Artigo
Mulheres que Amam Demais
::: 28/05/03

Em um tempo onde o desamor deflagra guerras, excluss?es e solid?o; onde muitas vezes ? fato gerador de conflitos, traumas e viol?ncia e onde ? preocupante e necess?rio o trabalho de profissionais, educadores e fam?lias no sentido de motivar valores, dentre eles AMOR; como pr?-condi??o de respeito, crescimento e humaniza??o, me vejo agora falando de um grupo, que tive o prazer de conhecer - Grupo Mada (Mulheres que amam demais an?nimas).

E incluem-se a? mulheres que amam demais os filhos, a fam?lia, o parceiro sentimento no qual chamamos de depend?ncia de pessoas. Mulheres que ultrapassam os pr?prios limites por amor, por excesso de amor; e que por ultrapassarem, por se excederem, perdem a no??o do comportamento que desenvolvem na rela??o elas retificam-se, redimem-se, mas reincidem nestes comportamentos. E este c?rculo vicioso acaba levando-as a comportamentos auto-destrutivos e a sintomas de doen?as.

O ser humano necessita de uma identidade, onde o mais importante n?o ? o que "ele ?", mas "quem ele ?". Ele precisa saber o que sente, porque sofre, o que lhe faz bem, o que ? melhor para ele. A partir da?, sendo consciente de suas potencialidades e fraquezas, se comunica melhor com o outro. Porque ? o "outro" da rela??o que lhe confere a identidade. Nesta comunica??o mais verdadeira e inteira, est? a possibilidade do amor, que ? a disponibilidade de um em rela??o ao outro, cada envolvido abrindo m?o do pr?prio ego?smo. Mas isso talvez fosse o ideal e muitas vezes ? dif?cil at? se aproximar do ideal.

Quase todos procuram realizar o que seria ideal, mas muitos sentem d?vidas e ? inevit?vel que as coisas aconte?am freq?entemente de modo diferente do que esperavam. A partir da? surgem perguntas como:

Ser? que ele vai demorar?
Ele pode gostar de mulheres mais bonitas?
Ele n?o gosta mais de mim?
Por que prefere tudo e todos a ficar comigo?

S?o freq?entes questionamentos a que est?o submetidas as "madas" pelo mundo afora, e olhe que elas s?o muitas e em crescimento. A estes questionamentos somam-se sentimentos de ci?mes, dor, medo, afli??o, frustra??o.

De certa forma incapazes de demonstrar suas emo?es de outra maneira, as "madas" desenvolvem comportamentos e atitudes de persegui?es constantes, vigil?ncia, superprote??o e at? agressividade. Isto mesmo. Feridas at? a alma no seu amor, agridem o objeto deste amor.

? complexo, mas ? rotineiro. A rede Globo enfoca mais uma vez, um tema de grande alcance e toda a m?dia vai trilhando o mesmo caminho. Que bom! Muito positivo o esclarecimento que surge da?, que ir? refletir em busca de solu?es para milhares de pessoas. Melhor ainda quando tantas mulheres, sufocadas pelo pr?prio sentimento, se percebem em outras, com hist?rias semelhantes, com medos e dores, mas tamb?m esperan?as. ? esta esperan?a que as motiva a buscar o grupo, a persistir no grupo e a trazer novas pessoas. Fortalecendo o crescimento pessoal.

Como participante em reuni?es de AA. NA. e MADA, pude constatar a import?ncia da freq??ncia ao grupos de apoio para dinamiza??o da partilha, do encontro, do reconhecimento, da coragem e da cura.

Deixar de lado a maneira como colocam a pr?pria felicidade na m?o do outro, modificar padr?es, assumir que at? ent?o eram fracas diante da rela??o, acreditar que podem fazer juntas o que n?o conseguiram sozinhas s?o fatores de motiva??o para freq??ncia aos grupos.

Como psicanalista, acho muito importante o grupo Mada uma vez que s?o constantes em consult?rio, queixas de mulheres que sufocadas pelo amor que dizem sentir, se anulam vivem pelo "outro" e n?o "com o outro", impedem os filhos de crescerem, n?o estabelecem metas nem objetivos pessoais, n?o realizam atividades sem a presen?a do parceiro, diminuem o conv?vio s?cio-familiar, sentem ci?mes exagerados e medo constante de perder seu objeto de amor. N?o crescem, pelo menos n?o como poderiam, afetiva nem profissionalmente. E depois de tanta dedica??o, ao menor ind?cio de falha ou fal?ncia do relacionamento estabelecido, se anulam mais, ficam deprimidas, inseguras e sentem ?se injusti?ads . Nutrem sentimentos de amor e ?dio. Por terem doado tanto, queriam muito tamb?m. Precisam da seguran?a e da fidelidade como do ar que respiram.

Precisam do amor. Mas do dar e do receber! Entre os extremos do desamor e do excesso do amor existe o equil?brio. Tem-se como busc?-lo. ? poss?vel encontr?-lo. Existem caminhos!

Que estas mulheres continuem an?nimas e respeitadas nas suas profiss?es, seus endere?os, nomes e parentescos. Mas que suas dores se revelem, para que deixem de doer!

Bibliografia sugerida:
- Mulheres que Amam Demais
- Mulheres vencedoras
- De Mariazinha a Maria
- Mulheres boas v?o para o c?u, as m?s v?o para a luta
- Adeus Bela Adormecida.
- Mentiras que os homens contam.


V?nia Fortuna
? psicanalista e conselheira em depend?ncia qu?mica na cl?nica Psicomed
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