Dermatologista orienta sobre uso de repelentes tradicionais e caseiros

Existem três compostos testados no Brasil e disponibilizados por diversas marcas nas farmácias e supermercados

Angeliza Lopes
Repórter
9/01/2016
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A combinação de chuvas passageiras com sol forte durante o dia tem facilitado muito na proliferação do mosquito aedes aegypti, transmissor da temida dengue. A água parada em vasos de plantas, pneus, garrafas, caixas d'água destampada e latas já resultaram na confirmação em 2015 de 4.518 casos em Juiz de Fora, 453,67% maior que o número de registros em 2014, quando foram contabilizados 816. Mas, além da dengue, o mosquito pode ser transmissor de outras duas doenças, que são: chikungunya e zika virus – quando transmitido para a gestante, pode causar má formação do cérebro do bebê, que é a microcefalia. Para prevenir, muitas pessoas procuram repelentes nas farmácias e supermercados, o que tem causado o esgotamento do produto em alguns lugares. O uso é recomendado, principalmente, em gestantes, mas todos devem observar cuidados e sua durabilidade.

A dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia Vânia Piccinini explica que existem três tipos de repelentes no Brasil, com fórmulas testadas e com durabilidade comprovada, que são: o Icaridina (KB3023), DEET e o IR 3535. O mais indicado para as gestantes é o primeiro tipo, por durar por mais tempo e ser menos tóxico, em torno de 6 a 7 horas, já os outros dois não passam de 2 horas de cobertura. "O correto é passar o repelente por partes do corpo que não serão tampados pela roupa, ou, até mesmo, passar por cima da roupa. O produto só é eficaz quando ele produz uma camada sobre a pele, tipo uma 'nuvem'. Não há contraindicação para o tipo em que o composto é disponibilizado. O tipo spray, gel ou creme tem o mesmo efeito", explica.

Mas, antes de usá-los, de forma contínua, é importante ficar atento se o repelente não causou irritação. Vânia conta que se a pessoa for sensível, alguns compostos podem causar a dermatite de contato. "Nestes casos, aconselhamos trocar o produto. Não é indicado passar próximo aos olhos e boca, para evitar irritação. Outra dica é evitar o uso a noite, optando pelo cortinado – mosquiteiro, pois o cheiro pode intoxicar ou causar alergia", esclarece.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia também alerta que não deve ser usado repelentes em bebês com até 6 meses. O indicado é usar mosquiteiros e roupas protetoras. Não é recomendada nenhuma substância química na pele ou repelentes elétricos que contenham produtos químicos no ambiente onde se encontram. O grupo recomenda a instalação de telas nas janelas e portas e deixar o ambiente refrigerado já que os mosquitos gostam de calor e umidade. Já em crianças menores de 2 anos, o indicado é usar apenas com indicação acompanhamento médico.

Repelentes caseiros

A dermatologista orienta que as pessoas deixem as janelas fechadas de 16h às 20h, quando os mosquitos costumam entrar nas casas e quando usado remédios no ambiente, manter o quarto aberto e evitar em ambientes onde tem grávidas e crianças. Outra dica é plantar repelentes caseiros nas janelas, que são a citronela, alecrim, andiroba ou manjericão, que possuem cheio forte e espantam os mosquitos.

As farmácias de manipulação e de produtos naturais também oferecem outras opções, que conforme afirma Vânia, não tem eficácia comprovada, mas podem ser usados como coadjuvantes para intercalar com o uso dos repelentes mais caros e fortes. "Eles não são tão confiáveis e o gel e creme de repelente caseiro deve ser passado toda hora. Por isso, o interessante é intercalar os dois, principalmente, as grávidas. Já existe a vacina, mas elas não podem tomar, desta forma, também as oriento a andarem com calças leves e compridas e blusas de manga para reduzir o risco. Neste calor é aconselhável o uso do protetor solar com repelente, mas sempre passando o segundo por último".

Outras dicas

Veja algumas dicas ao aplicar os repelentes:

  • Procure vestir roupas brancas nas crianças, pois roupas coloridas atraem os insetos, assim como perfumes.
  • Os dispositivos ultrassônicos e os elétricos luminosos com luz azul são ineficazes.
  • O suor atrai os insetos.
  • Não durma com repelente no corpo, lave-se antes.
  • Leia todo o rótulo antes de aplicar o produto e conserve-o para consulta.
  • Mantenha os repelentes fora do alcance de crianças e não permita sua autoaplicação.
  • Evite o uso próximo a mucosas (boca, nariz, olhos, genitais) ou em pele irritada ou ferida. Para uso na face, primeiro aplique o produto nas mãos e então espalhe no rosto com cuidado.
  • Evite aplicação nas mãos das crianças e por baixo das roupas. Sempre lave as mãos após aplicar o produto.
  • Use quantidade suficiente para recobrir a pele exposta e evite reaplicações frequentes.
  • Se suspeitar de qualquer reação adversa ou intoxicação, lave a área exposta e entre em contato com o serviço de intoxicação. Se necessário, procure serviço médico e leve consigo a embalagem do repelente.

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