Fernando Agra Fernando Agra 7/05/2015

 

 


Novamente a importância da Educação Financeira!

Em geral, procuro escrever artigos sobre atualidade econômica e como as discussões sobre o tema escolhido podem influenciar a sua vida, caro leitor! E novamente volto a destacar a importância que a educação financeira tem para a vida das pessoas. Em reportagem apresentada pela Folha de São Paulo no dia 05 de maio do corrente ano, 55,6 milhões dos adultos brasileiros estão inadimplentes. E aí eu pergunto: caro internauta, você está nesta lista? Se sim, o que você tem feito e o que ainda pode ser feito para você sair da mesma?

As estatísticas apresentadas na reportagem supracitadas foram extraídas do SERASA e mostraram que esse volume de inadimplentes representa aproximadamente 40% da população adulta. O Quadro 1 sintetiza o drama dessas pessoas que perderam o controle sobre as finanças pessoais e estão, como se diz popularmente, com o "nome sujo" na praça, e assim com dificuldades para conseguir crédito, exceto naquelas instituições que aceitam negativados (sabe lá Deus a que taxa de juros as pessoas negativadas sujeitam-se a pagar para conseguir um empréstimo!):

Quadro 1:

Pelo que se pôde observar, a conjuntura econômica brasileira é desanimadora, com aumento da inadimplência e, por conseguinte, aumento do volume total das dívidas. Isso é explicado em parte, pelo aumento da taxa de desemprego, que faz com que as pessoas tenham dificuldades de honrar suas dívidas até o vencimento. Outra explicação é o aumento das taxas de juros, que tornam as prestações mais caras. Situações de aumento de juros e de desempregos são exógenas, ou seja, fogem ao controle das pessoas. Com isso, um fator endógeno (que está no controle das pessoas) é fundamental para passar pela situação atual de uma maneira mais tranquila, que é a educação financeira.

Um dos pilares para se administrar bem as finanças pessoais é a importância de gastar menos do que se ganha (o bom é ganhar mais do que se gasta, mas nem sempre isso é possível) e assim fazer uma poupança e procurar aplicações financeiras rentáveis (CDB, LCA, LCI e Tesouro Direto) para fazer o patrimônio financeiro crescer, para aproveitar as oportunidades e também fazer face a situações delicadas, como a atual, que ainda é agravada pela inflação, apresentada a seguir.

Já o Gráfico 1 mostra a evolução do IPCA, índice oficial de inflação, que é utilizado pelo Governo. A meta anual é de 4,5% com uma margem de 2 pontos percentuais para mais e para menos, ou seja, o intervalo almejado pelo governo para a inflação varia de 2,5% a 6,5% ao ano. Os resultados deste quadro mostram valores que fazem com que a inflação anual acumulada nos últimos 12 meses (a contar de abril/2014 até março/2015) já ultrapassem (e muito) o teto da meta. Inflação em alta diminui o poder de compra, pois as pessoas têm gasto mais com a energia elétrica, com a alimentação e com os combustíveis, por exemplo, e com isso, não conseguem honrar todas as demais dívidas e tornam-se inadimplentes.

Gráfico 1: Evolução do IPCA em 2015 e nos 12 meses anteriores

quadro

Fonte: Elaborado a partir de IBGE (2015).

Em suma, caro leitor, se você está inadimplente, reúna sua família, liste as dívidas e comece a pagar aquelas que cobram juros mais altos. Se for o caso, contrate uma dívida que cobra juros menores (crédito consignado, por exemplo) para quitar as que cobram juros mais altos. Negocie com os credores, sobretudo se estiver devendo no cheque especial (ver Gráfico 2) ou no rotativo do cartão de crédito(cuja média é de 325% de juros ao ano), pois essas são as modalidades que cobram os juros mais altos. Corte o supérfluo nesse momento de ajuste e consuma somente o essencial para que, dentro em breve, sua situação financeira seja revertida e seu nome volte a ficar “limpo”.

Gráfico 2: Taxa de juros do cheque especial de algumas instituições financeiras (14 a 20/04/2015).

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Fonte: Elaborado a partir de Banco Central do Brasil (2015).


Fernando Antônio Agra Santos é palestrante na área de Inteligência Financeira, Gestão de Pessoas, Relacionamento Interpessoal, Marketing Pessoal e Gestão do Tempo. É Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Professor da Universidade Salgado de Oliveira (Universo) e professor licenciado da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas as instituições em Juiz de Fora - MG. Também é economista do Centro Regional de Inovação de Transferência e Tecnologia (Critt) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). É autor do livro "Crédito Rural e Produtividade na Economia Alagoana" pela EDUFAL. É colunista do Portal ACESSA.com e foi coautor de artigos na Folha de São Paulo on line (com o colunista Samy Dana, Professor da FGV - SP), de agosto/2013 até janeiro/2015.Saiba mais clicando aqui.