Artigo
Recasamento

::: 27/09/2005

O fim de um casamento pode ser apenas o seu come?o. Muitos casais chegam a tomar a decis?o de terminar o relacionamento. ? chegada a hora. N?o tem mais jeito. Ser? verdade? A verdade surge na hora de colocar essa decis?o no papel; na hora de dividir seus pap?is, suas responsabilidades, seus bens e na hora de se vislumbrar totalmente sozinho depois de alguns - ou muitos - anos vivendo sob o mesmo teto, dividindo a mesma cama, as mesmas dificuldades, as mesmas alegrias e sonhos.

Se nesta hora a d?vida pesar sobre a decis?o ? sinal de que o casamento, ou a rela??o, n?o chegou ao fim. Que tal ent?o dar uma chance para um novo pacto, repactuar o casamento ou recasar? Ambos, com as experi?ncias da pr?pria rela??o - o que deu certo, o que deu errado, aquilo que irritou, aquilo que magoou -, podem recriar a rela??o.

S? que neste momento, as m?goas s?o tantas que as raivas falam mais alto ou at? mesmo a indiferen?a. Parece imposs?vel recasar com o mesmo par. Na realidade, este casamento est? sofrendo de uma doen?a chamada colus?o, ou seja, rompido, maltratado mesmo. E neste momento entra a trai??o, que pode ser tanto outra pessoa, quanto a bebida, a droga - l?cita ou il?cita -, a TV, o carro, trabalho em excesso etc. Menos o prazer da companhia do outro e a vontade de voltar para casa.

A? voc? fica a se questionar: ser? que a dificuldade de sair de perto ? por causa do teto quente? Da companhia dos filhos no dia-a-dia? Da divis?o dos bens? Ter que recome?ar "tudo" de novo? Ou ser? apenas uma depend?ncia emocional? Ou pior: o medo de descobrir que era amor adoecido e que ainda havia chance?

Quando falamos em recasamento, falamos que este casamento realmente acabou, este contrato n?o existe mais, pois naquela rela??o houve mudan?as de id?ias, h?bitos, comportamentos, sonhos que n?o haviam sido combinados antes. Da? vem a inseguran?a, a falta de di?logo e achismos.

Trata-se de um momento que exige muito cuidado, muita reflex?o - e de prefer?ncia um tratamento com profissional da ?rea para ter a coragem de se falar tudo o que n?o foi dito antes pelo medo da perda. Verdades t?o escondidas que se tornaram feridas emocionais ou at? mesmo f?sicas. Afinal, o que se tem a perder quando se acha que se perdeu tudo?

? neste momento que a pessoa se sentir? liberta para avaliar o que realmente sente pelo outro. ? neste momento que se pode estabelecer um novo contrato de recasamento ou sair com a coragem de recome?ar a pr?pria vida, com - se poss?vel - o apoio e amizade do outro, sem ego?smos, pois envolver? pessoas, sentimentos e luto.

Para n?o se chegar a este ponto, devemos nos separar todos os anos da mesma pessoa e nos recasarmos com ela. Sabe de que forma? Emagrecendo aqueles quilos a mais; n?o depositando a sua vida na m?o do outro para n?o haver cobran?as descabidas; deixar de ser pai e m?e no m?nimo uma vez por m?s para dar suas escapadas, como um simples casal de namorados que acha gra?a de tudo, ficar ruborizado ou sem gra?a diante da surpresa de uma novidade a dois.

Imaginemos uma empresa que para se manter e continuar crescendo necessita de reuni?es constantes, tanto com todos os membros quanto apenas com a dire??o, onde tudo ser? falado, de bom ou de ruim, assim deve ser a boa rela??o do casal e da fam?lia, sempre buscando o novo e o verdadeiro. Nunca fingindo qu?... Ah, isso vale para o futuro do recasamento.

Colabora??o do jornalista Anibal Pinto


Ana Stuart
? psic?loga e terapeuta familiar

Sobre quais temas (da ?rea de psicologia) voc? quer ler novos artigos nesta se??o? A psic?loga Ana Stuart aguarda suas sugest?es no e-mail viver_psique@acessa.com.