Concurso Nacional de Produtos Lácteos busca aprimorar tecnologias e qualidade dos produtos Organização e jurados consideram que papel foi cumprido. Inscrições aumentaram cerca de 20% em relação ao ano passado

Victor Machado
*Colaboração
13/7/2011
Queijo

O resultado do 38º Concurso Nacional de Produtos Lácteos sai apenas nesta quinta-feira, 14 de julho, durante o encerramento do 28º Congresso Nacional de Laticínios, mas, para a organização do evento e os jurados, o concurso cumpriu o papel de buscar aprimoramento das tecnologias e da qualidade dos produtos da indústria láctea para o consumidor.

Segundo o coordenador do evento, Daniel Arantes Pereira, este ano, as empresas participantes buscaram produtos mais homogêneos. "O que percebíamos nos anos anteriores era que havia uma disparidade muito grande, relacionada à qualidade, entre os participantes. Essa homogeneização pode ser benéfica para o mercado."

Além da melhoria, o coordenador destaca que houve um aumento de cerca de 20% nas inscrições para o concurso esse ano em relação ao ano passado. "Isso mostra a credibilidade e o benefício que o concurso traz para os produtores lácteos." Pereira explica que grande parte dos produtos apresentados é feita exclusivamente para o evento, mas que a busca por aprimoramento acaba elevando a qualidade dos produtos disponíveis no mercado. "Enviamos um relatório para as empresas, mostrando o que foi avaliado com menos qualidade e o que teve vantagem. Isso propicia à indústria entender o que deve ser aprimorado para se aproximar dos concorrentes. Apesar de alguns produtos serem exclusivos do evento, a tecnologia usada, hoje, pode vir a alimentar o mercado."

Para o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), mestre em ciência e tecnologia de alimentos e jurado do concurso, Marco Antônio Moreira Furtado, além do benefício voltado para o consumidor, a vitória no concurso representa uma maneira de demonstrar a qualidade do produto. "As empresas buscam a excelência para ganhar o concurso e depois ter uma espécie de atestado de qualidade no rótulo do produto, dizendo que o ganhou."

Concurso

Um grupo de 30 jurados profissionais, com experiência em universidades, serviços de inspeção federal, estadual e municipal, além de técnicos e profissionais da área de laticínios, fazem o julgamento de onze categorias: Queijo Prato, Queijo Gouda, Queijo Provolone, Queijo Parmesão, Queijo Reino, Queijo Minas Padrão, Requeijão Cremoso, Doce de Leite Pastoso, Queijo tipo Gorgonzola, Manteiga de Primeira Qualidade e Destaque Especial (qualquer produto lácteo - queijos, doce de leite, iogurte, bebida láctea, manteiga etc - que tenha, pelo menos, uma característica inovadora).

Segundo Furtado, os critérios avaliados são aspecto global, que é analisar se o produto tem a característica a que se propõe, a cor, a textura, o odor, o aroma, o sabor e a consistência. "A consistência é a resistência do queijo, se ele esfarela ou não. Aroma e odor, apesar de parecerem a mesma coisa, são diferentes. O aroma é na hora que a pessoa come, ele exala algo diferente. O odor é o cheiro do queijo. Entre os critérios, o sabor é o que mais pesa na avaliação."

Ele exemplifica com o caso do queijo Minas padrão. Segundo o jurado, esse tipo de queijo deve ter uma forma cilíndrica, a cor branco palha, levemente amarelo, sabor ligeiramente ácido e olhaduras mecânicas, que são pequenos buracos no interior do queijo. "Essa olhaduras são importantes para o sabor. Parece ser um defeito, mas não é."

No entanto, o professor comenta que algumas dessas características não são mais seguidas. "Cerca de 80% dos queijos Minas padrão, por exemplo, não são levemente ácidos porque, hoje em dia, o mercado exige um sabor mais suave. Essa categoria foi a que mais perdeu sua identidade." Apesar disso, Furtado comenta que os produtos do concurso, em geral, seguiram as características originais. "Tivemos 15 queijos parmesão, o que é difícil em concursos. Isso mostra a credibilidade. Tivemos ótimos queijos Gorgonzola, que são difíceis de fazer e comprar." 

Consumidor

Para o professor, buscar produtos com características corretas no mercado é difícil. Segundo ele, o consumidor tem o hábito de procurar produtos pelo sabor e por características percebidas em outras compras. "Muito do que é analisado no concurso só é possível ver com o queijo aberto. No mercado, isso fica difícil. Além disso, são características difíceis de perceber. Se o consumidor quiser as características próprias tem que pesquisar."

O coordenador do concurso comenta que, apesar de haver diferenças entres os produtos do concurso e os disponíveis no mercado, o consumidor pode perceber algumas características como coloração e consistência. "É difícil passar dicas porque são muitas características. Mas as pessoas podem saber que a qualidade que vemos aqui no concurso é bem semelhante ao dia a dia."

*Victor Machado é estudante do 7º período de Comunicação Social da Faculdade Estácio de Sá

Os textos são revisados por Thaísa Hosken