Emprego duradouro


Dicas e experi?ncias sobre pessoas que permanecem por anos no mesmo trabalho, em ?poca de desemprego e demiss?es recordes

Marcelo Miranda
Rep?rter
22/02/06

Veja dicas da pedagoga e chefe de RH Thereza Cristina Rampinelli para manter-se por muito tempo no mesmo emprego

Veja!

Em tempos de desemprego nas alturas, permanecer no mesmo trabalho por muitos anos tem se tornado quase um milagre. E n?o se fala em tr?s ou quatro anos, mas sim em uma ou duas d?cadas de servi?os. N?o basta apenas ser um bom profissional: ? preciso se adequar o m?ximo a normas das empresas e saber se relacionar com outras pessoas.

Este ponto ? considerado absolutamente fundamental pela pedagoga e supervisora do CIEE (Centro de Integra??o Empresa-Escola) Thereza Cristina de Oliveira Rampinelli (foto ao lado), tamb?m respons?vel pelo setor de Recursos Humanos da entidade em Juiz de Fora. "? preciso ter muito bom humor, coopera??o total com os colegas e pensamento permanente de trabalho em equipe", aponta Thereza, frisando que a solidariedade dentro do ambiente profissional tamb?m conta pontos a favor do funcion?rio. "N?o adianta ser um excelente t?cnico se n?o houver entrosamento com a equipe. Hoje em dia n?o existe mais a individualidade profissional. A dire??o das empresas est? de olho em quem sabe aproveitar a coletividade.".

A psic?loga Luciene Maria Brand?o de Giacomo e Barros (foto ao lado), especialista em Gest?o de Educa??o ? Dist?ncia, diz que "num mercado de trabalho cada vez mais restrito, em que a concorr?ncia ? maior a cada dia, ? importante nos mantermos atentos ?s oportunidades, j? que o mercado dita as regras de absor??o da m?o-de-obra". Para Luciene, a chave para o sucesso ? a empregabilidade - conceito que consiste num conjunto de conhecimentos, habilidades e comportamentos que tornam o profissional importante n?o apenas para a empresa em que atua, mas para toda e qualquer empresa.

A pedagoga Thereza Rampinelli d? outras dicas: o comprometimento e o bom e velho amor com o que se faz s?o imprescind?veis para o sucesso e a longevidade. Cursos de atualiza??o e o acompanhamento das mudan?as nas ?reas espec?ficas do trabalho tamb?m servem para manter a estabilidade, assim como no?es do que o mercado precisa. "Em Juiz de Fora, por exemplo, a presta??o de servi?os ? uma caracter?stica marcante. Tudo ? c?clico, ent?o as empresas, e conseq?entemente seus funcion?rios, precisam estar sempre em dia com o que acontece em suas ?reas de atua??o", diz Thereza, que segue apontando caminhos para um bom desempenho que proporcione continuidade: ser ass?duo no trabalho, ter disciplina e gerar confian?a.

"O indiv?duo que adota a postura de desenvolver constantemente suas compet?ncias, conhecimentos, habilidades e atitudes, n?o se acomodando e tendo sempre disposi??o para estar aprendendo e empreendendo ? aquele que certamente ter? livre arb?trio sobre sua carreira e sua miss?o profissional, e com certeza obter? sucesso", explica a psic?loga Luciene Brand?o, que frisa um ensinamento sempre repetido por ela em palestras: "o sucesso acontece quando a oportunidade encontra o preparo".

Os toques de Thereza e Luciene v?o ao encontro do que o administrador Henrique Flory descreve no livro "Emprego N?o Cai do C?u", lan?ado pela Editora Arte e Ci?ncia, com id?ias de como se planejar para uma vida garantida no emprego. Entre os t?picos, constam o auto-conhecimento (expectativas, ambi?es e possibilidades de escolha), oportunidades para conquista do espa?o na profiss?o (cursos de especializa??o) e defini??o de "?reas de empregabilidade", o que significa, segundo Henrique, ?rea geogr?fica onde se pode buscar o melhor trabalho e como explorar a profiss?o.

Bons exemplos

Respeito e dignidade ? o que Maria Helena Jaernevay Silveira acredita serem primordiais para o trabalho de uma vida. Ela sabe o que diz: est? h? 40 anos na Santa Casa de Miseric?rdia de Juiz de Fora. Atualmente t?cnica em hemodin?mica (marcapasso, cateterismo, angioplastia), Maria Helena come?ou no hospital no setor de limpeza. "Em 1965 eu vim do S?o Pedro pedir emprego aqui no Centro. Consegui na lavanderia da Santa Casa, e fiquei l? por tr?s meses", relembra. Passado o per?odo de experi?ncia, ela assumiu servi?os gerais, fun??o que a fez se interessar pela enfermagem. Em 1975, a funcion?ria, j? como atendente de enfermagem, foi uma das fundadoras do primeiro CTI (Centro de Terapia Intensiva) da Santa Casa e, tr?s anos depois, do setor de hemodin?mica, onde permanece h? 27 anos.

E como ? estar num mesmo ambiente profissional por tantas d?cadas? "Eu n?o sei fazer nada em casa. Demoro a limpar, a passar, a cozinhar... Sei trabalhar mesmo ? aqui", diz a jovial senhora de 59 anos, que dedicou a vida ao trabalho e ali formou fam?lia. "Casei com um enfermeiro do 11? andar e tive tr?s filhos. Todos seguiram a ?rea de sa?de". Vi?va desde 1993, Maria Helena conta ter criado ra?zes t?o fortes no trabalho que n?o sabe como ser? se algum dia for sair. "Fiz disso aqui a minha casa. Seria dif?cil me desligar", conta, para em seguida revelar o que, na sua vis?o simples, n?o pode ser deixado de lado para se manter no emprego. "? preciso muita coopera??o, considera??o com o pr?ximo e a sensa??o de se estar realizado com o que faz".

Confian?a ? outro substantivo que deve ser somado a essa rela??o, segundo Madalena de F?tima Garcia. H? dez anos como faxineira da ACESSA.com, ? um exemplo de quem conseguiu prosperar por tanto tempo num servi?o de grande rotatividade. "Trabalho desde os 12 anos como dom?stica, e desde ent?o eu s? tinha ficado tr?s anos e meio no mesmo lugar, antes de trabalhar onde estou hoje", conta, humildemente.

Na empresa desde sua funda??o, em 1995, Madalena ? quem abre as portas da Acessa todas as manh?s. "Isso mostra a confian?a que depositam em mim. Chego diariamente ?s 7h para o trabalho e sou a primeira a aparecer. Se atraso, atrapalho todo mundo", comenta, soltando o sorriso de quem se garante no que faz.

No dia-a-dia desses dez anos, ela diz ter criado la?os muito fortes dentro do ambiente profissional. "A gente vai ficando muito chegado das pessoas. Alguns dizem at? que sou como uma m?e", brinca, lembrando que, quando engravidou em 1997, teve apoio de todo mundo do trabalho. Mas haveria um segredo para permanecer no mesmo servi?o? "Ah, eu n?o saberia dizer. Tem que ser legal com todo mundo e gostar de onde se trabalha", atesta Madalena, que n?o deixa de, mais uma vez, citar a import?ncia da confian?a.