Uma carreira dedicada a salvar vidas

Tenente-coronel Sérgio Ricardo Santos Oliveira começa a imprimir o seu estilo à frente do Quarto Batalhão de Bombeiros Militar, em Juiz de Fora

Eduardo Maia
Repórter
20/09/2013
Tenente Coronel

À frente do comando do 4º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar (BBM) desde o início de setembro, o tenente-coronel Sérgio Ricardo Santos Oliveira (foto ao lado), já começa a trabalhar para implantar ações que aumentem a presença dos oficiais na região. Natural de Belo Horizonte, o oficial deixou o comando do 7º batalhão, sediado em Montes Claros, no final de agosto, para assumir o de Juiz de Fora, que abrange dez pelotões nas regiões da Zona da Mata e Campo das Vertentes.

Em menos de um mês de atuação à frente do comando em Juiz de Fora, alguns de seus atos já permitem classificá-lo como enérgico. Numa ação administrativa imediata, ele já transferiu 26 bombeiros que atuavam na seção administrativa do Batalhão para a área operacional. "Eu já tive condições de realizar essa mudança, claro, onerando outros bombeiros para acumularem alguns trabalhos, mas a intenção é reforçar a atividade fim, que é a operacional. Conseguimos, assim, enxugar a administração", conta.

Sua atuação também pretende ir além dos muros da corporação. O tenente-coronel deseja criar um sistema que permita integrar o atendimento do serviço pré-hospitalar, unidade de Resgate dos Bombeiros, ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A medida vai evitar duplicidade de atendimentos das ambulâncias e facilitar ao cidadão quando tem que acionar o serviço. "Muitas vezes a população não tem um conhecimento exato e ao chamar ficava em dúvida: Corpo de Bombeiros ou Samu? 193 ou 192? A gente quer propor essa integração, pelo menos para o acionamento. Fizemos em Montes Claros com sucesso e vamos iniciar este processo aqui em Juiz de Fora e Zona da Mata", anuncia.

Expectativa

Sobre as expectativas no trabalho em Juiz de Fora, ele já considera as "melhores". "A gente sabe que é uma região promissora, extremamente politizada, cuja tendência é crescer e desenvolver cada vez mais. Minha intenção é trabalhar naquilo que me é afeto, trazendo mais segurança, cada vez mais edificações seguras, tratar as pessoas com dignidade e trabalhando pela prevenção e o combate a incêndios de grande envergadura. Quero tratar a Lei Federal de Prevenção contra incêndio e pânico com a rigidez que ela nos oferece", afirma.

A preocupação de Oliveira no momento é também referente ao número de acidentes no trânsito, principalmente aqueles que envolvem motociclistas. "Temos hoje um grande número de acidentes, talvez pela imprudência. Nós estamos começando a pensar em trabalhar junto às autoescolas, de forma que o motorista saia com um conceito de prevenção. É necessário mostrar a ele os riscos que ele corre, por meio de imagens de acidentes. Mostrar que se ele não tiver cuidado ele poderá ser uma vítima."

O comandante acredita que a minimização dos riscos que envolvem a população pode ser alcançada por meio de conscientização e treinamentos. "Temos trabalhado em blitz educativas, palestras de treinamento, semanas internas de prevenção de acidentes do trabalho nas empresas. Quanto mais pessoas treinadas, mais pessoas teremos aliadas ao nosso trabalho."

A formação

MilitaresA trajetória militar de Oliveira começou quando concluiu o ensino médio, em 1989, e decidiu prestar o vestibular das forças militares. Aprovado para a Academia Militar das Agulhas Negras, do Exército Brasileiro, e para o Curso de Formação de Oficiais (CFO), da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), ele consultou os seus tios, também militares, para se decidir sobre qual o caminho deveria seguir. "Eles me disseram: 'entre para a Polícia Militar, pois o local mais distante para onde você será encaminhado fica dentro do estado de Minas'", conta.

Sua aproximação do Corpo de Bombeiros começou quando a corporação ainda era vinculada à PM. "A minha decisão era ficar na polícia. Ao me formar, fui transferido para o 6º BPM em Valadares. Chegando lá, fiquei longe da família. Eu estava solteiro e pensei em tentar o curso de Bombeiros dentro da corporação para me tornar oficial. Era uma maneira de voltar para Belo Horizonte. Durante o curso e o estágio, eu me apaixonei pelo Corpo de Bombeiros. No ano seguinte, eu já estava engajado nos quarteis de BH. O que me tornou amante mesmo da profissão foi o desprendimento que os bombeiros têm em poder ajudar as pessoas, em situações de risco, que muitas vezes coloca a nossa vida em risco", relata.

Graduado e pós-graduado na área de Segurança Pública e especialista em Gestão Estratégica de Defesa Civil, o militar continuou os seus estudos enquanto oficial da PM, mas em áreas distintas das primeiras. Graduou-se em Comunicação Social pela faculdade Newton Paiva, em Belo Horizonte. "Por muito tempo, eu servi ao Corpo de Bombeiros na área da Comunicação. Foi um aspecto muito positivo para a minha carreira profissional também dentro da corporação", reflete. Sérgio aplicou os conhecimentos do curso em sua passagem pela Seção de Comunicação Organizacional da CBMMG, em Belo Horizonte, assim como foi professor no curso de Formação de Oficiais das cadeiras de Comunicação Social, Comunicação Organizacional e Direitos Humanos.

A teologia e a vida consagrada

O oficial decidiu ainda se formar em Teologia, pelo Instituto Teológico Gamaliel e especializar-se em Capelania Militar. "Sou pastor evangélico e vi a necessidade de me aprofundar nessa área. Estudei Teologia por quatro anos, com a finalidade de conhecer mais sobre Deus, o Evangelho, sobre como cuidar das pessoas e prestar assistência a entidades de modo geral", revela.

A família como peça fundamental e as influências na carreira

Além da paixão pelo ofício de Bombeiro, é pela sua família que o tenente-coronel guarda o seu afeto. Casado há vinte anos com Luciana, professora de Teologia, e pai de Davi, de 16 anos, e de Camila, de 10, ele não esperou muito tempo para trazer os filhos e a mulher para Juiz de Fora. "Meus filhos já começaram a estudar aqui, tiveram até interromper o ano letivo em Montes Claros, mas a gente não aguenta ficar longe uns dos outros. É um pouco penosa essa transferência, mas como foi uma experiência muito boa lá, em Juiz de Fora seremos muito felizes também", diz.

Seus pais também são presenças marcantes na vida do oficial. O casal mora hoje em Barbacena, o que faz com que o bombeiro se sinta satisfeito pela proximidade dos dois. "Facilitou a minha presença na vida deles", afirma.

Sobre as influências que recebeu durante a sua formação, Santos relembra de alguns comandantes gerais que deixaram legados de honestidade e cumprimento de resultados. "Posso citar exemplos como o coronel Honorato, de carreira promissora, o coronel Teixeira, grande idealizador do nosso atendimento pré-hospitalar iniciado em BH. Hoje eu tenho como referência o comandante atual, o coronel Sílvio de Oliveira Melo, pessoa simples, de muito bom trato com a tropa, assim como o coronel Ivan Gamaliel Pinto, Chefe do Estado Maior do Corpo de Bombeiros."

Quando questionado sobre algum lema que leva para a vida, é nos escritos do apóstolo Paulo que se baseia. "Combati o bom combate, terminei a carreira. Guardei a fé". São três pontos fundamentais pra vida do ser humano, fazer tudo da melhor forma possível, seguir até o final e com fé acima de tudo", acredita.

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