Arqueus
Grupo fala sobre o prazer de se tocar em uma (ou v?rias) banda(s), a falta de oportunidade e a batalha para divulgar o trabalho


Os integrantes do Arqueus falam sobre a rea??o do p?blico quando as bandas tocam m?sicas pr?prias. Clique e ou?a tamb?m a m?sica "Sol Vermelho".


Ou?a! Ou?a!

Djenane Pimentel
26/07/04

A julgar pelo que se toca nas r?dios e nas emissoras de TV do pa?s, pouca coisa surgiu no rock brasileiro nos ?ltimos cinco anos. Mas n?o ? por falta de talento. Em Juiz de Fora, por exemplo, o cat?logo de bandas que se apresentam diariamente nas casas noturnas da cidade ? imenso. De todos os estilos, elas t?m pelo menos uma coisa em comum: a falta de oportunidade.

Diferente da realidade dos anos 80, ?poca em que o rock brasileiro recebeu seu maior upgrade, hoje, este estilo musical sobrevive no mais intenso marasmo. Mas os novos talentos existem, e, mesmo que de forma independente (e escondidos), eles t?m se mostrado firmes no sonho de um dia ocuparem o espa?o merecido e viver fazendo o que amam: m?sica.

Rock Progressivo

A banda Arqueus ? um exemplo de grupo que quer mostrar o seu trabalho de forma mais ampla. Ela foi formada em 1993, com Luis Ot?vio Pinheiro Lima (vocais, letras e composi?es), Jefferson Barros (guitarras e composi?es), J?nior Balbi (teclados) e Greg Ruhena (baixo). S? que, de 93 para c?, o grupo passou por v?rias modifica?es. A forma??o atual ? composta por M?rcio Fazza (teclados), Rodrigo Itaboray (guitarras), Douglas Gomes (bateria), al?m dos remanescentes da forma??o original, Luis Ot?vio e Greg.

Rodrigo Itaboray Tocando talvez um dos estilos musicais mais controversos da m?sica mundial - o rock progressivo - o grupo tem se esfor?ado a cada dia para conseguir mostrar o trabalho do ?ltimo CD - Heterodoxia -, terceiro da banda, mas o primeiro oficial, gravado de forma totalmente independente.

O rock progressivo ? um estilo lembrado, hoje em dia, pelo enorme espet?culo em palco, que fascina principalmente aqueles que gostam mesmo de m?sica e de tocar instrumentos.

Com influ?ncias de m?sicas de v?rios estilos, como Marillion, Pink Floyd, Yes, Beatles, Eric Clapton, guitarristas como Steve Vai e Joe Satriani, e bandas de rock nacional, os meninos do Arqueus enfatizam que a m?sica progressiva ? ?tima para se assistir e contemplar.

M?rcio Fazza

Projetos paralelos
Todos os integrantes da banda Arqueus, com exce??o do vocalista Luis Ot?vio, tocam em bandas paralelas, geralmente com outro estilo de m?sica. Alguns conciliam at? tr?s bandas e mais o trabalho durante o dia. Como? Eles explicam: "N?o achamos que nos atrapalha ter outros projetos ao mesmo tempo que o Arqueus, ao contr?rio. O m?sico n?o consegue ficar sem tocar, ? uma doen?a", dizem.

Segundo o baterista, Douglas Gomes, Juiz de Fora ? uma cidade que n?o oferece muito espa?o para as bandas. Em sua opini?o, "estando em v?rias, mais chances de conseguir um espa?o para se apresentar".

Outra coisa interessante, apontada pelos integrantes, ? que, tocando em bandas que fazem sons diferentes, maior o esfor?o para aprender. "Te for?a a estar sempre estudando um estilo diferente, conhecendo coisas novas. ? um desafio", lembra Rodrigo.

Greg Ruhena Se coincide de acontecer dois shows de bandas diferentes no mesmo dia, o pessoal diz que d? prefer?ncia sempre pela que faz o som pr?prio. "Porque ? isso que vai fazer com que tenhamos um diferencial e nos tornemos conhecidos um dia. A gente pode at? tocar cover direitinho, mas n?o queremos ser somente mais uma banda cover", avisam.



P?blico de Juiz de Fora
Luis Otavio Quando perguntados se existe p?blico para tantos estilos e grupos, em Juiz de Fora, a banda Arqueus ressalta que o problema da cidade ? que as pessoas t?m medo de perder a noite e acabam freq?entando sempre os mesmo lugares.

Para eles, independente da banda que tocar, as casas noturnas de sucesso sempre v?o ficar lotadas, mas nem sempre as pessoas estar?o ali por causa da m?sica e sim, pelo modismo. "Tamb?m depende muito da divulga??o da m?dia, mas, na maioria das vezes, o sucesso do lugar ? que vai fazer o sucesso do show com o p?blico", afirmam.

O baixista, Greg Ruhena, conta que, muitas vezes, ? at? engra?ado, pois as bandas j? conhecem os f?s pelo nome. "Isso quando n?o s?o os pr?prios amigos na plat?ia", diz. "O que a gente mais quer ? que as pessoas curtam o show e depois compare?am a outros, pois gostaram da m?sica".

Pouco investimento

Douglas Gomes Uma explica??o para a resist?ncia da ind?stria do disco a apostar em novos nomes ? a queda de vendas na ind?stria fonogr?fica, e, com isso, a mudan?a de pensamento: o investimento a curto prazo. Segundo a banda, eles preferem investir em Rouge e Kelly Key, do que em qualquer estilo de rock que n?o agrade as massas.

Sendo assim, poucos s?o os que conseguem sair do cen?rio independente e obter sucesso, como a roqueira baiana Pitty, CPM 22 e Detonautas. "As r?dios tamb?m n?o ajudam. N?o tocam m?sicas de bandas independentes", reclamam os integrantes do Arqueus.

Uma pena para os amantes do bom e velho rock que, enquanto isso, t?m que se contentar em ouvir as boas bandas somente em barzinhos da cidade.