Mariana: trás corpos aguardam identificação no IML de Belo Horizonte

Por

Sexta-feira, 13 de novembro de 2015, atualizada às 13h21

Mariana: três corpos aguardam identificação no IML de Belo Horizonte

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informou que três corpos foram encontrados e aguardam identificação no Instituto Médico-Legal da capital mineira. Segundo a corporação, as buscas continuam e os corpos só serão classificados como vítimas do rompimento das duas barragens de rejeitos em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG), após a identificação.

Na última quinta-feira, 12 de novembro, Corpo de Bombeiros confirmou a sexta vítima do acidente. O número de desaparecidos permanece em 19, sendo dez funcionários da Samarco e nove moradores de Bento Rodrigues.

No total, 637 pessoas – somando 185 famílias – perderam as casas ou tiveram o imóvel afetado pelo rompimento das barragens. Eles foram levadas para hotéis e pousadas da região.

Nesta sexta-feira, os bombeiros receberam um reforço de 65 militares no efetivo das equipes de busca, que percorrem as calhas às margens do curso d'água por onde houve escoamento da lama das barragens.


Rejeitos

A onda de cheia já passou pela última estação de monitoramento localizada em Linhares (ES). A lama, porém, que tem avanço mais lento, continua sendo monitorada. Em decorrência da passagem da lama pelos reservatórios das usinas hidrelétricas em Minas Gerais e no Espírito Santo, a situação está sendo reavaliada. Até o momento, a previsão é de que os rejeitos cheguem a Linhares até o próximo dia 19.

Em Governador Valadares (MG), cidade mais afetada pela interrupção no abastecimento de água depois que a lama proveniente do rompimento das barragens em Mariana chegou ao Rio Doce, a população faz filas para comprar água mineral e reclama da falta de uma solução para o problema.


Cidades suspendem abastecimento de água

A cidade, que fica a 300 quilômetros do município onde as barragens se romperam, tem 280 mil habitantes e a água precisou ser cortada após o fluxo de lama com rejeitos de mineração atingir o rio, que é a principal fonte de abastecimento local. O município decretou estado de calamidade pública.

Na última quinta, moradores protestaram contra a Vale, que junto com a mineradora BHP controla a Samarco, responsável pelas barragens que se romperam em Mariana. Eles bloquearam a linha férrea usada pela mineradora, pedindo uma solução para a falta de abastecimento.

A prefeitura de Governador Valadares informou que fez um projeto para captar água de outros rios. Enquanto isso não ocorre, 38 caminhões-pipa percorrem cidades da região, para encher os tanques, e retornam a Valadares para, prioritariamente, abastecer hospitais e estabelecimentos como escolas e creches.

A Samarco informou que enviou ao município mais de 2,5 milhões litros de água para ajudar no abastecimento, além de 13 mil litros de água potável, e que a partir de hoje enviará 2,4 milhões de litros por dia.

Rio Doce

Segundo o fotógrafo e ambientalista Leonardo Merçon, após a chegada da lama, a água do Rio Doce “parece um achocolatado com cheiro de ferrugem”. Ele coordena a organização não governamental Últimos Refúgios, que trabalha com preservação do meio ambiente, e foi a Governador Valares ver e fotografar a situação.

“É possível ver peixes morrendo asfixiados, camarões indo para as pedras quentes para fugir da lama”, disse. “Todos os seres vivos do Rio Doce que precisam da água para respirar morreram”, acrescentou. 

Segundo Merçon, muitos moradores da região não têm a dimensão do que está ocorrendo. “As pessoas estão comendo esses peixes mortos, que não se sabe se têm doenças. Outros estão recolhendo para vender. Mas muita gente já reclama que os peixes começam a ter mau cheiro e diz que a situação está ficando insuportável. Ninguém sabe quando vai se normalizar”.

Espírito Santo

Neste fim de semana, a lama deve interromper o abastecimento de água nas cidades capixabas de Baixo Gandu e Colatina. “Nosso foco é Colatina, que tem mais de 120 mil habitantes, Com a chegada da lama, todo o abastecimento vai ser suspenso. A cidade fica incapacitada de captar água no Rio Doce”, disse à Agência Brasil o secretário do Desenvolvimeto do estado, João Coser.

Segundo ele, o governo trabalha com alternativas para ficar “semanas sem abastecimento. Agora, queremos garantir abastecimento paras as pessoas. Temos quantidade de carros para abastecimento. E vamos colocar algumas caixas d'água em pontos da cidade”, acrescentou Coser.

Por Agência Brasil