Fernando Agra Fernando Agra 13/3/2010

Agricultura sustentável

Fernando Agra
Simone Pereira da Silva*

globo terrestre sendo recicladoAtualmente, verifica-se que o progresso tecnológico tem ascendido numa proporção crescente, em todas as áreas. No Setor Agrícola, a situação é semelhante, em que os aumentos da produção e da produtividade têm contribuído para as sucessivas safras recordes, de modo a ampliar a oferta de alimentos à população. Entretanto, todo esse progresso tem seus efeitos colaterais, em que postos de trabalhos têm sido extintos por conta de um intensivo processo de mecanização; bem como o emprego desordenado de determinadas técnicas de produção têm causado prejuízos, tanto à humanidade, quanto ao meio ambiente.

Como é sabido, a agricultura desempenha papel fundamental no processo de crescimento e desenvolvimento econômico de uma nação, sobretudo no caso brasileiro, onde as próprias raízes da sua formação sócio-político-econômica estão diretamente ligadas a tal setor. Logo, a maneira como as atividades são realizadas e como as políticas são implementadas no panorama agropecuário merecem notória atenção. Entretanto, nos dias atuais, determinados processos modernizantes têm levado consequências prejudiciais aos seres humanos e ao ambiente em que vivem. De um modo geral, esses impactos têm sido provocados pelas atividades realizadas com o uso intensivo de novas tecnologias mecânicas e químicas, atingindo os meios físico (água e solos, por exemplo), biótico (fauna e flora) e principalmente o meio antrópico (relativo à ação do homem sobre o meio ambiente).

As tecnologias mecânicas, em relação ao meio físico, além de outros impactos, têm causado um processo de compactação dos solos, dificultando a penetração da água e germinação das sementes. Sob o ponto de vista econômico, não resta dúvida da elevação da capacidade de produção agrícola do País, contribuindo para aumentar o Produto Interno Bruto Agropecuário, além de ampliar a renda dos agentes envolvidos nessas atividades.

No caso das tecnologias químicas, como os inseticidas, fungicidas e herbicidas, tais têm trazido benefícios indiretos à produtividade, evitando perdas nas safras, uma vez que atenuam os ataques prejudiciais provocados pelas pragas e doenças nas culturas. Entretanto, o que se observa nas atividades realizadas por considerável parcela dos produtores é o desrespeito às recomendações técnicas, uma vez que os mesmos não utilizam corretamente as vestimentas adequadas, além de aplicarem dosagens excessivas dos inseticidas, entre outros. Vale ressaltar que o uso indiscriminado dos agrotóxicos provoca casos crônicos de intoxicação, principalmente nos trabalhadores diretamente ligados a essas atividades. Outra consequência seríssima diz respeito aos resíduos liberados no ambiente, que chegam às nascentes dos rios, às reservas ecológicas e aos lençóis freáticos, de modo a contaminar a água, que o homem tanto necessita para sobreviver.

Um outro efeito desse progresso que promove o uso intensivo de capital no processo produtivo é a questão que é conhecida como desemprego tecnológico, ou seja, a redução da oferta de trabalho por conta da substituição do homem por máquinas e equipamentos mais modernos. A excessiva dispensa da mão-de-obra na agricultura tem acentuado o êxodo rural, contribuindo para inchar os centros urbanos, ampliando a marginalidade, miséria, a violência, quedas nos níveis de salários e qualidade de vida, além de crescimento desordenado das cidades, uma vez que os demais setores da economia não têm conseguido absorver esse excedente de mão-de-obra, sobretudo desqualificada, que chegas às metrópoles. Logo, torna-se de fundamental relevância a busca de alternativas de modo a promover um crescimento econômico que venha gerar renda e empregos, associado a um processo de qualificação profissional, com o intuito de atenuar os impactos supracitados.  

Em suma, vale frisar que não é o caso de ser contra o progresso, pois seria uma idéia retrógrada, já que os benefícios promovidos pelas novas tecnologias são por demais importantes à evolução da humanidade. O que se pretende é chamar atenção para um processo de crescimento ordenado, ou seja, bem planejado, de modo a reduzir os efeitos do desemprego tecnológico (inevitavelmente causado pela modernização), bem como que as normas de preservação ambiental sejam seguidas, de modo que a humanidade não caminhe para um processo de autodestruição.

* Simone Pereira da Silva é Economista e Mestra em Economia Rural pela UFV


Fernando Antônio Agra é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá, Universo e do Instituto Educacional Machado Sobrinho, sendo todas a instituições em Juiz de Fora - MG