Ortomolecular: a medicina da saúde

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Ortomolecular: a medicina da sa?de

Ortomolecular: entenda os princípios da ciência que estuda o equilíbrio do corpo humano, evitando o surgimento de doenças

Médico ressalta que o paciente deve passar por um check-up geral, com a aplicação de exames e da 'anamnese', que é um histórico de doenças familiares

Angeliza Lopes
Repórter
20/04/2015

Pouco conhecida no Brasil, a Medicina Ortomolecular traz um novo olhar para o cuidado com a saúde física e mental do ser humano. O assunto é polêmico entre os profissionais da área médica, mas vem propor um contraponto a ciência de cura de doenças, sendo aplicado, principalmente, em países europeus há mais de 50 anos. Resumindo em poucas palavras, esta prática propõe detectar e corrigir os desequilíbrios das funções celulares a nível bioquímico-molecular, antes que se manifeste as doenças. Sendo assim, para a ortomolecular só existe doença, na ausência de saúde. Para falar sobre o assunto, a ACESSA.com conversou com o médico João Carlos Arantes, um dos poucos especialistas da área em Juiz de Fora. As informações serão dividas em duas matérias, com sequencia sobre os princípios da nova medicina e como ela é aplicada.

O corpo humano está exposto a várias substâncias e fatores que aumentam reações de oxidação na células, resultando na formação de radicais livres. As condições negativas para o surgimento destes radicais são a poluição atmosférica, agrotóxicos nos alimentos, aditivos químicos em enlatados e acondicionados, medicamentos e estresses excessivo. Até o próprio oxigênio é oxidante, e, por isso baterias extensas de exercício físico também não é recomendado. "A grande produção dos radicais livres no organismo causa desequilíbrios e futuros problemas de saúde. A ortomolecular vem explicar estas reações e como reduzi-las, diminuindo possibilidade do surgimento de doenças futuras", explica Arantes.

Check-up na família

Antes de qualquer tratamento, o médico ressalta que o paciente deve passar por um check-up geral, com a aplicação de exames e da 'anamnese', que é um histórico de doenças familiares. Conforme detalha, esta ação é responsável por 85% dos diagnósticos dentro da medicina. A árvore nosológica é uma pesquisa que o paciente deve fazer entre seus parentes mais próximos, para que seja detectados doenças mais comuns entre eles. Após os relatórios e resultados de exames que são detectados quais os nutrientes que estão faltando no organismo da pessoa e se há elementos estranhos em meio a suas células. Muitas vezes a correção dos desvios encontrados é o suficiente para proporcionarmos o necessário equilíbrio metabólico/energético requerido para retornar novamente o paciente ao estado de saúde.

Arantes destaca que o equilíbrio está na administração de antioxidantes e organização alimentar. "Muitos acham que para seguir a ortomolecular é preciso pagar altos custos, ter muito conhecimento e que não pode comer muito. Não é verdade. Se compararmos o valor de um tratamento aos procedimentos que aplicamos, os valores são altamente discrepantes. Claro, que a ingestão de alimentos orgânicos, por exemplo, não é barato, mas ajuda a reduzir muito os venenos dos tóxicos jogados nas frutas e verduras. Há mais de 20 anos não adoeço e isso se deve a estas técnicas, que não são milagrosas, mas ajudam muito. O exercício físico também é indicado, mas dentro da necessidade do corpo."

Ele complementa, ainda, que para pacientes que já despertaram algum tipo de doença, o mais indicado é procurar um especialista médico que possa tratar o problema. "O corpo já está no auge do desequilíbrio, por isso indicamos tratamentos e depois da recuperação a aplicação da ortomolecular. Não prometemos milagres. Temos que destacar também que a resistência na aplicação destes métodos estão diretamente ligadas a medicina mercadológica que pretende lucrar com a doença. Não há nada de errado em inverter esta lógica e querer a saúde e o bem estar", conclui.

Princípios da ortomolecular

O bioquímico Linus Carl Pauling foi o precursor dos estudos de radicais livre relacionado com doenças humanas, em 1956, para os casos de moléstias degenerativas da idade. Mas somente nos últimos anos estuda-se o seu desenvolvimento em doenças crônicas e agudas. O estudioso entendeu, a princípio, a Medicina Ortomolecular como sendo o resultado da administração de megadoses de sais minerais e vitaminas. De acordo com a Associação Brasileira de Medicina Ortomolecular (ABMO), as bases bioquímicas desta ciência envolvem, essencialmente, os conceitos de radicais livres, reações de oxiredução e estresse oxidativo.

Os radicais livres têm sua ação fisiológica contra os agentes agressores ao organismo como bactérias, vírus, dentre outros. Mas, quando em excesso favorecem enfermidades relacionadas ao câncer, doença cardiovascular, aterosclerose, hipertensão, injúria isquemia/reperfusão (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral), diabetes mellitus, doenças neurodegenerativas, artrite reumatóide, envelhecimento, asma, ovários microcísticos, esquizofrenia, transtorno bipolar entre outras.

Apesar de publicações científicas, o desconhecimento do conceito e as aplicações clínicas da Medicina Ortomolecular, como ciência que se sobrepõe às diferentes áreas médicas, o estudo ainda está sujeito às distorções da mídia e do meio médico. "Entre muitas das distorções encontra-se a propaganda inadequada de emagrecimento e dietas ditas 'ortomoleculares', que na realidade não é o objetivo da Medicina Ortomolecular. Ela visa ao equilíbrio bioquímico molecular/celular do organismo humano, considerando a bioquímica individual e se utiliza, essencialmente, de vitaminas, minerais, aminoácidos e ácidos graxos essenciais para restabelecer, na medida do possível, este equilíbrio", explica a ABMO.

                                                                 Fonte: Associação Brasileira de Medicina Ortomolecular