O que aprendo com os Ipês...

Nome do Colunista Ana Pernisa 23/09/2017

Começo esse texto perguntando: o que enchem os seus olhos? O que abastece sua alma? O que é simples e pode fazer uma grande diferença em seu dia?

Há muito tempo descobri uma verdade em mim: amo árvores floridas.

Amo olhar, apreciar e fotografar. Sou capaz de diminuir o passo, a velocidade do carro, parar uma frase no meio, só para me dar o prazer de absorver a beleza do momento. E esses momentos, tão efêmeros, aquecem meu coração.

Sabe, é tão bom quando permito a mim, parar e me dar esse oásis de presente...  E você, já parou para descobrir quais são os seus oásis? E a quanto tempo não se permite se dar de presente, apreciar apenas um momento assim?

Árvores floridas... Flamboyants,  Buganvílias e tantas outras, capazes de encher meus olhos de colorido. E, agora, os Ipês... Ah, os Ipês têm um lugar especial em meu coração! E, estamos no tempo deles se revelarem tão lindos!

Você já reparou nas fases que um Ipê passa? Já reparou como seu florescer é belo?

Ele, que ora é tão discreto e quase imperceptível aos olhos, podendo ser facilmente confundido com a paisagem local, vai passando por uma intensa transformação. Em  pouco tempo, nele começa a surgir um salpicar de lindas flores, até que finalmente, se torna uma aparição glamourosa numa linda explosão florida.  E assim, se transforma, de sua forma singela para se destacar onde estiver, em sua beleza plena. E é nesse momento que em sua plenitude de belas cores, oferece um refrigério aos olhos daqueles que por ele passam e têm olhos para ver e apreciá-lo... Para quem gosta, impossível ficar indiferente. Impossível não sorrir.

E, tempos depois, as flores caem novamente e a paisagem muda tanto que é difícil imaginar que tamanho esplendor existiu por ali. Esse mesmo Ipê, ora tão magnífico, entra em outra fase, e se apresenta como uma árvore de galhos nus, com a aparência de quase morta, latente, como se dali fosse impossível perceber um sopro de vida... E assim, segue sua vida, de forma singela, até seu novo florescer.

Vejo nos Ipês um exemplo de transformação, onde não há como negar sua natureza e deixar de lembrar sua formosura. São momentos de plenitude para logo a seguir, quase um anonimato. Períodos de metamorfose intensa, marcada por fases tão distintas. Expansão e recolhimento que diante dos meus olhos vêm constantemente me ensinando que assim também é a vida. Tudo tem um ciclo... Observo em mim, que tal como os Ipês, sou pontuada de ciclos... E neles, vou tendo a chance de me aperfeiçoar. A cada novo ciclo, minha vida vai sendo desenhada nos acontecimentos das fases pela qual passo. Nunca da mesma forma, pois em cada ciclo, algo a mais passa a fazer parte desse caminhar. Novas experiências, vivências e desafios me convidam a uma conscientização interna do meu existir nesses ciclos universais de altos e baixos, expansão e recolhimento... Inspiração e expiração... Pausa e movimento...

Repare! Observe também em você! Nada é linear... Tudo faz parte de um grande espiral... Contínuo. Cheios de começos e fins e outros recomeços... Assim é a minha vida, assim é a sua vida.

Observando os Ipês, aprendo que o cair das flores não quer dizer que a beleza findou... Que isso tudo faz parte de um processo... Que uma nova florada está por vir, na época certa para ela. Aprendo que tudo tem um tempo e leva um tempo, e que a renovação faz parte e se faz necessária, de tempos em tempos, para um renascer.

Quantas vezes em nossas vidas passamos por esses ciclos? E ao florescermos novamente, quantas vezes olhamos para trás, e ficamos surpresos com a força que existia em nós e nos possibilitou passar pelas  transformações e metamorfoses que a vida nos convidou a fazer?

Aprendo, especialmente com os Ipês que enquanto há vida, há de se entender que tudo faz parte de um processo constante de aprendizado e autoaperfeiçoamento. Que nada é fixo ou está, definitivamente, pronto, e que é de grande sabedoria trabalhar a aceitação e o olhar amoroso e contemplativo para esses movimentos. Aprendo a parar com a resistência e me render ao fluxo de amor que me permeia. Aprendo a entender e a sentir que, de fato, tudo passa, tudo tem um ritmo, que não é possível reter esse fluxo porque a vida segue por si só, assim como as novas flores que surgirão no mesmo Ipê que ali está, agora, adormecido por um tempo. Aprendo que a vida, como os ciclos da Natureza é como um grande bailado onde uma Sabedoria Maior reina e a tudo rege. Que tudo é mutável... Assim como as folhas verdes que dão lugar às flores, que dão lugar as sementes, que dão lugar aos galhos desnudos e assim o ciclo se faz e quando o inverno vem, nada impede que sua formosura se manifeste em sua forma esplendorosa.

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Toda vez que eu olho para um Ipê, me lembro de me encher de esperança por saber que de seus galhos, ora vazios, em breve, deles novas folhas aparecerão e suas flores surgirão novamente, em sua magnitude, tal a Fênix, que renasce das cinzas..

Aprendo, observando os Ipês, que há o tempo de florir, há o tempo de se recolher, há tempo de se renovar, há o tempo de esperar. Que tudo a seu tempo, há de desabrochar. E tudo está certo, como está. E que há muita poesia a ser inspirada e criada em observar...

E assim, essa nobre árvore, que permanece tão forte e convicta em seu lugar, vai dançando no ritmo da vida, nos mostrando que podemos renascer e florescer em nós, mesmo nos nossos invernos, várias vezes pelo nosso caminho de existir.

E você? O que pode aprender com os Ipês?

Ótimo dia!

Um beijo carinhoso.

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