PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA
O texto abaixo, escrito por José Fernandes de Oliveira, foi publicado na revista Família Cristã, de abril de 2.000, página 49. Leia-o atentamente e responda às questões a seguir, propostas com base nele.
Pés e Cérebro
Não estou dizendo que jogadores de futebol ou dançarinas não pensam. Eles não são remunerados para isso, e, sim, para divertir, isto é, distrair. A própria palavra já diz: divertimento. No Brasil, paga-se melhor aos que divertem os outros, chamando para a dança, para o jogo ou para o sexo, do que aos que chamam para atividades mais sérias e exigentes.
Jogar futebol era uma brincadeira entre amigos. Um dia, virou indústria, negócio de milhões e gerou muitos empregos. Os jogadores tornaram-se artistas dos pés. Seus empresários decidiram vender essa habilidade, cobrar ingressos dos que queriam ver 22 moços brincar melhor do que os demais. Chutar bola virou sonho de milhões de meninos e transformou alguns em deuses. Pelé, Maradona e Ronaldinho são exemplos disso. Aconteceu o mesmo com moças cuja habilidade era mostrar o corpo e rebolar diante da platéia. Dançar virou profissão altamente remunerada.
Os próprios jogadores e dançarinas reconhecem que é injusto. Fazem muito menos pelo País e ganham, em alguns casos, cem ou 500 vezes mais do que um médico. Um pai, dono de indústria com 40 empregados, afirmava que sua filha, desfilando a beleza, conseguia em dois dias o que ele ganhava em um mês de trabalho.
Todas as pessoas merecem ganhar dinheiro por aquilo que fazem. Porém, chega-se ao absurdo de pagar a jogadores que dominam bem aquele couro e derrubam os colegas com um drible excepcional cem vezes mais do que a professores universitários que estudaram 20 anos e continuam estudando mais de cinco horas por dia. Tudo isso porque aqueles chutam bem um pedaço de couro e divertem o povo. Para eles é coisa séria, porque, se chutarem mal, perderão as regalias.
Ganham demais e reconhecem que seus pais mereceriam mais do que eles. Mas alguém propôs e o povo aceitou esses valores absurdos. Por isso, um moço que acerta o chute num couro vale mais do que muitos pensadores de uma universidade. Diverte mais. Divertir é bom e chega a ser terapêutico como o futebol que alegra o povo, porém ficou mais importante do que administrar e educar. Receio que ninguém fará nada contra isso. No Brasil, um cérebro pensante vale menos do que um pé que chuta e um corpo que rebola! Valores invertidos!
Questão 01
Explique o que você entende por:
A dança, o jogo ou o sexo, apenas como formas de divertimento, são atividades |
que priorizam brincadeira, superficialidade, mesmo que haja profissionalismo. Ao |
passo que outros campos de atuação humana, como educar e administrar, requerem |
mais estudos, maior profundidade e realizam ideais superiores. |
Devido às condições do Brasil e dos brasileiros ? desenvolvimento medíocre, |
baixíssima escolaridade, alto índice de pobreza e tantas situações negativas ? quem |
se dedica ao divertimento contribui pouco para melhorar o País. Há outras atividades |
importantes e urgentes. |
Os meios de comunicação social divulgam, com fartas ilustrações, a vida dos que |
"vencem" por se dedicarem à diversão. Seus expoentes máximos atingem a condição |
de milionários. O povo brasileiro, informado disso, ainda que se mostre indignado nas |
conversas, já se conformou com essa situação. |
As diversões não são um mal. Todos precisamos de lazer, sem o qual nos |
tornaríamos pessoas estressadas, abertas a doenças. Errado é o exagero, a |
motivação exarcebada para o exercício de profissões menos nobres. |
Questão 02
No contexto da linha de pensamento desenvolvida, mostre o sentido que faz estarem associadas as palavras em destaque nos seguintes fragmentos:
- "negócio de MILHÕES" e "sonho de MILHÕES de meninos" (2? parágrafo)
Milhões de meninos têm como objetivo tornarem-se jogadores de futebol porque |
é um esporte que movimenta milhões de dólares. Portanto, cresce o ideal da riqueza |
financeira como ideal de vida. |
As atividades que se dedicam ao divertimento são mais valorizadas. Portanto, o |
profissional da diversão tem maior estímulo do que o profissional de áreas superiores |
em utilidade, mas que não enriquecem financeiramente. |
Questão 03
Justifique o seguinte pensamento: "Receio que ninguém fará nada contra isso." (5? parágrafo)
O autor manifesta seu temor de que a inversão de valores persista porque, cada |
vez mais, ela é aceita. A esperança de uma reversão é sonho distante, sem |
fundamentação na realidade atual. |
Questão 04
Você concorda com a conclusão: "Valores invertidos!" ? Sim ou não? Por quê?
Resposta pessoal |
Questão 05
A palavra "ingressos" é formada com o prefixo "IN" usado no sentido de: movimento para dentro.
O mesmo prefixo com o mesmo sentido está presente em uma das palavras abaixo:
incômodo |
inútil |
incapaz |
injetável |
inalienável |
Elabore uma frase na qual a referida palavra seja empregada.
Elaborar uma frase com a palavra INJETÁVEL. |
O significado do sufixo "ÁRIO" existente na palavra "empresários" difere do sentido que o mesmo sufixo apresenta em uma das palavras abaixo:
bancário |
anedotário |
secretário |
operário |
mesário |
Elabore uma frase na qual a referida palavra, cujo sufixo tem sentido diferente dos demais, seja empregada.
Elaborar uma frase com a palavra ANEDOTÁRIO (única cujo sufixo indica |
coleção). |
A palavra "profissão" se flexiona no plural com a substituição do final "ão" por "ões".
O mesmo ocorre com as palavras abaixo, exceto com uma delas:
figurão |
sabichão |
escrivão |
leão |
mamão |
Elabore um frase na qual a referida palavra, cuja flexão de número difere das demais, apareça no plural.
Elaborar uma frase com a palavra ESCRIVÃES. |
Questão 06
"... seus pais mereceriam mais do que ELES." (5? parágrafo)
"Eles" é um pronome pessoal.
Também são pronomes pessoais: eu - mim - o - lhe.
Complete as orações abaixo com um desses quatro pronomes que seja o coerente e corretamente indicado para cada caso.
Questão 07
"Um pai, dono de indústria com 40 empregados, afirmava que sua filha, DESFILANDO A BELEZA, conseguia em dois dias o que ele ganhava em um mês de trabalho." (3? parágrafo)
A oração acima destacada tem seu verbo no gerúndio.
Transcreva-a, imprimindo nela a idéia de CAUSA.
Para tanto, escolha a locução adequada dentre as seguintes ( posto que - visto que - contanto que - desde que) e flexione o verbo no tempo e na pessoa compatíveis.
Visto que desfilava a beleza. |
Questão 08
"Chega-se", no período acima, não admite plural.
Observe os exemplos:
Aspira-se a alto cargo.
Deseja-se alto cargo.
Precisa-se de economista competente.
Contrata-se economista competente.
Transcreva no plural dois desses exemplos que, diferindo dos demais, devem ter seus verbos flexionados numericamente.
Desejam-se altos cargos. |
Contratam-se economistas competentes. |
"Fazem" no período acima recebeu flexão numérica por se referir ao sujeito "os próprios jogadores e dançarinas".
Complete com a forma verbal "Fazem" as duas orações, dentre as abaixo apresentadas, nas quais o verbo deve estar no plural:
muitos dias que não nos vemos. |
|
Fazem |
barulho constante os novos vizinhos. |
Fazem |
mal à saúde os vícios do álcool e do fumo. |
várias vezes frio e calor num só dia. |
Questão 09
Substituindo o verbo "querer" pelo verbo "desejar", assim ficaria o fragmento acima: "... dos que desejavam ver..."
Substitua, mantendo nos mesmos tempos empregados, o verbo "desejar" pelo verbo "querer" nos fragmentos seguintes:
dos que |
DESEJARIAM |
ver ... |
dos que |
QUERERIAM |
ver ... |
dos que |
DESEJASSEM |
ver ... |
dos que |
QUISESSEM |
ver ... |
Empregue o verbo PROPOR de acordo com o tempo pedido:
Quando alguém |
PROPUSER |
(futuro do subjuntivo) |
|
Caso alguém |
PROPONHA |
(presente do subjuntivo) |
Questão 10
"Divertir é BOM" (5? parágrafo), mas praticar injustiça é PROIBIDO.
Complete as orações abaixo, empregando os adjetivos "BOM" e "PROIBIDO", respectivamente, de forma correta:
A diversão é |
BOA |
, mas a prática da injustiça é |
PROIBIDA |
. |
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