Fernando Agra Fernando Agra 10/02/2014

Vale a pena guardar moedas num cofrinho?

EconomiaPrezado leitor, você guarda moedas em um cofrinho na sua casa? Se sim, aposto que você prefere guardar as de R$ 1,00 e por um bom tempo, geralmente um ano. Estou certo? Será que é racional fazer isso?

A questão do cofrinho, com o intuito de educar uma criança, pode até ser boa. Contudo, até certo ponto. Ao colocar moedas no cofrinho, o adulto mostra à criança a importância de que ela não pode gastar todo o seu dinheiro e que deve guardar uma parte. É uma atitude disciplinadora.

O problema é quando as pessoas passam a guardar muitas moedas num cofrinho por um período de tempo muito extenso. O primeiro a ser observado é que podem faltar moedas no mercado e dificultar os trocos nas padarias, supermercados etc. Aí o governo precisa gastar mais para produzir novas moedas e colocá-las em circulação. Gasto este que poderia ser utilizado em outra coisa (na educação, por exemplo).

Outro agravante de guardar as moedas por muito tempo (mais de três meses, por exemplo) é o custo de oportunidade: a taxa de juros. Isso quer dizer que o indivíduo deixar de ganhar os juros de uma aplicação financeira caso as moedas estivessem num banco ao invés de estarem num cofrinho. E quanto maior o tempo, mais juros são perdidos (vale dizer que, em economia, deixar de ganhar significa perder).

Vale ressaltar que poupar é diferente de entesourar. Em ambas, você abre mão do consumo presente para consumir no futuro. Só que quando você poupa, você obtém juros para consumir mais no futuro. Enquanto que quando você entesoura as moedas no cofrinho, você não recebe remuneração alguma. E pior, o valor do dinheiro no tempo não é o mesmo (R$ 200,00 hoje valem menos do que daqui a um ano, em função da inflação).

E ainda temos mais um problema. Vamos supor que você comprou um cofrinho por R$ 5,00 e durante 3 meses juntou R$ 200,00 em moedas. E aí você quebrou seu cofrinho para pegar a quantia. Literalmente você jogou fora R$ 5,00 ao quebrar. E esse valor representa, no exemplo citado, 2,5% do total acumulado em moedas. Hoje a caderneta de poupança paga, em média, 0,55% ao mês. Isso mostra que você perdeu o equivalente a mais de 4 meses de rendimentos da caderneta de poupança. E atualmente temos opções melhores do que a poupança para quem tem pouco dinheiro para poupar, que são os títulos da dívida pública (para informações detalhadas, consulte o site Tesouro Direto).

Enfim, as desvantagens superam as vantagens de se juntar moedas em cofrinhos. Caro leitor, se você tem esse hábito, procure repensá-lo e se ainda assim optar por mantê-lo, que seja por um breve período de tempo (no máximo um mês). Aí você abre o cofrinho (então você terá que ter um cofrinho em que possa abri-lo sem quebrar) mensalmente e leva o dinheiro para, de fato, poupá-lo num banco. E agora, o que você vai fazer?


Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Professor da Universidade Salgado de Oliveira (Universo) e professor licenciado da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas as instituições em Juiz de Fora - MG. Também é economista do Centro Regional de Inovação de Transferência e Tecnologia (Critt) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O autor ministra palestras, para empresas, na área de Inteligência Financeira, Gestão de Pessoas, Relacionamento Interpessoal, Marketing Pessoal e Gestão do Tempo. É autor do livro "Crédito Rural e Produtividade na Economia Alagoana" pela EDUFAL. É colunista do Portal ACESSA.com e coautor de artigos na Folha de São Paulo on line (com o colunista Samy Dana, Professor da FGV - SP).Saiba mais clicando aqui.

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