o nódulo desaparece. Ao exame físico, o médico percebe o abaulamento da região inguinal, que fica mais evidente quando o paciente aumenta a pressão abdominal por solicitação do médico.

Ao menor sinal de uma possível hérnia, o paciente deve procurar o médico, pois o tratamento é cirúrgico. Hérnias inguinais muito pequenas ou muito grandes raramente complicam. O risco maior está nas hérnias de tamanho intermediário, que o paciente vai deixando passar. O perigo está no fato que uma hora o intestino sai pelo orifício e não consegue voltar. Com isso, sofre um “enforcamento” dessa alça intestinal. Aquele segmento intestinal gangrena, fica necrosado. Essa é uma situação de emergência que não existe quando a hérnia é pequena ou muito grande, porque o paciente já procura diretamente o médico. Portanto, não se pode ficar adiando a programação de uma consulta cirúrgica. Até porque, nos homens, as hérnias inguinais podem crescer tanto que descem para a bolsa escrotal.

As cirurgias hoje em dia são muito avançadas e bem feitas.

A cirurgia é feita da seguinte forma: o buraco da hérnia é recoberto com uma tela sintética, que simplesmente cobre o espaço em que havia fraqueza do tecido abdominal. Trata-se de uma técnica indolor que reduziu drasticamente os índices de retorno das hérnias inguinais para 1 em cada 2000 casos operados, o que é considerado baixíssimo. É feita com anestesia local não requer internação hospitalar. O paciente é operado, levanta e vai embora para casa. Recomenda-se evitar esforços físicos pesados nos 3 primeiros meses de recuperação, mas, a cicatrização total ocorre apenas 6 meses após o procedimento. O paciente também pode ter relações sexuais 15 dias após a cirurgia, mas com cautela. Entretanto, esse período depende do caso e do estado geral de saúde do paciente, por isso, atenha-se às especificações do seu médico.

A tela sintética utilizada na cirurgia é cortada no tamanho necessário

Toda a atividade que exige emprego de grande força física pode facilitar o aparecimento de hérnias, principalmente nas pessoas com predisposição. Portanto, atletas, trabalhadores braçais, indivíduos com prisão de ventre, ou homens que desenvolveram problemas na próstata e fazem força para urinar, estão mais sujeitos ao aumento da pressão dentro do abdome, que pode provocar ruptura dos tecidos e o aparecimento da alça intestinal.

Hérnias congênitas são cirúrgicas e não podem ser prevenidas. Mas as demais podem e devem, com um bom trabalho supervisionado da musculatura abdominal.

Especificamente em relação ao exercício físico que muitos jovens gostam de fazer nas academias, é preciso esclarecer que eles podem levantar pesos se a atividade for feita de forma lenta e progressiva, respeitando o ritmo de adaptação do organismo. Na maioria das vezes os jovens querem ganhar massa muscular a qualquer custo, sem pensar nas consequências (que podem ser outras também, como problemas articulares graves!). Se tiverem história familiar de hérnias, porém, pode ser que venham a apresentar a doença, mas não há como prever nem prevenir que isso aconteça. Caso o problema se manifeste, cabem as providências disponíveis para trazê-las de volta à normalidade.

Mas sempre a prevenção é a melhor opção. E a prevenção tanto do aparecimento da primeira hérnia, quanto dos retornos das hérnias são:

- manter-se com um peso corporal normal

- evitar fazer muita força para defecar ou urinar

- evitar levantar objetos muito pesados, ainda mais sem preparo físico

- fazer uma atividade física supervisionada, progressiva, respeitando o organismo do indivíduo. (A INDIVIDUALIDADE deve ser sempre preservada EM TODOS os casos de TODAS as doenças. Por esse motivo o acompanhamento de um profissional se torna tão importante). O Pilates é uma excelente opção, pois é um método que tem foco no cinturão abdominal. E, uma vez fortalecida a parede abdominal, a chance de surgimento ou RECORRÊNCIA da hérnia é drasticamente reduzida.

Até a próxima! Pedidos de temas podem ser enviados para amanda.beloti@yahoo.com.br! Obrigada pela leitura de sempre!


Amanda Beloti é fisioterapeuta graduada em 2009 pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Cursa Especialização em Fisioterapia Traumato-Ortopédica pela mesma instituição. Instrutora Internacional de Pilates pela Pilates Plus (autorizada pela Associação Norte-Americana de Pilates). Sócia-proprietária do Consultório de Fisioterapia e Pilates STUDIO A. Saiba mais.

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