André Salles André Salles 1/06/2016


A empresa fica pobre…

Recentemente deparamos com uma descrição de competência em sua relação com o ambiente do trabalho: a “Competência é assumir responsabilidades frente a situações de trabalho complexas, buscando lidar com eventos inéditos, surpreendentes, de natureza singular”. Vamos hoje decompor uma parte desta descrição e verifiquemos se somos capazes de lançar luz sobre onde está a competência.

Competência é aqui, em primeiro lugar, ASSUMIR RESPONSABILIDADES. Acrescentamos o elemento de que não podemos assumir responsabilidades se não tivermos na base de nossos pensamentos a ciência do fato de que assumir responsabilidades significa, antes de mais nada, ter claro para si mesmo que: aquilo que se obtém como boa resposta ou decisão, em si mesmo, diante da tarefa, dentro do ambiente do trabalho está em nossos pensamentos. A exemplo: estou diante de um fato gerador dentro do ambiente organizacional que requer uma decisão. Não estamos aqui falando de decisão certa ou errada, pois isto já ultrapassa em muito aquilo que o fato é por si mesmo. Assim, por ser uma decisão a ser tomada e por não ter uma saída inicial eu prorrogo a minha decisão a ponto de ultrapassar os limites (prazos) que o caso requer com justiça, ou seja, com equilíbrio para a Empresa e para os Colaboradores envolvidos.

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Tenhamos este exemplo em mente. Agora, pensemos com propriedade e sentimento. Onde nasceu, em mim, a decisão de prorrogar o prazo de conclusão desta tarefa? Se eu não tenho claro isto em mim mesmo eu não estarei agindo com responsabilidade em meu trabalho. Enquanto que, quando sou capaz de perceber a verdade do fato e aquilo que é verdadeiramente bom na conclusão (decisão) certa ou errada e assim decidir dentro do prazo justo, não levando em consideração aquilo que eu penso ser preferencial para mim, com certeza trará uma solução acertada.

Observemos com cuidado nossas decisões em nosso ambiente do trabalho. Se elas estiverem partindo de nosso mundo preferencial, ou seja, aquilo que me agrada ou desagrada e, se assim eu não for capaz de observar a totalidade do ambiente organizacional, eu estarei levando adiante algo que mais tarde terá o seu conseguinte. Portanto, fatos organizacionais devem fechar a gestalt no sentido da unidade, ou seja, eu devo antes de lidar com o meu trabalho conhecer minhas preferências e ser capaz de deixá-las de lado para decidir sobre algo no sentido de como seria melhor para a Empresa e como seria melhor para o Colaborador, em conjunto.

Contudo, ASSUMIR RESPONSABILIDADES, neste contexto, não significa meramente o fato de realizar a tarefa. Antes, é mais significativo o fato de eu ser capaz de refletir sobre a possibilidade de decidir com base na verdade e naquilo que será verdadeiramente bom para a Empresa e para o Colaborador em conjunto. Quando o sentido da Unidade, Empresa-Empregador-Empregado estiver pautado em elementos não preferenciais teremos uma luz sobre o que é realmente Competência. A competência está na Unidade, no todo, no conjunto e quando decidimos sobre nossas preferências não atingimos o todo. O conjunto fica pobre. A Empresa fica pobre, o Empregador fica sem a Empresa e o Colaborador sem sua dignidade. Estes são os conseguintes… quando não observamos nossos pensamentos com critério e sentimentos adequados.


André Salles é Bacharel em Psicologia pelo CES/PUC-MINAS; Pós-Graduado Latu-Sensu em Psicoterapia Fenomenológico-Existencial pela PUC-MINAS; Mestrado em área de Concentração Filosófica pela UFJF; Educador em disciplinas de Psicologia e Filosofia na Faculdade Sudeste de Minas – FACSUM - 2004/2008; Filiado à Associação Brasileira de Psicólogos Antroposóficos; Em Formação Antroposófica e Educação Waldorf – Foundation Courses and Waldorf Certificate Program - Sophia Institute – US; Gestão Por Competências pela FGV.
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