Estacionar nas ruas de Juiz de Fora é tarefa cada vez mais complicadaEstacionamentos rotativos já não atendem à demanda e os privados também estão saturados. Especialista acredita que solução é incentivar o uso de transporte público

Victor Machado
*Colaboração
10/6/2011
Falta vagas nas ruas de JF

A dificuldade de encontrar vagas nas ruas do Centro de Juiz de Fora está cada vez maior. As 867 vagas de estacionamento rotativo, sendo 45 para idosos e 48 para deficientes físicos, já não atendem à demanda. Os estacionamentos privados, que seriam a saída para muitos motoristas, também estão saturados. 

"Não existe vaga nas ruas. Gasta-se mais tempo procurando algum lugar para estacionar do que comprando ou fazendo o que é preciso na rua. Às vezes, sujeitamo-nos aos estacionamentos caros, mas é a melhor solução", afirma o proprietário de uma oficina mecânica, Alexandre Mazzei Leite.

Para ele, a falta de vagas dificulta algumas atividades no Centro. "Se a pessoa precisa pegar uma encomenda é um complicador. Se a gente compra um produto em uma loja da Rio Branco e temos que pegar com o carro, não temos onde parar." Leite afirma que é preciso melhorar as opções de vagas na cidade.

Segundo o funcionário de um estacionamento na avenida Rio Branco, Márcio Antônio Dias, em média 350 estacionam no local por dia. O horário de maior movimento é entre 15h e 16h. Dias comenta que o início de mês chega a ser ainda mais movimentado. "Temos um perfil de clientes que envolve pessoas que trabalham em banco ou consultórios. Mas, no início do mês, quando as contas estão vencendo, o movimento fica ainda maior." Atualmente, o estacionamento trabalha com 28 mensalistas e possui capacidade para 110 veículos. "Nos horários de maior movimento, trabalhamos com lotação completa."

Em outro estabelecimento, o funcionário, Leandro Henrique da Silva, afirma que, por dia, de 300 a 400 veículos passam pelo local. Ao todo, são 32 mensalistas e o perfil dos usuários também é de pessoas que trabalham em consultórios e escritórios de advocacia. Temos capacidade para 78 veículos e temos movimento intenso durante todo o dia. No entanto, o pico é entre 14h e 17h."

estacionamento estacionamento
Transporte público

Segundo Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), existe um projeto de ampliação dessas vagas, cujo número de vagas passará para 1.523. Entretanto, o vice-presidente da Comissão Municipal de Segurança e Educação para o Trânsito (Comset), Mário Jacometti, diz que ampliar a oferta de vagas não soluciona a questão. De acordo com ele, a cidade tende a ter um grande shopping a céu aberto, que inviabilizaria o trânsito de veículos em triângulo entre as avenidas Getúlio Vargas, Rio Branco e Independência. "A tendência é que essa área se torne completamente aberta para o trânsito de pessoas. Dá para perceber isso com a realidade atual da Mister Moore, São João e Marechal."

Para o especialista, a solução está na mudança de sistema de transporte da cidade. "Criando vagas estamos incentivando a população a sair de carro e gera congestionamento. Temos que aprimorar cada vez mais o transporte público." Ele afirma que o fim das vagas, o aumento dos estacionamentos privados e a melhoria no transporte coletivo fariam com que o número de veículos na cidade diminuísse drasticamente. "Temos hoje uma frota de aproximadamente 170 mil veículos. Desses, 115 mil circulam nos horários de pico, que compreendem a carros de outras cidades também."

Outra solução apresentada por Jacometti é a descentralização de serviços. "Atualmente, qualquer pessoa precisa vir ao Centro para resolver os problemas. É preciso que serviços básicos como Correios, bancos e até serviços municipais sejam disponibilizados nos bairros, para evitar a aglomeração de pessoas na região central."

O especialista comenta que é preciso diminuir a necessidade do uso de veículos aleatoriamente e indiscriminadamente. "A situação está caótica. Não existe vaga em lugar nenhum. Por isso, incentivar o uso coletivo, até mesmo dos carros, é uma forma de esvaziar as ruas." Jacometti afirma que é preciso começar a fazer pontes e viadutos na cidade para que criem novas fontes para desafogar o trânsito local.

*Victor Machado é estudante do 7º período de Comunicação Social da Faculdade Estácio de Sá

Os textos são revisados por Thaísa Hosken