JF e região perdem mais de 50 hectares de Mata AtlânticaA previsão é de que um total de dois mil hectares seja recomposto até o próximo ano. Minas Gerais apresenta aumento de 15% no desmatamento
Repórter
26/5/2010
Na véspera de ser comemorado o Dia Nacional da Mata Atlântica, em 27 de maio, a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgaram, nesta quarta-feira, dia 26, o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica referente ao período compreendido entre os anos de 2008 e 2010.
Conforme os dados, Juiz de Fora, que tinha originalmente 100% de área coberta pela Mata Atlântica, um total de 145.715 hectares, apresentou decremento igual a 16 hectares desde os últimos resultados, divulgados há dois anos. Atualmente a cidade tem 16.566 hectares de mata nativa.
O decremento foi ainda maior no município de Santos Dumont, que registrou baixa de 21 hectares entre os anos de 2008 e 2010. A cidade, que tinha 64.630 hectares, o equivalente a 100% de sua área, tem hoje 5.969 hectares de mata nativa. Em Chácara, município que apresentava 15.495 hectares de Mata Atlântica, houve perda de 10 hectares. Em Matias Barbosa, dos 15.940 hectares de floresta original, restaram 3.885 hectares, com decremento de 6 hectares entre 2008 e 2010.
Como forma de recuperação e preservação dos fragmentos remanescentes da Mata Atlântica, vem sendo realizada em Juiz de Fora e nas cidades da Zona da Mata por onde passa a Bacia do Rio Paraibuna a recomposição de áreas, com reflorestamento de mata ciliar, nascentes e topos de morro. Entre os municípios beneficiados pelo Projeto de Proteção da Mata Atlântica (Promata), desenvolvido por meio de uma parceria entre a Associação pelo Meio Ambiente de Juiz de Fora (AMA/JF) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF), estão Juiz de Fora, Santos Dumont, Simão Pereira, Bicas, Belmiro Braga, entre outros.
A previsão é de que um total de dois mil hectares seja recomposto até o próximo ano. Para isso, foi elaborado nesta quarta-feira um termo aditivo ao documento que prevê a recuperação das áreas. Segundo o presidente da ONG, Theodoro Guerra, a intenção é que mais 200 hectares sejam recompostos em mais um ano de trabalho, ou seja, até meados de 2011. "O projeto é desenvolvido desde 2008 e, no primeiro ano, 600 hectares foram recuperados. Até o meio deste ano, mais 1.200 hectares serão recompostos."
Outra novidade, de acordo com Guerra, é que a produção das mudas para reflorestamento das áreas será feita diretamente pela AMA/JF. "A partir de setembro teremos mais autonomia e poderemos distribuir as mudas diretamente aos produtores parceiros da iniciativa."
Minas Gerais
Minas Gerais está entre os três que mais desmataram, juntamente com Santa Catarina e Paraná. O Estado tem desflorestamento igual a 12.524 hectares, o que revela aumento de 15% da taxa de desmatamento anual. O estudo foi desenvolvido em nove Estados do país. No último levantamento, a taxa anual de desflorestamento no Estado era de 10.909 hectares. Atualmente, Minas tem apenas 9,64% de seu território coberto pelo Bioma Mata Atlântica. Originalmente, 46% do seu território era coberto.
Com base nos dados, que apontam para desmatamento equivalente a 20.867 hectares de cobertura vegetal nativa de todos os Estados analisados, entre 2008 e 2010, a diretora de Gestão do Conhecimento da Fundação e coordenadora do Atlas, Márcia Hirota, faz um alerta. "O desmatamento continua, por isso é preciso que as políticas públicas que incentivam a conservação e a fiscalização atuem de maneira mais efetiva para garantir a manutenção da floresta e, por consequência, dos serviços ambientais para milhões de pessoas que dependem de seus recursos naturais."
Hirota destaca ainda a responsabilidade de cada cidadão com relação aos cuidados e à preservação da floresta. "Precisamos saber de onde vem a água que consumimos, o tamanho do lixo que produzimos no nosso dia a dia e a proporção do nosso consumo de energia. Afinal, toda nossa atividade causa impacto direto sobre o ambiente e, claro, sobre nós mesmos."