Pipoca de Nutella e leite ninho da V? Elza com gostinho de boas histérias

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Pipoca de Nutella e leite ninho da V? Elza com gostinho de boas hist?rias
Sábado, 2 de setembro de 2017, atualizada às 10h

Pipoca de Nutella e leite ninho da Vó Elza com gostinho de boas histórias

Angeliza Lopes
Repórter

Mais do que sentir o sabor inesquecível das pipocas de Nutella e leite ninho do carrinho da Vovó Elza, no bairro Alto dos Passos, parar para conversar com Valéria Cardoso Corrêa, que se autodenomina pipoqueira em aprendizado, é uma terapia com sabor de quero mais! Com apenas dois meses e meio, ela já conquistou o espaço na praça, que fica na esquina do cruzamento da rua Morais e Castro com a Dom Silvério, bem debaixo do coqueiro, onde estaciona seu negócio e divã de segunda a sábado, das 15h às 20h.

Seu empreendimento veio em boa hora! Transformou o momento difícil que passava em um degrau para a conquista do tão sonhado carrinho de pipoca, titulado em homenagem ao amor de sua vida, sua mãe Elza Cardoso Gomes, que morreu há um ano e meio. “Logo depois que perdi minha mãe, fui trabalhar em uma cafeteria, onde lavava vasilhas e aprendi a fazer alguns lanches. Fiquei lá durante um ano, me dediquei de corpo e alma, mas teve um momento que o local não estava me fazendo bem, foi quando meu patrão me demitiu”, conta. Ao perder o emprego, Valéria teve coragem de se tornar uma empreendedora. “Agradeço a ele por isso, pois com o dinheiro que recebi, investi no meu sonho, mesmo sem nunca ter feito pipoca (rs)”.

Mas, mesmo com a ideia e equipamento, como começar a trabalhar sem saber como fazer seu futuro ganha pão? Foi neste momento que Dona Tereza, vizinha no bairro Alto Grajaú, foi de fundamental importância. Com 25 anos de experiência no ponto na avenida Rio Branco, próximo ao prédio da Associação Municipal de Apoio Comunitário (AMAC), a senhora de 72 anos ensinou sua aprendiz a fazer o queijinho, comprar os tamanhos de saquinhos, melhores pontos para comprar a matéria-prima, e tudo mais. “Ela foi na minha casa e me ensinou tudo, me levou nos lugares, me incentivou e disse que conseguiria viver deste trabalho”, destaca.

Logo, Valéria teve que decidir onde parar seu carrinho. Pensou, inicialmente, em ficar na rua Francisco Bernardino, próximo a Igreja Universal, mas mudou de ideia e foi para praça, deu entrada no pedido de autorização na Prefeitura e começou a trabalhar. “Com a ajuda da minha irmã de coração, Claudinha, cheguei lá. Ela empurrando de um lado e eu do outro. Logo de início, fui tão bem recebida pelas pessoas, em especial a Nádia que mesmo sem me conhecer, fez propaganda da minha pipoca em seu Facebook”, relata, agradecida. A pipoqueira diz que o além de conquistar uma nova profissão, a praça lhe ofereceu a oportunidade de se tornar ouvinte de muitas histórias. “Isso me ajudou muito psicologicamente, pois sinto que ainda me recupero da minha perda. Ali converso muito, como o senhor Sebastião, 82 anos. As pessoas são carentes e gostam de contar suas histórias. Brinco às vezes que vou cobrar (rs). Ali ganho muito mais do que dinheiro”.

Pipoca de Nutella

Valéria conta que quando pensou em abrir seu carrinho, seus amigos Jonatas e Deivinson deram a ideia dela oferecer sabores gourmetizados, para chamar a atenção do público. “Estas opções são normalmente oferecidas em festas de aniversário, mas nunca tinha visto vendendo nas ruas. Por isso, fiz os sabores Nutella e leite ninho, inicialmente”. Por terem o preparo mais trabalhos, elas são preparadas em casa e vendidas em pacotes individuais a R$ 5. “Como passam muito jovens por aqui, vi que algo diferente seria interessante. Todos que comeram, gostaram!”. Além destes tipos, a pipoqueira já pensa em começar a produzir as gourmets de doce de leite e pasta de amendoim.

Mas, como diz a empreendedora, a pipoca não tem idade e nem época. “Mesmo com meu diferencial, que tem tido boa adesão, a maior saída ainda é a tradicional, salgada. Ainda ofereço a caramelada doce e pelinha”. Mesmo com pouco tempo ela afirma que os lucros são suficientes para viver. “O retorno financeiro está bom e dá para sobreviver. Só que meu maior ganho, aqui, não é o dinheiro. É muito gratificante esta experiência e dedico tudo isso a minha mãe, pois só sou o que sou e o quem sou, hoje, graças a pessoa que mais amo neste mundo, esteja ela onde estiver”.