Conheça Nino de Barro: a drag queen Femmenino

Estudante de Artes e Design e produtor  na UFJF, Nino traz toda sua personalidade na expressão artística de sua persona drag

Da redação
21/10/2017

O Portal ACESSA.com entrevistou o artista Nino de Barros, que encena a personagem drag queen Femmenino. Estudante de Artes e Design e produtor  na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Nino traz toda sua personalidade na expressão artística de sua persona drag. Partes da entrevista foram extraídas do documentário 'Feminino', premiado ano passado na Mostra Competitiva Regional do Festival Primeiro Plano.

Nome: Nino de Barros

Idade: 22 anos

Profissão: Graduando na Faculdade de Artes e Design (IAD) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Trabalho como produtor de moda e drag queen.

ACESSA.com: Como surgiu a ideia de criar a drag queen Femmenino?

Nino de Barros:  Nino, é de menino, acho engraçado porque o meu pai chama Antonino. Depois me identifiquei com o nome e a Femmenino é um bom nome drag, ai vi que a brincadeira já estava ali. Nasci para isso, gente! Desculpa.{...}.

{...}Acaba que me propus a fazer uma coisa mais genderfuck, algo não tão plastificado, no caso, mas uma coisa vulnerável, eu acho. Porque eu sou meu suporte e tenho que ver o que está dando certo para mim, para fazer comigo. Acho que até então estou satisfeita.{...}

{...}Amo tranimal, acho que comecei uma vibe bem mais trashy, mais tranimal, mais clubkid, com os clubismos, mais surrealista, uma mistura mesmo. {…}

{...}Acho que eu enceno pouco, não estou em uma personagem tão diferente do que eu sou, mas meu jeito de ser é elevado, totalmente exagerado. É o Nino num macroespaço, em uma parte mais feminina, que você aumenta e ela toma espaço e acontece. Às vezes eu estou mais maldosa, outras mais de boa, às vezes eu estou sem paciência e fico bem mais ignorante. Na verdade, adoro aquela drag que não tem paciência com nada{...}

ACESSA.com: Você teve alguma inspiração?

NB: Comecei a me montar há dois anos durante o Carnaval para o Bloco Realce, mais acabou se tornando maior do que isso. As inspiração foram várias. O artista tem inspiração em tudo que vê e ouve e que tem contato.

ACESSA.com: Como é a sua relação com a família?

NB: Maravilhosa. Tudo que sou hoje é muito reflexo do que era quando criança. Sempre fui super afeminada, uma gayzinha, sabe... Uma viada mirim mesmo... Gostava muito de teatro, de dançar e de música {...}                                                     

{...} Minha irmã que conversou com meu pai. Não me lembro de ter essa conversa com ele. Acredito que a preocupação dele foi com a questão de identidade de gênero, se eu me identificava como mulher e se eu não estava confortável com o meu corpo, porém expliquei: 'não, o que eu faço é uma expressão artística, é minha performance, é o que eu estudo para fazer, estou satisfeito com o meu sexo e eu acho que isso que tem que ficar mais claro. O drag é um fazer artístico, é o meu trabalho, é um discurso, o trans é uma vida, é uma transformação de vida, de comportamento, de rotina, hormonal, são coisas diferentes. {...}

ACESSA.com: Quanto tempo você demorar para se montar?

NB: De duas a duas horas e meia.

ACESSA.com: Ser drag queen dá muito trabalho? Como é sua relação com o público?

NB: Sim. Minha relação com o público é ótima. Em Juiz de Fora, quando comecei a me montar – há dois anos, não tinha muita cena drag, não existia um público muito específico. Hoje, vejo que já existe um público que entende e consome drag.

{...}Você viu Nino montado? ... Acho que até hoje a recepção do público é a mesma, de ver as bichas e adorar ir lá e falar, 'Bicha, você está maravilhosa'{...}

{...}acho que este público da drag pela arte e pela expressão artística ainda aqui é muito embrionária, mas está acontecendo, vejo acontecer {...}

ACESSA.com: Você tem alguém que auxilia na sua produção?

NB: Tenho estilistas que fazem parceria comigo, que me mandam roupas, a gente discute e produz juntos. Na parte de cabelo também, com outras drags. Tem que ter uma ajuda sim, se não não dá (rs).

ACESSA.com: A drag tem alguma semelhança com o Nino de Barros?

NB: Se a drag tem alguma coisa de Nino de Brarros? É a mesma pessoa, só que ela está cheia de signos, acessórios que a coloca em uma outra posição. Ela sou eu e eu sou ela!

ACESSA.com: Como foi participar do curta documentário “Feminino”? A exibição do filme em outras cidades e países te abriu portas?

NB: Foi ótimo!! A publicidade aconteceu. Divulguei meu trabalho como drag e no cinema - que é uma área que costumo atuar bastante.

ACESSA.com: Como você começou a representar a UFJF com a personagem? Você imaginava que a Femmenino iria ter essa visibilidade no meio acadêmico?

NB: Trabalho na UFJF como produtor, na Diretoria de Imagem Institucional. Com isso, esse diálogo foi se estreitando e eu comecei a apresentar o projeto "Som Aberto", depois veio outras oportunidades, como a recepção dos calouros e a chance de apresentar a drag no programa 'Na Hora do Lanche'. Acho muito legal esta visibilidade no meio acadêmico, até por conta da representatividade e do apoio que a universidade dá para a diversidade de uma forma geral e lúcida.

ACESSA.com: Como vê as recentes polêmicas envolvendo o vídeo institucional da UFJF 'Hora do Lanche' exibido no Colégio João XXXIII, em comemoração ao Dia das Crianças?

NB: Só serviu para aumentar os meus seguidores e o alcance do meu trabalho.

ACESSA.com: Quais são seus projetos para 2018?

NB: Continuar com a produção dos meus vídeos. Quero desenvolver uma diálogo, dar minha opinião, tentar passar minha visão sobre sociedade, arte, cultura, sobre tudo! Mas, com mais público me ouvindo (rs).

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