Cia. Teatral Putz!
Besteirol made in JF


Deborah Moratori
06/02/03

A diretora do grupo ? a vaca Dorot?a Cow, por a? j? se v? que o Putz! n?o se trata, digamos, de uma companhia teatral convencional. A pr?pria forma??o do grupo j? tinha essa inten??o, quando em 2001 eles apresentaram o espet?culo, Ode ao Nada que lan?ou as bases para o surgimento definitivo do Putz!.

Juninho, ou Tarc?sio Dalpra Jr., o autor dos textos explica que "a proposta era lan?ar algo novo, bem diferente da linha atual e de tudo que j? tinha sido visto nos palcos de Juiz de Fora".

Daqui pra frente...
Se a inten??o era inovar, o tiro acabou saindo pela culatra. Ode ao Nada faturou, para surpresa dos integrantes do grupo, um n?o muito satisfeito segundo lugar em um concurso de dramaturgia - o mesmo que tinha lan?ado a companhia um ano antes com a pe?a premiada Manera, Man?.

O resultado dessa insatisfa??o virou piada. No palco, ? claro. Na reapresenta??o dos espet?culos premiados, a pe?a original de 20 minutos - bem de acordo com as regras do concurso - ganhou mais 20 de cacos, improvisa?es e protesto e aplausos de p?. "Nem mesmo o sonoplasta sabia o que ia acontecer no palco", recorda-se Juninho.

O acontecimento deu origem a um eps?dio de que eles se lembram rindo: "a organiza??o do concurso, percebendo a demora da apresenta??o, foi at? a cabine de sonoplastia perguntar se ainda faltava muito. Foi quando o sonoplasta respondeu: 'daqui pra frente eu n?o sei o que vai acontecer'".

Putz e o nome
O reconhecimento n?o tardou, mas at? ent?o a Cia. Teatral Putz! n?o existia. E a hist?ria da transforma??o de um grupo de atores a uma companhia teatral n?o deixa de ser engra?ada. Convidados para uma apresenta??o em S?o Louren?o, sul de Minas, ao preencher, por telefone, a ficha do grupo, o organizador perguntou o nome da companhia. A resposta? "Putz, n?o tem".

Da? em diante, eles se apresentaram em Belo Horizonte, na I Campanha de Populariza??o do Teatro e da Dan?a, onde tiveram uma aceita??o boa de Ode ao Nada, amadureceram e se profissionalizaram at? a concretiza??o do que o grupo ? hoje.

O resultado a gente confere nos palcos de Juiz de Fora onde os nove integrantes da Cia. Teatral Putz!, Ang?lica Joppert, Bruno Fonseca, Cibele Lopes, Luciano Larcher, Raphaela Ramos, Sandro Massafera, Vitinho Multi, Zezinho Mancini, al?m de Juninho, apresentam regularmente as pe?as do grupo.

Metamorfose ambulante
Do lan?amento, uma evolu??o entre uma pe?a mais intelectual ao estilo picante. Hoje o estilo dos espet?culos "? a com?dia pop - bem diferente de Ode ao Nada, mesmo em fun??o da aceita??o e compreens?o do p?blico - que prev? uma rela??o intimista, de intera??o, e bem pr?xima do espectador", relata Juninho. "Nem sempre o p?blico est? participando das apresenta?es, mas o feedback a gente conquista do 'olho no olho' entre ator e espectador".

Al?m disso, Raphaela Ramos completa, "a gente tem todo um trabalho textual. Cada esquete tem sua hist?ria com princ?pio, meio e fim. O humor vem do texto que ? muito valorizado", o que desmente as cr?ticas dos grupos mais tradicionais que acusam os espet?culos do Putz! de serem baseados apenas no improviso.

"A apresenta??o da companhia n?o ? um show de humor. ? um espet?culo teatral o que n?o nos impede de aproveitar os improvisos e as situa?es que surgem no palco ou na plat?ia. O importante ? saber dosar a troca de cacos sem fugir do texto", esclarece Juninho.

? por isso que cada apresenta??o da companhia ? ?nica. Quem assiste ? estr?ia de uma pe?a e ao ?ltimo espet?culo da temporada comprova que o grupo est? num constante aperfei?oamento.

Pequeno not?vel
Evolu??o que vem trazendo bons frutos ao Putz! Em um ano e cinco meses de companhia, foram dois espet?culos montados Putz, falei! e Sexo nas Cabe?as, duas apresenta?es no Cine-Theatro Central, onde reuniram mais de dois mil espectadores, e temporadas sempre lotadas na pizzaria Pizza-Nostra. "E o sucesso n?o foi por acaso", analisa Juninho.

"Todo retorno que a gente tem com as apresenta?es ? investido na pr?pria companhia. ? importante a gente cuidar do figurino, da luz, sonoplastia, cen?rio e divulga??o", diz Raphaela que junto com Juninho assume a fun??o de assessoria de comunica??o do grupo.

A meta para este ano ? a apresenta??o de um espet?culo diferente a cada seis meses e a conquista de novos territ?rios. "Um espet?culo
infantil j? est? sendo produzido", antecipa Juninho.
A pe?a O Reino da Comidol?ndia contra o Imp?rio
Diet
tem dire??o do ator e videomaker Pablo San?bio.

O espet?culo vai pleitear recursos junto ? Lei Murilo Mendes de Incentivo ? Cultura e, caso seja contemplado, o grupo pretende caprichar na produ??o, apresent?-lo em v?rias escolas da cidade e regi?o e lev?-lo aos quatro cantos de Minas.

Um trabalho adulto tamb?m est? sendo planejado. Em fase de produ??o do texto, o grupo se desdobra entre a cria??o de Pelados Somos Todos Iguais e os ensaios do espet?culo infantil. A companhia tamb?m d? continuidade ao projeto de apresenta?es voltadas para empresas. "Esse ? um mercado interessante e novo. Geralmente essas apresenta?es falam de vendas, atendimento, rela??o com os clientes sempre de forma bem humorada para agradar os funcion?rios", explica Juninho.

Frio na barriga
Mas a grande novidade para este ano chegou h? poucos dias. Do Rio de Janeiro partiu um convite para o Putz! reinaugurar um dos maiores espa?os da com?dia brasileira: a Casa do Riso. O local aberto por Chico Caruso j? recebeu como convidados alguns "monstros" como Chico An?sio. A diretora Dorot?a Cow brinda o sucesso do grupo.

*Nas fotos voc? confere alguns momentos da companhia.