Max Klim O jornalista e o astrólogo


O pseudônimo jornalístico surgiu em 1970, quando Carlos Alberto Lemes de Andrade aceitou, pelo contato que mantinha com a astrologia desde os anos 60 de século passado, fazer o horóscopo do Jornal do Brasil. O então seu chefe na Agência JB, Ewaldo Monteiro de Castro, escolheu o nome Max Klim como o pseudônimo a ser usado pelo novo colunista do Jornal do Brasil.

- Mas isso é nome de pasta de dente, lembra Carlos Alberto ao se recordar de sua reação à escolha do pseudônimo.

- Mas pega!, afirmou seu chefe, numa premonição do que viria daí em diante.

E a coluna e o nome pegaram. Hoje, o jornalista afirma ser muito mais conhecido por Max que por seu nome civil.

A experiência de Max Klim com a astrologia começou bem antes quando ele editava um seu jornal  o “Folha do Pontal” em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro.

“Tudo começou quando estava em no meu  jornal, um tri-semanário ainda impresso em máquina plana e composto por uma linotipo 31 e não tínhamos dinheiro para pagar um astrólogo. Então, resolvi fazer uma coluna. Mas era uma coluna séria, não aquelas adivinhações que vemos por aí. Comprei livros, estudei e fiz o horóscopo para o jornal” lembra Max, com uma ponta de saudade dos tempos românticos do jornalismo de interior.

Juiz de Fora passou a fazer parte do seu caminho em 1983, quando atingiu o máximo da carreira profissional assumindo funções de gerência e direção em uma das empresas do Sistema Jornal do Brasil – a Agência JB - e, ao mesmo tempo, diz haver se cansado do Rio de Janeiro e da rotina de uma capital.

Ele conheceu Juiz de Fora quando aqui esteve na inauguração da primeira linha de micro-ondas para transmissão de dados para a cidade, o que permitiu aos jornais locais a assinatura de serviços noticiosos  por linha permanente.

A “Tribuna de Minas” foi o cliente da AJB escolhido para receber os serviços ainda por telex com noticiário nacional da AJB e internacional da The Associated Press.

- Naquela época estava com vontade de voltar a viver no interior e procurei uma função em Juiz de Fora, a conseguindo no Diário Mercantil o que me possibilitou a realização de um velho sonho, afirma o jornalista.

Foi nessa atuação no antigo jornal dos Diários Associados que Carlos Alberto recebeu o curioso apelido de “alegria” que refletia bem seu entusiasmo com o jornal e seu trabalho.

Eu estava tão feliz por ter vindo morar em uma cidade do interior que me apelidaram ‘o alegria’. Na verdade isso procedia, pois eu troquei um cargo de direção no maior jornal carioca da época, o JB e fui contratado como repórter. Mas, a minha disposição era muito grande. Encontrei minhas raízes no interior, pois Juiz de Fora lembrava muito minha terra natal no Sul de Minas e era muito pequena naquela época”, rememora.

Depois disso, Max se fixou em Cataguases, quando exerceu o jornalismo no órgão oficial da Prefeitura daquela cidade, editando o jornal “O Catasguases” e simultaneamente trabalhando na advocacia e atuando na política.

Foto de quadro com violeiro - Passei por um período de inquietação mental muito grande e por razões de família com a perda de uma filha, resolvi voltar a convite de Josino Aragão, para editar o Diário Regional, projeto que ainda engatinhava. Era maio daquele ano e em junho já estávamos com o número zero na gráfica. No jornal fui Diretor de redação e Editor responsável em sua primeira fase, diz o jornalista.

Após deixar Juiz de Fora, em 2000, Max Klim passou a se dedicar exclusivamente à astrologia, uma área do conhecimento que ele nunca abandonou, mesmo sendo jornalista, professor de história, administrador de empresas e advogado. "Nessa época comecei a estudar muito e a escrever livros sobre o tema e hoje já são 19 editados pela maior editora do país, a Record", diz.

A facilidade para a astrologia veio do jornalismo e da advocacia como explica ao afirmar que “estes dois campos do conhecimento me deram uma bagagem grande de conhecimentos gerais”.

Max Klim ressalta, no entanto, dedicar-se ao que classifica “astrologia a sério, que orienta, dá caminhos, não aquela outra de pura adivinhação, de picaretagem", realçando que seu trabalho se baseia em permanente estudo, consultas diárias a efemérides, mapas de revolução solar e de trânsito, em um trabalho hoje apontado no Brasil um dos mais importantes no campo do esoterismo.

Numa análise do seu passado profissional, Max Klim diz que do jornalismo “ficou a consciência de que esta é a profissão mais estressante e também de maior realização que alguém pode aspirar”. A propósito, ele lembra que “o número de jornalistas hospitalizados por estresse e problemas cardíacos é maior do que em qualquer outra profissão” se levarmos em conta uma seleção de atividade profissional em relação a doenças comuns.

- Mas é fantástico, começamos e terminamos o trabalho em um único dia e saber que nada há de mais antigo que jornal de ontem, uma coisa que quase não tem mais valor, explica o hoje astrólogo.

Da advocacia ficou a decepção. “Eu me frustrei profundamente com o sistema judiciário brasileiro, onde a manipulação, o atraso e os interesses subalternos são colocados acima do próprio direito e da justiça".

Para ele, o seu começo de vida como professor de história, o magistério foi onde conseguiu sua maior realização, “superior talvez até mesmo à compensação que o jornalismo nos dá”.

Hoje, “sessentão” como se define, diz ter a exata noção de que “ensinar e informar têm sentido profundo de nos tornar melhores e melhor o mundo a nossa volta".

Hoje com seus de astrologia já editados e dois de história que devem ser publicados em breve, Max Klim considera seu renome nesse campo  “uma conquista que equiparo ao recebimento da medalha dos 200 anos da Inconfidência Mineira que consegui pelo trabalho de pesquisa sobre Vitoriano Veloso, um personagem esquecido pela história daquele movimento contra a Coroa portuguesa”.

Ele lembra que Vitoriano Veloso – hoje nome dado ao antigo arraial do Bichinho, antigo distrito de Prados, uma cidade importante na historiografia mineira - foi o único inconfidente “a receber ao mesmo tempo a pena o exílio na África e ser condenado a  chibata em torno do patíbulo onde Tiradentes foi enforcado”.