Zuleica Mendes ? uma mulher simples, tranq?ila, sonhadora e otimista. Nasceu em Guarani, na Zona da Mata mineira, e veio para Juiz de Fora com quatro anos. Aos 77, considera-se quase de Juiz de Fora, mas faz quest?o de expressar seu amor pela terra natal.
Sua filosofia de vida brinda o sucesso e aceita a dor. "Quando vem o sofrimento tem que saber aceit?-lo. Pensar: por que n?o eu? Toda a humanidade teve seus momentos dif?ceis", diz.
M?e de sete filhos, av? de 20 netos e bisav? de quatro, Zuleica procura manter-se bem consigo para ter condi?es psicol?gicas de ouvir e amparar quem lhe pede aux?lio. "Se quando voc? nasce todos riram enquanto voc? chorava, viva de maneira que quando morrer, enquanto os outros chorem, voc? ria", ensina.
Mulher de opini?o
Zuleica se diz orgulhosa de ser brasileira e
envergonhada do panorama atual do pa?s. "H? muitas contradi?es na
pol?tica, tudo soa falso. Um governo que n?o pro?be cigarro e bebida
alco?lica - v?cios que provocam doen?as s?rias - porque conv?m receber os impostos. Um governo que fecha os bingos, coloca centenas de pessoas nas ruas, mas que
explora raspadinhas e loteria. A hipocrisia pol?tica me incomoda". Ela sonha
com uma mulher na presid?ncia da rep?blica. "Acho que com uma mulher no
comando, o Brasil poderia ser respeitado como pa?s s?rio".
No munic?pio, Zuleica v? a mulher como essencialmente ativa. "Juiz de Fora sempre teve mulheres marcantes. A inesquec?vel Petina de Miranda Teixeira. Na filantropia, tem a Maria Jos? Vilela de Andrade, a Mar?lia Teixeira Leite de Andrade. Hoje, por exemplo, tem a Odete Siamp, uma grande e caridosa alma. Tenho muita admira??o e respeito por ela. A Mirleane Le?o, uma bonita e elegante presen?a na sociedade. E a empres?ria Maria Pires, uma pessoa s?ria e competente", destaca.
A cunhada do poeta Murilo Mendes
Zuleica Mendes viu de perto o desenvolvimento da produ??o de filmes de
Carri?o, estando presente inclusive em algumas grava?es, e lastima a perda
de v?rios rolos do cineastra por m? conserva??o. Em especial, relembra o
registro do baile comemorativo centen?rio de Juiz de Fora e a vinda de Marta
Rocha ? cidade.
"Dona Santinha foi uma companheira maravilhosa do Carri?o, uma grande
incentivadora", diz.
A lembran?a da viv?ncia com o poeta Murilo Mendes, seu cunhado, Zuleica guarda com carinho. "Murilo foi uma pessoa cuja conviv?ncia foi um privi?gio. Ele marcou a vida pela sua simplicidade. O momento em que ele conversava contigo era seu e dele. Ele te dava toda a aten??o. Gostava muito de conversar com ele sobre fam?lia".
Sempre com uma vida socialmente ativa, no in?cio da d?cada de cinq?enta, ela acompanhou, ao lado do marido, o inc?ndio que destruiu o lend?rio Clube Juiz de Fora. "Os s?cios se sentiram ?rf?os". Mas n?o se abateu. "Aprendi com meu marido uma grande li??o: n?o medir a nossa vida pelas trevas. pelas noites sombrias, pelas dificuldades, pelas m?goas. Temos que valorizar os dias em que o sol nasce para gente. Eles s?o mais numerosos".
Mulher empreendedora
Empreendedora, Zuleica fundou a rede de confeitaria V? Sinh?, h? 25 anos. Hoje, as lojas s?o administradas pela filha. A matriarca tamb?m esteve ?
frente de um complexo de lazer, chamado "Murilandia", por dez anos, onde
convivia muito com os jovens da ?poca, hoje, pais e m?es de fam?lia.
Diante da nova gera??o, ela lamenta: "para quem participou ativamente do segundo mil?nio, ? muito triste ver que o terceiro veio com for?a de destrui??o muito grande, que tirou a esperan?a de mundo melhor. J? come?amos o terceiro mil?nio com guerras. Era para o mundo ter avan?ado, progredido, mas ele parece que regrediu". E pede: "o jovem tem que ter muita garra, convic??o de que ele pode melhorar o mundo, sendo participativo em todos os setores da vida, n?o se omitindo".
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