Margarida garante primeiro lugar
no Col?gio Eleitoral da UFJF

Lista tr?plice ? encaminhada ao MEC com os nomes de
Margarida e Paul?o em primeiro lugar

Rep?rter: Luciana Mendon?a
05/08/98

O Col?gio Eleitoral da UFJF referendou, no ?ltimo dia 4 de agosto, o nome do professores Margarida Salom?o, do Instituto de Ci?ncias Humanas e Letras (ICHL), e de Paulo Ferreira Pinto, da Faculdade de Educa??o F?sica, para reitora e vice-reitor da Universidade. Duas listas tr?plices, ambas com o nome de Margarida e Paulo em primeiro lugar, foram apresentadas ao Minist?rio da Educa??o hoje, 5 de agosto.

A vota??o elegeu, em segundo lugar a ex-diretora da Faculdade de Servi?o Social, Ana Maria Amoroso Lima, e a secret?ria-geral da UFJF, Maria Helena Braga. Para vice-reitor foram escolhidos, em segundo e terceiro lugar, respectivamente, o assessor do Departamento de Assist?ncia Estudantil (DAE), Vanderli Fava, e o coordenador do N?cleo do Programa Integrado de Educa??o e Sa?de (Pies), Celso Pimenta. Margarida e Paulo j? tinham sido escolhidos pelos professores, t?cnico-administrativos e estudantes da universidade, com 59,55% de aprova??o, na elei??o que aconteceu nos dias 28 e 29 de julho.

O ministro Paulo Renato de Souza vai escolher entre os tr?s nomes aprovados, o novo reitor e vice-reitor da UFJF. Espera-se que ele confirme a escolha da comunidade universit?ria. Ren? Gon?alves de Matos, o atual reitor, levou a lista tr?plice para Bras?lia. A expectativa ? de que a decis?o do ministro seja divulgada at? o dia 3 de setembro, data da posse do pr?ximo reitor, mas Paulo Renato de Souza tem dois meses de prazo para decidir. Margarida Salom?o acredita que o problema ocorrido na UFRJ n?o deve se repetir na UFJF, pois o processo todo foi feito dentro da legalidade.


Margarida Salom?o vence elei??o na UFJF

Rep?rter: Luciana Mendon?a
30/07/98



Maria Margarida Martins Salom?o ? o nome escolhido por professores, estudantes e funcion?rios da UFJF para assumir o cargo de reitora no mandato 1998/2002. O resultado saiu na madrugada do dia 29 de julho. Margarida ficou com 56% dos pontos. Disputaram tamb?m o cargo os professores M?rio Arcanjo, que ficou com 20% dos pontos, Ot?vio Franzone, que teve 13% dos pontos, e C?gula Guedes, que ficou com 11% dos pontos. Dos 12.585 eleitores da UFJF, 7.995 votaram, o que representa 64% do total de eleitores.

O nome de Margarida segue agora para avalia??o do Ministro da Educa??o, Paulo Renato Souza. ? o ministro quem nomeia o novo reitor. Caso se confirme o resultado das urnas, Margarida Salom?o ser? a primeira reitora na hist?ria da UFJF.

Quem ? Margarida Salom?o

Margarida Salom?o nasceu em 1950. ? doutora em Ling??stica pela Universidade da Calif?rnia, nos EUA, mestre em Lig??stica pela UFRJ e licenciada em Letras pela UFJF. Trabalha na UFJF h? 26 anos e seu ?ltimo cargo foi como coordenadora do curso de Letras e Pr?-Reitora de Pesquisa.

A vencedora da elei??o, com a chapa 2, denominada Romper Limites, foi tamb?m Secret?ria Municipal de Administra??o e de Governo na primeira administra??o do Prefeito Tarc?sio Delgado. Lecionou no Programa de P?s-Gradua??o em Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ e como professora visitante na PUC - RJ, al?m de ter sido membro da Dire??o Regional da CUT entre 1991 e 1993.

A pr?xima reitora considera a greve um sucesso pol?tico e uma forma de desafio para o Governo na ?rea de educa??o. Sobre a autonomia das universidades, Margarida acredita que este seja um pleito hist?rico somente aceit?vel quando o Governo garantir o financiamento do sistema. Para ela, a privatiza??o representa um risco de desmonte das universidades. Afirma que estas institui?es t?m recursos humanos e equipamentos para garantir financiamento pleno e atrair investimentos.

Para o corpo docente, Margarida defende uma pol?tica salarial que passe por reposi??o das perdas e remunera?es mais justas. O prov?o, para ela, n?o serve como avalia??o de um curso por n?o levar em conta a produ??o acad?mica. Acredita que a pesquisa na UFJF deve ser duplicada por ser a fonte geradora de recursos e a extens?o deve ser um agente do desenvolvimento regional. Sobre o ensino, a nova reitora pretende discutir a gradua??o e especializa?es no que diz respeito ? oferta de op?es e ao enxugamento de curr?culos, al?m de reivindicar a implanta??o de mais cursos noturnos.

Segundo definiram os integrantes da chapa 2, Romper Limites, ?o ambiente em que se insere hoje a UFJF ? de amea?a, a partir da inequ?voca pol?tica de desmonte desenvolvida pelo governo federal, articulada com a selvagem concorr?ncia das institui?es particulares. Por outro lado, estas adversidades desafiam positivamente a Universidade a definir expressamente sua identidade como instrumento imprescind?vel ? democratiza??o da sociedade brasileira.?

Mais informa?es sobre Margarida Salom?o e seu vice, Paulo Ferreira Pinto, podem ser conferidas na Internet no endere?o http://www.artnet.com.br/romper-limites, ou atrav?s de correspond?ncia via e-mail, pelo endere?o margarida-paulao@artnet.com.br.

Leia logo abaixo: Margarida e Paul?o definem carta-compromisso com os estudantes da UFJF


CARTA-COMPROMISSO COM OS ESTUDANTES
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

1. Universidade P?blica e Gratuita
2. Universidade Popular
3. Universidade de qualidade
4. Cultura e Conviv?ncia
5. Gest?o Democr?tica


1. Universidade P?blica e Gratuita

A Universidade p?blica no Brasil encontra-se em estado de s?tio. De um lado, o governo federal estimula o crescimento selvagem do ensino pago; de outro, promove pol?ticas de desmonte das IFES (institui?es federais de ensino superior). Consideramos que seja papel pol?tico do Reitorado denunciar, combater e derrotar todas as amea?as ao funcionamento p?blico das Universidades, que ponham em risco a sua sobreviv?ncia.

Neste sentido, repudiamos o projeto de autonomia universit?ria patrocinado pelo governo federal, que cont?m amea?as de diminui??o de verbas e de desfiguramento do car?ter p?blico das universidades, atrav?s de sua transforma??o em "organiza?es sociais de direito privado".

A autonomia historicamente reivindicada pelos movimentos sociais dentro da Universidade ? a autonomia acad?mica e de gest?o, que reflita o perfil pr?prio de cada institui??o e de suas rela?es com a sociedade. O advento desta autonomia plena ? vinculado ? responsabiliza??o financeira do Estado pela manuten??o das universidades.

A capta??o de recursos extra-or?ament?rios atrav?s de Funda?es deve ser objeto de controle e fiscaliza??o permanente pela Universidade atrav?s de seus conselhos superiores. Entendemos que as Funda?es s?o instrumentos de interveni?ncia na gest?o de projetos da Universidade. Quem pesquisa ? a Universidade. Quem ensina ? a Universidade. Quem faz extens?o e presta servi?os ? a Universidade. Portanto, quem controla a arrecada??o dos recursos via Funda?es ? a Universidade, que os aloca segundo suas necessidades estrat?gicas. ? preciso evitar que as Funda?es conveniadas constituam um mundo ? parte dentro da Universidade.

Al?m disso, reiteramos o car?ter gratuito do ensino de gradua??o e de p?s-gradua??o stricto senso como cl?usula p?trea de nossa concep??o de Universidade, com aboli??o inclusive das taxas acad?micas.

2. Universidade Popular

? dever da Universidade p?blica e gratuita comprometer-se com os setores da popula??o que dela s?o historicamente exclu?dos. Nesta linha, ? preciso rever o Vestibular, tornando socialmente mais justos os crit?rios de ingresso na UFJF. ? tamb?m necess?rio aumentar o n?mero de vagas oferecidas pela Universidade, diversificando o leque de escolhas e priorizando a abertura de cursos ? noite, de modo a construir oportunidades reais de educa??o para os trabalhadores.

? indispens?vel que o funcionamento noturno da universidade tenha a mesma qualidade do diurno. Isso requer ilumina??o satisfat?ria e seguran?a no Campus, atendimento administrativo e extens?o do funcionamento das bibliotecas e laborat?rios em hor?rios compat?veis com as necessidades de quem estuda ? noite.

Melhorar as condi?es de ingresso para os historicamente exclu?dos implica em criar condi?es favorecedoras de sua perman?ncia. Isso requer um conjunto de medidas, desde a adequa??o pedag?gica at? o est?mulo ao reconhecimento da identidade de sujeitos sociais discriminados ( por raz?es ?tnicas, ou de g?nero, ou de orienta??o sexual) e a amplia??o da abrang?ncia de programas de apoio ao estudante: manuten??o das pol?ticas de subs?dio aos RUs ( incluindo o jantar no Campus), sustenta??o do programa de "bolsas de apoio" (vinculadas ?s atividades acad?micas) e implementa??o de programas de sa?de e creche. Comprometemo-nos ainda com a implementa??o imediata de um programa de bolsas-moradia, que responda provisoriamente ?s demandas, enquanto se discute no Conselho Universit?rio, atrav?s de Comiss?o espec?fica, um projeto de constru??o de moradia estudantil.

3. Universidade de qualidade

A qualidade da Universidade p?blica, gratuita, e popular n?o ? absolutamente mensur?vel pelo "prov?o". Mesmo um idiota pedag?gico saberia que um ato isolado de avalia??o n?o poderia representar sistemas t?o complexos quanto o s?o programas de forma??o universit?ria. Repudiamos o prov?o como farsa da necessidade aut?ntica da avalia??o das atividades acad?micas.

Nosso entendimento ? de que o ensino de gradua??o deve ser objeto de s?ria reflex?o cr?tica, considerando as novas necessidades sociais e do trabalho, al?m da acelerada velocidade presente no ambiente tecno-cient?fico. Da? o imperativo de profundas revis?es curriculares, envolvendo melhor articula??o com a pesquisa e a extens?o, pr?tica sistem?tica da interdisciplinaridade, valoriza??o da iniciativa intelectual e das pr?ticas comunit?rias e amplia??o do acesso ? educa??o em inform?tica e em l?nguas estrangeiras. Aten??o especial deve ser concedida aos cursos novos e aos cursos noturnos para que suas atuais fragilidades sejam superadas.

As dimens?es da pesquisa e da p?s-gradua??o, at? h? pouco embrion?rias na UFJF, devem ter reconhecido seu car?ter nuclear, constitutivo da vida universit?ria, priorizando-se programas que sirvam ao desenvolvimento regional e ao estabelecimento da UFJF como centro de refer?ncia nacional e internacional.

As atividades de pesquisa e de ensino entrela?am-se significativamente na extens?o de seus programas ? sociedade - formando recursos humanos de alto n?vel, oferecendo educa??o continuada, suprindo tecnologia em setores estrat?gicos, qualificando os sistemas de gest?o p?blica na regi?o, fazendo interven?es inovadoras nas ?reas de educa??o e de sa?de. N?o ser? atrav?s do assistencialismo avulso de programas como o "Universidade Solid?ria" que a Universidade resgatar? sua d?vida social - mas atrav?s de uma atua??o sist?mica como a que se verifica no programa de incuba??o de cooperativas populares. Destacamos que vemos esta incuba??o de cooperativas na perspectiva de um programa de gera??o de renda e n?o como instrumento da supress?o de direitos sociais.

Um importante programa multidisciplinar, integrando atividades de pesquisa, ensino e extens?o, ser? o N?cleo de Estudos da Juventude, devotado ? investiga??o e difus?o de conhecimentos sobre esta faixa da popula??o - indiscutivelmente cr?tica para a constru??o de qualquer proposta de desenvolvimento social.

Uma Universidade de qualidade n?o prescinde de um sistema de bibliotecas com acervo constantemente atualizado, acesso informatizado e funcionamento efetivo ? noite e nos fins de semana. ? nosso compromisso priorit?rio garantir ao sistema de bibliotecas um patamar de excel?ncia. Al?m disso ? necess?ria uma atitude combativa em favor do suprimento de vagas docentes e equipamentos necess?rios ? pesquisa e ao ensino.

4. Cultura e Conviv?ncia

A Universidade p?blica, gratuita, popular e de qualidade tem que ser um centro de efervesc?ncia. Hoje sabemos que muito mais se educa pelo exemplo e pela conviv?ncia do que simplesmente disponibilizando informa??o. Por esta raz?o, pr?ticas culturais e esportivas devem merecer toda aten??o e apoio da gest?o da Universidade.

? necess?rio garantir a variedade de produ??o e de frui??o cultural atrav?s de um Centro Universit?rio de Cultura, que fortale?a a participa??o das entidades e grupos, aglutinando estudantes, pesquisadores e artistas - de modo a que os espa?os e acervos culturais da Universidade possam ter o melhor aproveitamento.

A vida cultural ? oportunidade para que se amplie a sociabilidade e a coes?o comunit?ria dentro da Universidade, dimens?es que ser?o tamb?m real?adas pelo est?mulo ?s pr?ticas esportivas. ? preciso democratizar o acesso aos espa?os esportivos da universidade assim como aumentar a disponibilidade de seu uso, de modo a permitir que as pessoas se aproximem e participem de ricas experi?ncias formativas.

5. Gest?o Democr?tica

Um avan?o relevante no Reitorado REN?- CRIVELLARI foi o processo de tomada de decis?es pelos Conselhos Superiores - que deliberaram sobre todas as principais quest?es estrat?gicas da UFJF, entre as quais a aloca??o dos recursos financeiros e dos recursos humanos da institui??o.

? poss?vel agora avan?ar al?m deste ponto estendendo a constru??o de decis?es colegiadas ? convoca??o quadrimestral de um grande f?rum consultivo, com ampla participa??o n?o s? de todas as representa?es institucionais da Universidade, mas tamb?m interlocutores externos - ?rg?os de governo, sindicatos, associa?es profissionais, representa?es empresariais, partidos pol?ticos.

Neste f?rum seriam discutidas as principais pol?ticas a serem implementadas a cada semestre e tamb?m seriam avaliados os resultados das a?es executadas. Desta forma, o n?vel de articula??o interno e externo da Universidade ganharia em qualidade, com ?bvia repercuss?o nas condi?es de governo.

? importante tamb?m expressar nosso compromisso com o voto parit?rio dos tr?s segmentos como forma de escolha dos dirigentes da Universidade, assim ampliando as condi?es de governabilidade da Institui??o.